ESTRANHO

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CECÍLIA FONTANA LOPES

Dou uns passos desinteressada até a parte pé de área em nossa mansão.

Sempre venho para cá durante minhas tardes aproveitar a brisa do mar e o pôr do sol perfeito no horizonte.

Me aproximo das cadeiras de praias e me sento nela aproveitando os ventos frescos da noite.

As luminárias espalhadas por todo quintal e praia deixa o ambiente mais aconchegante.

Me acomodo perfeitamente ajeitando meu vestido soltinho pelo corpo, e vendo o volume da minha barriga muito evidente.

Me encontro em meus seis meses de gestação, esses dias que passaram foram bem desafiadores.

vivo cansada, estressada, mas minha sorte é que Eduardo vem tentando estar o mais presente possível.

Coloco meus pés para cima enquanto observo as ondas do mar no fundo bem agitadas.

Fecho os olhos e respiro o vento fresco que a maré trás até mim.

Sinto um cansaço grande até meus olhos fecharem por alguns instantes.

Acordo assustada, percebe que algumas luzes que se encontravam acessas na entrada da praia até minha casa estão apagadas.

Me levanto com cuidado e observo minha casa que se encontra  com todas as luzes apagadas.

- meu Deus o que está acontecendo? - falo baixo colocando as mãos sobre minha boca e dando passos cuidadosos até uma sombra, que acho que irá me manter até o momento escondida.

Ao dar mais passos, piso em algo macio, olho assustada e tampo minha boca para abafar o grito que sai dela, ao ver uns de meus guardas morto no chão.

- meu Deus- entro em desespero e olho para os lados assustada, Eduardo não está aqui, alguém entrou, e tenho certeza que eu sou o alvo.

Dou uns passos em direção das árvores que temos espalhadas em nosso terreno com o intuito de me esconder, mas acabo avistando na praia uns botes que provavelmente vieram escondidos até aqui.

Pela minha contagem são 3, deve ter mais de dez pessoas aqui, e o pior todas me procurando.

Agacho assustada com a respiração oscilando e seguro minha barriga com toda a angústia que tenho nesse momento.

Eu tenho que me proteger, tenho que proteger meus filhos.

Sinto as lágrimas caindo de forma acelerada em meu rosto.

Escuto passos saindo.

Vejo homens de preto encapuzados, com armas de alto calibre em suas mãos.

- por favor. Que eles não me encontre- sussurro para mim.

Vejo eles procurarem no local onde estava a alguns momentos atrás.

- aqui está quente ainda - um dos homens diz - aposto que ela deve estar por aqui- falo e sinto algo, revirar em meu estômago- vamos se separe, ela está com uma barriga enorme, não vai conseguir ir longe demais.

Fala e sinto que estou prestes a entrar em um colapso de estresse.

Começo a caminhar mais devagar, estou bem proximo deles tenho que tentar me afastar mais.

Caminho em direção ao mar, infelizmente é  o único lugar que eles não estão espalhados, talvez  por pensar que eu não seria doida de entrar.

Eles estão certos, mas pelos meus filhos faria essa loucura.

Caminho devagar pela praia escura, apenas iluminada pela lua, Dou passos tranquilos ainda mais por quase não aguentar o peso da barriga.

Me xingo por não ter trazido meu celular,  mas eu o deixei lá dentro.

- espera e se eu tentar pegar? - penso comigo mesma.

Já estou ferrada,  eles vão acabar me achando uma hora ou outra, e conseguir nadar até o outro ponto, é  suicídio eu não conseguiria.

Engulo seca, pois o medo aumenta.

- você vai chegar, ligar e deixar ligado, ele vai perceber que tem algo errado. - repito para mim, me encorajando.

Suspiro liberando a adrenalina que meu corpo recebe no momento.

Refaço o caminho que fiz com cuidado enquanto vejo eles caminhando por todos os lados.

Pelo menos as aulas de balé me ajudaram em algo, essa discrição ao andar.

Vejo a lateral da casa liberada.

Preciso entrar e pegar o meu celular dentro da gaveta da sala.

É  só entrar Cecília, entrar e pegar o celular.

Suspiro novamente afastando o medo e secando a lágrima que desce delicadamente meu rosto.

E dou passos tranquilo, ando quase agachada segurando minha barriga para me dar estabilidade e me aproximo da gaveta.

Chego finalmente  ao lado vendo ao redor se encontro alguém e não vejo ninguém.

Abro rapidamente e ligo para Eduardo, esperando que ele atenda.

- alô amor - escuto mas antes que eu possa responder sinto alguém me agarrar por tras.

Pego o celular e coloco dentro do meu vestido o escondendo e grito com toda minhas forças.

Para que Eduardo entenda o perigo que estou.

- aaah finalmente te encontramos- diz um homem que vem de encontro a mim, enquanto o outro me segura com força. - calada vadia- diz e esbofeteia meu rosto fazendo o som perpetuar pelo ambiente.

Coloco a mão sobre ele e choramingar enquanto ele ri de mim.

- não precisava apanhar se calasse a boca.

Diz e eu continuo chorar, escuto uns xingamentos bem baixos, e sei que Eduardo está escutando tudo.

- anda leva ela - fala para o homem que me segura com brutalidade- agora tenho tudo que preciso, a irmã daquele verme e a mulher e filhos - diz sorrindo enquanto tampa minha boca e me arrasta  em direção ao mar.

Olho para ele de relance vejo fios brancos, que escapam da máscara que usa.

Tento me mexer mais não consigo, os braços do homem me deixam imóvel.

Vejo que estamos aproximando dos botes que havia visto e começo a me desesperar mais.

- não por favor me deixem - falo chorando e eles apenas continuam rindo ao me jogar de qualquer jeito nos barcos.

Quando me jogam sinto o celular cair de entre os meus seios onde estavam.

Corro e os coloco em uma mochila que vi na lateral.

Preciso deixar ligado para que Eduardo me encontre, preciso que ele me ache antes que seja tarde demais.

Antes que eu pense em mais alguma coisa sinto algo em minha boca tampando que vai me deixando adormecida.

- Eduardo- falo quase não consigo mais - preciso de você amor.

A PROMETIDA - 2° Geração ( HERDEIROS FONTANA) - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora