Capítulo 8: parte 2: Aldrabice

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Olá, recomendação de hoje é ouça Wings - Little Mix. Obrigada mais uma vez Jujubinha!  

FREEN

Acordei mais cedo do que o costume, pois eu teria que ir para o tribunal, seria a primeira audiência de provavelmente muitas. Eu estava naquele exato momento me encarando no espelho e pensando se tudo que eu construí até aqui valeria a pena. Se todos os meus planos estivessem convergindo para algo que realmente fosse meus ideais.

A resposta não vinha à minha cabeça, liguei para minha mãe na necessidade de fortalecer tudo que eu fiz até agora, eu sabia que se eu falasse com ela, tudo poderia ficar bem e foi o que aconteceu. Quando eu desliguei o telefone eu tinha certeza absoluta de que o que eu estava construindo era exatamente o que eu precisava construir.

Depois disso me arrumei com tranquilidade, peguei o carro e partir, não queria me atrasar. Eu nunca quero. Assim que cheguei ao tribunal haviam diversos repórteres na entrada, eu sabia que ainda tinha um pouco de tempo, então resolvi que daria algumas entrevistas. Estacionei o carro, desci e fui em direção às câmeras.

Haviam bem mais repórteres do que em outros momentos, talvez isso seja bom. Respondi ao maior número de perguntas possíveis, todas estavam relacionadas a "Bit company" e ao crime de corrupção. Eu respondi da mesma forma de sempre, já estava sem paciência com tantas perguntas iguais. Será que os jornalistas eram insistentes de propósito ou eram apenas incompetentes?

Olho para o relógio no meu pulso e já está quase na hora, entro no tribunal, passo pelo detector de metais. Entro no elevador, dentro dele há outras pessoas, me olham como se eu fosse uma artista conhecida. Quando mulheres estão no poder elas são muito visadas, desde que atingi o topo sinto que não há um só dia que eu possa errar, nem por um instante. Qualquer erro que eu cometa, por mais simples que seja, inclusive nas roupas que visto, são motivos de estamparem jornais e revistas.

Assim que saio do elevador, já no terceiro andar, sorrio e aceno para todos que estão me olhando, sinto certa angústia no ato. Mas preciso manter a pose, não é hora de perder a postura. De longe eu vejo Rebecca na entrada de uma sala, ela parece angustiada. Olha para mim, finjo não a ver. Mas é quase impossível disfarçar o quanto eu a achei linda naquele terninho cinza. "Puta que pariu Freen". Eu penso sem parar de sorrir.

Quando me aproximo dela, tenho vontade de tocar sua mão, de dizer bom dia, mas ela já começa me cobrando horário, confiro as horas e estou pontual. Essa menina é tão chata. Não faz sentido. Entramos no recinto e ficamos de frente para o juiz, acho tão ultrapassado este formato de espaço de julgamento. Tão mil e quinhentos.

Percebo cada rosto presente em meu caso, a promotora, que apesar de não conhecer me lembro do seu nome estampado em alguns jornais, ela é bonita, de postura confiante. O juiz que é um senhor, já na casa de seus sessenta anos, com seus cabelos grisalhos. Um cara que está acompanhando a promotora, jovem, um espécie de estagiário/ajudante/acompanhante, sei lá. Uma mulher que está digitando tudo que está sendo dito, a escrivã, ela usa óculos de grau, um blazer azul e coque. Me sinto em um filme.

Na plateia algumas pessoas, em sua grande maioria homens brancos, todos de terno. E um grupo de mulheres que estavam com suas cadernetas, sentadas próximas umas as outras, anotando absolutamente tudo que era dito pela promotora e pelo juiz. Ambos ficaram durante muito tempo, trocando papéis, falando, em um tom ameno e bem discursivo.

O juiz em alguns momentos se dirige a Rebecca, perguntando coisas sobre mim, porque ele não fala comigo? Será que eu estou aqui apenas para ouvir e acenar? Pode ser que sim, eu deveria ter perguntado a Rebecca, mas ela não me deu brecha.

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