Passei mais um dia no hospital, o suficiente para os médicos terem certeza que físicamente eu estava bem, e psicologicamente também, com uma longa conversa com um psicologo seguido de um psiquiatra acontecendo. Foi esclarecedor de certa forma, falar com um profissional que soube porque certas coisas aconteciam comigo, porque eu era tão propicia a fazer coisas desse tipo, então realmente não reclamei quando tive que passar mais tempo naquele lugar rodeado de morte.
Naquela mesma conversa com o psicologo, ele induziu que seria bom participar de frequentes sessões de terapia, nem que fosse um vez por semana e no momento aceitei, não poderia ser tão ruim dividir minha vida com um estranho e entender minhas crises.
O psiquiatra por sua vez avisou para todos me manterem longe de bebidas, e que se fosse possível eu ir a uma ou duas reuniões de Alcóolicos Anônimos seria bom para ter um choque de realidade, para ter noção do quanto o consumo do alcóol sem controle pode destroçar a minha vida. Ele claramente não falou isso na minha frente, mas não era como se Tom ou Alex conseguissem manter isso em silêncio. E novamente apenas aceitei e concordei, não tinha porque correr, talvez realmente fosse me fazer bem ver essa realidade.
Quando saímos fomos todos para a casa do meu pai, talvez fosse melhor, disse Leona, já que a casa dos meninos ainda poderia carregar lembranças desconfortaveis para todos, então apenas aceitei.
No momento eu estava no meu quarto, sentada na cama com um quadro na mão. Tinha entrado ali para tomar um banho e tirar o cheiro de hospital de mim, enquanto o pessoal decidia o que pedir pra jantar, o que poderia ser um erro deixar meu pai sozinho com aquele bando de louco, mas apenas subi tentando pensar que ele só ignoraria tudo o que fosse diro.
A uma moldura era um pouco antiga com quatro fotos e costumava ficar na minha mesa de cabeceira. A foto da esquerda cima era engraçadinha, com uma eu de no máximo 5 anos inclinada sobre a mesa da cozinha com um largo sorriso e completamente suja de chantili, chantili esse que estava completamente devastado no bolo a minha frente, e logo atrás de mim tinha a Leona de 7 anos, olhando com a boca aberta parecendo com raiva por eu ter destruído o bolo.
A foto debaixo era mais fofa e dessa vez tinha um individuo a mais. Era eu, Leona e Alex, nós três usando fantasias dos ursinhos carinhosos, Alex usava o rosa, Leona um roxa e eu um azul, todas fazendo poses engraçadinhas.
Logo acima, na direita mostrava Leona com seus dois anos "segurando" um bebê, vulgo eu, enrolada em uma manta azul que tinhamos até hoje.
E a ultima, mas não menos importante, na verdade, a mais sentimental para mim, era de uma mulher, de longos cabelos loiros claros, sardas pelo rosto oval e olhos mel gentis que olhavam para uma garotinha de no maximo um ano, vestida de um vestido azul cheio de pequenas rosas e duas maria-chiquinhas douradas na cabeça. Por deus, como eu era cabeludade. E por deus, quanto tempo não olhava para essa foto.- Escolheram pizza, tudo bem? - a voz da minha irmã me tirou dos devaneios, a acompanhando se sentar ao meu lado com os olhos. Eu apenas concordo - Eu lembro desse dia - apontou para a foto do bolo - Fiquei muito brava com você, sério, eu tava muito ansiosa pra hora do bolo e você simplesmente meteu a cara nele.
- Em minha defesa - levanto o indicador, indicando que me explicaria - Eu também estava ansiosa pra comer o bolo, eu acho - murmuro o final a ouvindo rir.
- Lembra daquela vez que a gente foi pra casa da tia Edina com os outros primos e você insistiu em levar a Alex?
- Como esquecer, ela ficou tão vermelha quanto o proprio cabelo quando a Camile chamou ela água de salsicha - rebato voltando o quadro pro criado mudo.
- Eu tenho a foto daquele dia ainda, os primos todos juntos deitados nos colchões na sala, naquele frio de fim de ano - ela deu um largo sorriso, parecendo gostar do que lembrava. Foi uma época boa - Eu não sabia como a tia Edina aguentava aquele tanto de sobrinho naquele apê minúsculo.
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❝Live Every Second❞ | Tom Kaulitz
Teen FictionLianna é uma garota de 18 anos que sempre sonhou em viver de música, barrada de seus sonhos pelos pais que não viam futuro nisso. Seu futuro então muda quando, em uma noite, ela conhece Tokio Hotel, uma das mais famosas banda de rock emo da Alemanha...