Tínhamos chegado há algum tempo no local do show, repassamos o som e fizemos um ensaio rápido antes de irmos nos arrumar. Em momento nenhum tinha trocado muito mais que meia dúzia de palavras com Tom, que também parecia não querer insistir.
Após estar maquiada e com o cabelo pronto, fui me trocar. Uma calça jeans um pouco larga, uma camisa branca um pouco apertada, mas não o suficiente para incomodar com os piercings, e que deixava uma faixa da barriga à mostra. Ao sair do trocador, vejo o camarim vazio, com Tom encostado na mesa onde tinha as minhas coisas, incluindo o tênis que eu usaria. Me aproximo quieta, os olhos pesados com a maquiagem não ousaram olhar tanto para ele passar pelo mesmo, sentindo o cheiro que já tinha guardado na memória a tempos. Pego os tênis e me afasto de novo, me sentando sobre o sofá para calça-los.
- Vai ficar com raiva por quanto tempo? - questiona um tanto sério, seguindo meus movimentos com os olhos.
- Até você me pedir desculpas - respondo rapidamente, não querendo papo. Eu realmente estava com raiva dele, mesmo que chateada ou triste fossem as palavras mais certas para serem usadas.
- Desculpas? - de esguelha o vejo franzir a testa, em um lapso de sanidade.
- Sim, quando se erra em algo se pede desculpas, perdão - me levanto após terminar de por os sapatos - Deveria me pedir desculpas.
- Desculpa - os olhos suplicando para que eu as aceitasse e eu queria gritar que o desculpava, mas não podia, não quando eu não sabia pelo o que exatamente o Kaulitz se desculpava.
- Por ter falado que eu não era da banda ou por achar que eu te traia com seu irmão? - digo a última parte quase em um sussurro, indo até o espelho, com o silêncio se tornando companhia - Quero suas desculpas sinceras, Kaulitz, não comigo te lembrando de pedir desculpas.
- Eu fiquei com ciúmes, ok? - se aproxima, comigo olhando para si pelo espelho.
- Por motivo nenhum...
- Nenhum? - me interrompe me virando para si - Você e meu irmão desde o inicio eram próximos, você nem mesmo ousava se sentar ao lado de qualquer outro que não fosse do dele e eu via.
- Via o que, Tom? - questiono no mesmo tom, da mesma forma que ele falava comigo, não de forma agressiva, mas firme e um pouco mais alto - Que eu e o Bill estávamos virando amigos?
- Meu irmão gostava de você, Lianna.
- Não gostava, sua anta estúpida - rebato rapidamente - Ele só queria que eu estivesse por perto porque dizia ver alguma coisa entre a gente, queria fazer a porcaria de um teste.
- Um teste? - questiona sem entender.
- É, seja lá o que isso signifique para ele - respondo com o cenho franzido - Devia perguntar, porque eu nunca consigo arrancar muita coisa, agora se me dá licença, o show logo começa, a gente vai se atrasar.
Me desvencilho de sua proximidade e saio do camarim.
Ao lado do palco, pego minha guitarra e começo a me arrumar sob o olhar atento dos meninos que perceberam minha cara não muito feliz, acreditava que todos já sabiam o que tinha rolado e escolheram não tocar no assunto.
O show começou como todos os outros, comigo fingindo de forma convincente que estava tudo bem, evitando ao máximo olhar para Tom, que fazia o mesmo pelo o que havia percebido. Assim como ele, eu me sentia completa em cima do palco, me sentia eu mesma na minha forma mais pura, então em pouco tempo de show era como se nada daquilo tivesse acontecido, minha alma jovem e restaurada, como se nada nunca tivesse acontecido, como se eu vivesse em cima dos palcos e nada mais me abalasse.
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❝Live Every Second❞ | Tom Kaulitz
Novela JuvenilLianna é uma garota de 18 anos que sempre sonhou em viver de música, barrada de seus sonhos pelos pais que não viam futuro nisso. Seu futuro então muda quando, em uma noite, ela conhece Tokio Hotel, uma das mais famosas banda de rock emo da Alemanha...