Capítulo 08 - ❝Família❞

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          Me levanto e me visto, observando o peito do Kaulitz subir e descer, tentando controlar ao máximo sua respiração. Paro na frente do seu espelho fechando o botão da calça e arrumando o cabelo, como se nada tivesse acontecido.
          Quando estava saindo, prestes a abrir a porta, o maior surge atrás de mim segurando a porta fechada. O olho e dou um sorriso tão imoral quanto o seu. Era legal brincar esse tipo de jogo com ele, quero ver até quando ele aguenta.

- Não pode tocar - murmuro olhando para a sua boca.

- Já passou dos dez minutos, Fritz - murmura de volta.

          Uma mão sua tomou a lateral do meu rosto, acariciando minha bochecha com o polegar. Lentamente ele então se aproximou, comigo fechando os olhos e esperando, sentindo seus lábios tocarem o canto dos meus.

- Acho melhor você sair primeiro - diz contra minha boca, se afastando por fim.

           E é isso que eu faço, o empurro e abro a porta, caminhando de volta pra sala, onde todos me olham curiosos. Caminho até minha camisa e a visto de volta ao ver que o restante já estava vestido também.

- Que foi gente? - indago me esticando até meu celular que tava jogado no sofá.

- E ai? Tocou ou não tocou? - pergunta Alex e na hora sinto meu rosto esquentar. Oooh se tocou.

- Não - viro pra eles - O amigo de vocês é bem controlado - sorrio e então olho pro celular.

          Tinha uma mensagem da minha irmã. Primeiro ela surtando com eu ter entrado na banda. Segundo ela me mandando voltar pra casa logo porque nossos pais estão putos da vida. E foi então que me lembrei que, além de ter fechado a loja mais cedo, nem fui eu que fechei a loja. Puta merda, me fudi.

- A gente precisa ir, agora - junto as minhas coisas meio desesperada, vendo Tom chegar secando as mãos na propria camisa.

- Aconteceu alguma coisa? - Bill perguntou preocupado, se levantando.

- Aconteceu que eu fechei a loja mais cedo e não tava em casa pra explicar pros meus pais o porquê, então eu meio que to na merda - coloco a bolsa no ombro e olho pra Alex que já estava de pé junto a sua bolsa também - A gente vai se falando, até depois pessoas - e então saímos.

          Alex fez de tudo pra chegar o mais rápido possível, até ela tava com medo do que poderia acontecer. No carro, enquanto a ruiva cortava não sei quantos outros carros, eu avisava Nana que estava chegando e pedia pra ela manter os dois calmos da forma que podia, o que eu sabia que não adiantaria muito, mas não custava nada tentar.
          Ao parar na frente da minha casa, Alex tira a chave da loja da bolsa e me entrega, comigo agradecendo tanto por ter fechado a loja quanto por ter me trago.
Saio do carro e corro até a porta de casa, entrando e encontrando o maior fuzuê, da minha mãe e minha irmã brigando. E eu falando pra ela tentar manter eles calmos.

- Boa noite - digo com um sorriso amarelo, deixando as chaves no chaveiro e tirando os tênis.

- Boa noite, Lianna? Boa Noite?! - praticamente gritou minha mãe, me levando a me encolher - Você sumiu, garota, sumiu! O que você tem na cabeça?

- Eu tive um compromisso urgente agora de tarde, desculpa - falo adentrando mais a sala. O rosto da minha mãe chegava a estar vermelho de raiva.

- O que é mais importante que seu trabalho? O que é mais importante que avisar seus pais que você iria sair mais cedo? - esbraveja, o cenho raivoso e as mãos tremendo. Eu realmente a tinha irritado.

- Eu tenho coisas importantes além disso, mãe, tenho amigos, uma vida fora do seu controle - digo de volta deixando a mochila no chão.

- Fora do meu controle? E desde quando eu tenho controle sobre qualquer coisa que aconteça debaixo desse teto?

- Sempre teve - respondo rapidamente com o cenho franzido - Sempre, controlou Leona pra ser a filha perfeita, controla o papai pra fazer as suas vontades, controlava minhas vontades a minha vida toda, você me privou daquilo que eu mais amava fazer porque a sua vida é tediosa e você achou que a minha tinha que ser também.

- Lia... - meu pai deu o passo a frente, tentando intervir.

- Não, deixa ela falar, Desmond, deixa, fala menina mimada que sempre teve o que quis - ela o interrompe, com ele suspirando e se afastando de novo.

- Você me privou de tocar, me privou as amizades, privou até mesmo os dias da semana que posso sair, o horário, quando posso usar o carro que o papai deu pra Mim e pra Leona, e no fundo, todos nós sabemos que você não queria isso porque significava eu ter liberdade, a mesma liberdade que você dá pra Leona.

- Vocês duas têm liberdades iguais.

- Não, eu tive que conquistar a minha liberdade, mamãe, já ela recebeu de mão beijada, porque a filha perfeita tem que aproveitar a vida, não é? - os olhos de Leona então se abaixaram. Eu não tinha raiva dela, eu tinha da minha mãe - E quer saber? Eu fico muito feliz por ter Conquistado minha liberdade, muito obrigada por isso, mamãe, sério - digo batendo palmas.

- Não seja cínica, nunca te faltou nada e mesmo assim entrou nessa vida de rebeldia, saindo escondida pra beber, roubando o carro do seu pai, matando aula...

- Tudo porque você me privou! - praticamente grito - Eu pedia, pedia e pedia e toda vez era a mesma resposta, dona Meria, não, não, não, sempre era não, você achou mesmo que eu ficaria pra sempre só recebendo não e não fazendo nada?

- Você é minha filha, deve me obedecer, me deve respeito...

- E enquanto eu morar debaixo do seu teto, são suas regras, não é? - arqueio uma sobrancelha, cruzando os braços - Ótimo - pego minha mochila e subo correndo as escadas.

          Abro a porta do meu quarto e atrás dela pego uma bolsa maior, onde começo a jogar o máximo de roupa que posso e mais algumas coisas que não deixaria para trás.

- Você não pisa fora dessa casa, Lianna.

- Não só piso fora, como nunca mais entro, Meria - e então vou até minha guitarra, colocando as alças nas costas, com a mochila em um ombro e a bolsa no outro - É só dizer o que você tá louca pra dizer - paro na frente dela, esperando atentamente.

- Se você não vai seguir as minhas regras na minha casa...

- Meria/Mãe - minha irmã e meu pai falaram em uníssono logo atrás dela, os quais ela ignorou.

- Não quero que entre aqui nunca mais - eu apenas concordo, sentindo lágrimas molharem meu rosto.

          Sem dizer nada passo por eles, escutando meu pai começar a brigar com a minha mãe, enquanto o mesmo vinha atrás. Assim que piso perto da porta, eu paro suspirando. Se eu sair, vou ser oficialmente sem teto. Me viro e vejo minha irmã me olhando com os olhos vermelhos, suplicando para que eu não saísse.
          Assim que meu pai surge na curva da escada, o olho e sorrio, ele então para, com um olhar que destroçou meu coração.

- Eu passei - concordo com a cabeça - Eu faço parte de uma banda agora, pai, foi por isso que fechei a loja mais cedo hoje - jogo a chave da loja em cima do móvel ao lado da porta e então saio, andando em direção nenhuma, só me afastando ouvindo meu pai me berrar pela rua.

           Se para seguir meu sonho isso tem que acontecer, por mim tudo bem, eu não me importo. Era pra ser o dia mais feliz da minha vida, mas parece que agora vou sempre lembrar como o dia que minha mãe me expulsou da nossa família.


❝Live Every Second❞ | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora