Capítulo 20 - ❝Felicidade❞

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        Eu estava parada a alguns minutos na frente da casa dos meus pais, as luzes acesas denunciavam que ao menos alguém estava em casa. Não tinha avisado que iria, nem mesmo sabia se iria realmente entrar, eu apenas pensava se valia a pena me submeter a mais uma dor de cabeça.

       Mas eu sentia falta, podia não chorar mais todas as noites, mas ainda sim sentia falta ao acordar e não ouvir a voz da minha mãe brigando com a minha irmã sobre algo ou meu pai na sala assistindo o noticiário. Queria ter um contato com eles que não fosse pela minha irmã, mesmo que fosse minimo, queria dividir minhas alegrias com eles.

         Respiro fundo e olho ao redor. A rua vazia me fazia questionar a quanto tempo estava dentro do carro, fitando a casa simples de dois andares. E então saio, dando uma leve corrida até a porta, onde, relutante, aperto a campainha. Escuto os burburinhos do lado de dentro e então a voz masculina dizendo que já estava vindo. Dou mais um olhada ao redor, a noite escura e mais quente do que da ultima vez que estive nessa porta, ninguém passando na rua, apenas minha respiração medrosa e minhas mãos com os dedos tamborilando minhas coxas em total sinal de nervosismo. Principalmente quando a porta se abriu, e a claridade de dentro da casa iluminou as feições cansadas de meu pai, os olhos mais cansados que antes, tristes e melancólicos, a pele clara continuara a mesma, assim como o restante, exceto pelos olhos.

- Oi pai - sorrio curto para ele que me olhava aliviado.

           Sem dizer nada, o homem se aproximou me abraçando, um abraço cheio de saudade e carinho que me aliviou o peito.

- Minha menina - se afastou segurando meu rosto com as duas mãos - Como está linda.

- Faz só dez dias - acabo rindo um pouco nervosa.

- Não me importa, me pareceu uma eternidade - o sorriso largo em seu rosto parecia iluminado, explodindo em sentimentos alegres - Vem, já estavamos indo jantar - me dá espaço para entrar - Até porque é perigoso que saia assim agora - completa conferindo a rua, me levando a soltar uma breve risada.

        Entro e na hora o cheiro de comida caseira, que eu não comia a dias, invadiu minhas narinas, aquecendo o peito assim como o calor que fazia dentro de casa. Aqui sempre fora quente, caloroso, de maneira controlada claro, era aquele quentinho que ninguém sabe explicar, apenas sentir, e não era incomodo mesmo nos dias mais quentes.

- Ela... Está em casa? - pergunto um pouco mais baixo ao meu pai fechar a porta e passar por mim, o vendo concordar.

- Mas ainda é sua mãe, não vai te negar um prato de comida - e passa a andar em direção a cozinha, comigo no encalço.

        Nada tinha mudado, os mesmos cheiros, os móveis nos mesmos lugares, as mesmas flores, as fotos nas paredes, as quais ela não tinha me cortado ou queimado a minha cara, me levando a questionar se realmente ela seria capaz de me negar sequer um prato de comida.

        Ao parar na porta da cozinha, o olhar das duas mulheres presentes se voltaram para mim, com as mãos nos bolsos da calça, olhando atentamente, principalmente, para a mais velha que não havia mudado um fio de cabelo sequer. De canto de olho, vi Leona sorrir, provavelmente pela minha coragem de vir até aqui, principalmente com as recentes notícias do quão megera eu sou.

- Leona, coloque mais um prato na mesa - ordena a mais velha, mudando a direção do olhar para qualquer outro lugar.

      Assim minha irmã faz, lançando uma piscadela ao pegar outro prato e pôr no lugar vago. O silêncio se instaurou por minutos enquanto as duas terminavam de arrumar a mesa, com meu pai conferindo a janta.

      O jantar então foi posto, comigo me sentando no lugar que sempre me sentei, frente a Leona que fez o mesmo. Continuando com o silêncio, o primeiro a se servir foi meu pai, então minha mãe, Leona e por último eu, começando a comer sob a tensão do que todos queriam falar, mas ninguém tinha coragem.

❝Live Every Second❞ | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora