Capítulo 6: Parte 2: segredos

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Becky

O almoço com Seng foi legal, apesar de ele parecer o mesmo de antes, é como se eu tivesse parado no tempo, falamos sobre seus pais, continuam iguais, inclusive ele ainda mora com eles. Além disto, ele se lembra das pessoas do colégio pelos apelidos, como se ainda tivesse por lá. A grande maioria dos apelidos eu não faço ideia de quem seja a pessoa. Não me lembro. Acho que fiz questão de deletar o quão escrota eu fui uma parte da minha vida. 
Pode ser por isso que hoje me esforço tanto no trabalho, para provar que sou capaz. Esse pensamento me atinge com força. Chega a doer, estou no carro de Seng retornando a empresa, iremos verificar as assinaturas na documentação o período de captação de dinheiro e os outros três anos que ficaram pendentes. Provavelmente não conseguirei falar com Sarocha hoje.
Vamos para a sala do Seng, assim que entramos, ele me pede uns minutos e sai para buscar as outras caixas. Nos debruçamos nelas por tanto tempo que fico exausta. Seng é esforçado, ele faz questão de me acompanhar em cada processo. Ele é extremamente competente, logo a pergunta que não quer calar. Mesmo com tudo que ele me mostrou, as explicações, inclusive bem lógicas que ele me deu. Como ele não percebeu quinhentos milhões de dólares entrando na empresa? 
Alguma coisa não se encaixa, mas ele não parece culpado. Me inclino cada vez mais a acreditar que Sarocha é a pessoa que armou tudo isso. Mas não posso tomar decisões precipitadas. Resolvo que vou verificar com Seng quem mais teve acesso a essa documentação ao longo dos anos. Vou ir ao banco também. 

-Seng. - Falo, ele que está concentrado nos últimos papéis que temos para a analisar hoje, levanta a cabeça e me olha. - Você pode me dar a lista de todas as pessoas que poderiam ter tido acesso a essa documentação durante os últimos anos? Além de me passar a relação de nomes dos gerentes que acompanharam a empresa? 

-Gerente. - Ele responde, percebe meu olhar para ele. - A Sarocha faz questão que tenhamos apenas um gerente. Ela não gosta de muitas pessoas envolvidas com suas questões financeiras. E além de Sarocha e eu, existem apenas mais duas pessoas que tiveram acesso a essa documentação ao longo dos anos. Mirtes, a secretária, que carrega a documentação para que ela assine, além de ler e verificar cada documento. E claro meu assistente, Bernardo, você o conheceu na recepção. 

Olho para ele, estou pensativa. São pouquíssimas pessoas, para uma empresa tão grande. É muito trabalho. Muito dinheiro envolvido. Apenas ele e Sarocha estão organizados nisso e seus dois assistentes? Encaro Seng, consigo entender o motivo de ele parecer tão apático, tão cansado. 

-Você não acha que é muito trabalho para apenas quatro pessoas?

-Quatro pessoas? Na verdade, se calcularmos bem, não devemos ser nem duas pessoas com todo esse trabalho. 

-Você deve ser muito bem remunerado, pois é muito trabalho mesmo. Geralmente numa empresa deste porte, são pelo menos vinte pessoas no setor contábil. 

-E era. Tínhamos toda essa gente. 

-E o que aconteceu?

-Há mais ou menos quase seis anos, Sarocha convocou uma reunião de emergência dizendo que precisávamos cortar gastos, me fez uma proposta de aumento de salário da qual não pude recusar na época. - Ele me olha parece envergonhado. - Eu acabei me envolvendo com umas dívidas de jogo. Sabe como é né? - Eu o olho, ele parece triste. Seng realmente parece o mesmo. Não mudou nada. - Mas continuando, assim que ela anunciou corte de verbas, ela aumentou meu salário. E remanejou as pessoas para outros setores da empresa. Todas elas. Não despediu ninguém. 

-Que tipo de corte é esse? - Pergunto me levantando, estou cada vez mais assustada com essa história. - Ela apenas retirou as pessoas do setor contábil? 

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