ENCONTRO

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CECÍLIA FONTANA LOPES

Entro pelas portas duplas de um renomado restaurante aqui no Rio de Janeiro.

Olho minha vestimenta e estou em um clássico vestido, que me deixa elegante e sexy apesar da gestação.

Dou mais alguns passos em meu salto preto até chegar na sala onde ocorrerá o almoço das matriarcas da Onix.

Sei que por ser nova inúmeras dessas mulheres me odeiam.

Imagina ter no mínimo 8 anos de diferença da mulher do chefe, da que manda em tudo, sei que dizem ser injustiça.

Algumas delas pelo que Luiz fofoca para mim eram apaixonadas pelo Eduardo,  e outras queriam empurrar suas irmãs ou filhas para ele.

Isso me causa um pouco de ciúmes.

Um pouco porra, me causa muito ciúmes.

- boa tarde senhora Lopes - o garçom chega me tirando de meus pensamentos perturbadores.

- boa noite - respondo simples e direta, igual meu marido me ensinou, sempre presente, mas ao mesmo tempo Inalcançável.

- pode me seguir irei te levar as demais damas - diz galanteador mas finjo não ter percebido esse tom.

Caminho até um grupo onde está a maioria das mulheres, todas exibindo roupas de marca assim como eu, mas a maioria com o nariz mais empinado do que a cabeça pode manter.

Vim de uma família poderosa, mas ele me encinaram que não tinha que ser esnobe com ninguém, humildade e respeito é  minha mãe em pessoa.

- Ola senhoras - digo chegando e percebendo que algumas me comprometeram por dever.

Me senti pisada, mas não dei  a perceber, só tinha que vencer isso, só aguentar até o final.

Horas se passaram e estamos ainda todas aqui.

Durante as primeiras horas fui o centro da atenção, mas depois de uns minutos não aguentando mais falar sobre bolsas e sapatos, inventei uma exaltao pela gravidez e me isolei  em um canto mais quieto.

Meus olhos passam por essa sala desde o momento que me sentei.

Mas uma coisa que me indigna é o porque todas ignoram aquela moça?

Bem no canto oposto havia uma mulher que parecia triste, e para baixo, sendo ignorada o almoço todo.

Até eu mesma que tive a atenção de todas não me recordo em ter trocado uma simples palavra com ela.

- o que está acontecendo? - me pergunto a mim mesma, e coloco a mão.em meu queixo decidindo se escuto a Cecília Interior e vai até ela, ou tento ser o que todos esperam e fique quieta aqui, apenas me tornando algo a ser admirado.

Suspiro e me levanto da cadeira,  colocando as mãos sobre a barriga e soltando um suspiro cansado.

Se algumas já reclamam do cansaço de um, imagina eu uma jovem que carrega três.

Ando descalça pelos sapatos que já tirei a um certo tempo e sigo decidida até essa jovem mulher.

- boa tarde- digo e ela me olha assustada.

- boa tarde senhorita Cecília...

- senhora- a corto rindo e tiro um leve sorriso dela - a um certo tempo não sou mais senhorita  - falo fazendo careta enquanto passo as mãos sobre a minha grande barriga e ela sorri.

- eu também- diz se levantando e  olho para sua barriga que não tem sinal nenhum ainda de gestação, mas pela sua frase pude entender.

- quantos meses ? - pergunto puxando assunto e a vejo gostar de minha interação, o que me instiga mais, se ela se sente confortável conversando com uma desconhecida o porque das outras a ignorar.

- descobri recentemente, apenas 4 semanas- diz sorrindo- 1 mês- fala e passa a mãos sobre a barriga ficando com um sorriso menor assim que as outras as olham. - mas não é  meu primeiro  filho - fala e eu a olho surpresa- tenho um menino de 2 anos - fala.

- que ótimo cresceram com pouca diferença- falo e ela acena ainda com a cabeça baixa.

Olho em direção das outras que mudam seu olhar quando percebem que eu as encaro.

- não ligue para elas, se você não souber qual foi o último lançamento da Chanel. E um ser ignorante  - falo revirando os olhos e ela sorri.

- Priscila- ela diz sorridente e me estende a mão.

- Cecília  - digo estendendo e ela sorri.

- não precisa se apresentar  senhora todas nós sabemos quem é- fala com respeito.

- injusto eu não saber nada de você, já que sabe tudo de mim - falo sorrindo e ela ri da minha brincadeira.

- sou esposa do encarregado de apagar os rastros das armas - diz ainda mantendo uma distância de chefe e serviçal, coisa que certamente não somos.

- fico feliz em saber disso, quer dizer que seu marido trabalha facilitando a vida do meu - falo a vendo se sentir confortável, e caminho até ela entrelaçando nossos braços. - melhor caminharmos para as curiosas não querer escutar nossa conversa- digo bem baixinho é ambas soltamos um risinho.

- quantos meses já está? - ela pergunta quando aliso minha barriga mais uma vez.

- essa semana faço 4 meses, mas parece que já estou perto de parir - falo e ela ri mais assustada.

- sua barriga está bem grande para quem está de quatro mês- diz assustada é sorrio com sua afirmação

- todos me dizem isso - falo risonha - é  porque aqui são três em vez de um.

Ao terminar a frase posso jurar que seus olhos quase saltaram para fora.

- três.??

Ela fala quase em sussurros e eu confirmo com minha cabeça.

- deve ter sido - ela começa a falar e para e tenta reformular a frase - estranho descobrir isso - falo e sorrio.

- no início sim mais depois, foi normal, me acostumei a ideia - falo e ela assente sua cabeça ainda olhando para minha barriga.

- me permite fazer uma pergunta - digo e ela me encara um pouco quanto assustada.

- sim senhora  - fala me olhando nos olhos e eu apenas continuo a falar.

- o porque delas a ignorarem durante a tarde ? - pergunto e ela engole seco e abaixa o olhar.

- Se eu disse a senhora também não falará mais comigo - ela diz e eu a olho confusa.

- creio que não, mais gostaria de saber - digo compreensiva e  ela Suspira e começa a falar.

- eu tinha um caso com o meu marido, sei que era errado mais eu sempre o amei - fala ainda com o olhar baixo  - ele se separou da antiga esposa, ao qual era amiga delas, por isso não julgo, compreendo sua irá para mim, mas eu o amava, não queria o deixar.

- entendo - digo vendo a complexidade de seu caso, mas eu não a odiaria por ter corrido atrás do amor dela, ele era o errado no início,  ela apenas uma jovem que o amou e quis ficar com o amor da sua vida.

- elas ainda nao falam com você- pergunto e ela acena a cabeça- a quanto tempo - pergunto .

- a uns três anos- fala sentida e eu me viro para ela ficando de frente.

- olha Priscila,  não se preocupe, em mim terá uma nova amiga - falo sorrindo e ela me olha  com um olhar doce e sincero, o unico que vi aqui. E faço questão de rever - meus filhos precisaram de um amigo. E não vejo crianças melhores que a sua para isso, sinto que nossa amizade será ótima - falo e ela sorri - uma ótima amizade que está começando a se criar.



A PROMETIDA - 2° Geração ( HERDEIROS FONTANA) - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora