Capítulo 5: Parte 1: Oh my God

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Becky

Passei o dia inteiro refletindo sobre a conversa com meu pai, a presença de minha mãe, o modo como Richie me olhou enquanto eu saía daquele escritório. E sinceramente, fiquei triste. Pior do que isso, fiquei com raiva. Com muita raiva. Estou cansada de tentar, cansada de ter que provar para as pessoas quem sou eu, do que sou capaz. Mas sei que não posso desistir agora. Se pelo menos houvesse algo que eu pudesse fazer.

A verdade é que há, posso ganhar o caso da Bit Company, no entanto, estou de mãos atadas, analisei todos os documentos possíveis e impossíveis, fui atrás de empresas, jornalistas, qualquer furo que comprove que Sarocha está dizendo a verdade. Mas não há. Será que ela é louca dessa forma? Ou será que alguém da empresa está traindo ela? Será que há alguém que realmente cometeu o crime pela empresa? Deixando-a levar a culpa.

Se bem que a história que ela conta não faz sentido, se ela é tão dedicada à empresa desta forma, como pode se permitir cair em um golpe tão simples? Se ela está mesmo focada como diz está, como pode não ter percebido os valores saindo e entrando, todos os papéis e acontecimentos, foram quase quinhentos milhões de dólares, um valor assim não é imperceptível de forma alguma. Há algo errado nesta história.

Vou usar a semana que virá para descobrir a respeito disso, esse será o meu foco. Quem sabe assim, minha raiva passe. Estou agora ouvindo uma música, a tarde chega, fiz diversas anotações e preparei toda a semana, com idas a empresa, além de outras coisas do tipo, tudo para alcançar meu objetivo.

Enquanto a música toca, Halsey grita no meu ouvido "feeling so high but too far away to hold me", preciso sair desta depressão em que me encontro, não posso passar os dias trabalhando e chorando. Mas o que eu faria? Como se estivessem me ouvindo em algum lugar, ouço alguém bater a porta. Tenho certeza que é Irin, pelo toque, duas batidas de mão e um chute.

Irin faz isso desde que éramos crianças, ela vinha escondido para meu quarto, quando haviam festas, em um tempo em que esta casa era rodeada de alegria, antes dos segredos, antes de minha mãe se tornar esse fantasma e sabe-se lá mais o quê. Diminuo um pouco o som da música, pedindo para que ela entre. Aproveito e troco de música, está no aleatório e cai em "consequences" da Camila Cabello.

Irin abre a porta, fazendo uma cara estranha, faz quase um ano que não há vejo no meu quarto, fico estranha, um pouco envergonhada, não sei. Ela entrar costumava ser sinal de sorrisos e diversão. Mas a verdade é que Irin não me suporta mais tanto tempo. Ela vinha antes, todos os dias, conversava comigo, tentava, até que foi diminuindo, hoje nos vemos na empresa, e esporadicamente em momentos de encontros familiares. Aquele encontro com Heng para jantar, é tão raro que nem sei. Irin fala:

- Boa tarde, Alexa. Mudar para OMG, da NewJeans. - Imediatamente começa tocar outra música, eu não conheço. Franzo a testa, ela sorri dizendo. - Não dá Becky, como você consegue ouvir tanta música triste, fazem o quê? Uns seis meses que não venho aqui? Você estava exatamente aí, fazendo a mesma coisa.

- Talvez você tenha razão sobre as músicas, mas já fazem quase um ano que você não vinha a meu quarto.

Falo como se não fosse nada. Irin para de sorrir e me olha, ela se senta na cama ao meu lado. Toca minha perna. Joga a bolsa sobre a cama, fechando os olhos. Eu fico olhando para ela. Irin é jovem, bonita, não sei o que faz perdendo seu tempo por aqui. Ela abre os olhos e me olha, sorri.

- Becky tu olha para mim como se você fosse uma idosa e estivesse farta da minha presença, como se minha existência jovem te incomodasse.

Sinto um desconforto, ela sabe exatamente o que estou pensando. Eu sorrio.

The laws of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora