Capítulo 55 - ❝Casa❞

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.-Lianna Fritz-. 

   Dois dias tinham se passado e nada tinha mudado para mim. Era horrivel me ver presa a poltrona da sala do meu pai, olhando fixamente para um ponto perdido do cômodo como se algo existisse ali.

    A reação do meu progenitor ao meu ver foi o susto, ele havia me visto assim apenas uma vez na minha vida e isso demonstrava o quão perdida e fodida psicologicamente eu estava. 

    Nenhuma notícia sobre meu termino com o Tom tinha surgido na mídia até então, sequer sabia se ele tinha contado ao Aaron sobre o que aconteceu, afinal não tive contato com nenhum deles nesses dois dias, então talvez, no fim das contas, quem vai contar isso pro nosso agente vá ser eu mesma.

    Nesses dois dias que estou na casa do meu pai, Leona não foi uma única para a casa dos meninos, passou todas noites comigo mesmo que eu virasse todas elas chorando ou escutando música. Ela parecia entender porque eu tinha tomado aquela fatídica decisão, entendeu provavelmente pelo bem da minha sanidade mental, se é que eu ainda tinha. De qualuqer forma agradecia ela estar comigo.

     No momento eu estava sozinha em, Leona tinha ido para Berlim com o papai, era aniversário da tia Edina e ela quis que fossemos passar com ela, acho que provavelmente pela culpa de ter perdido tantos aniversários longe da minha mãe, não sei ao certo. Eles insistiram muito para eu ir, principalmente por voltarem só no dia seguinte, contudo eu não quis ir. O porquê nem eu sabia direito, mas eu realmente me neguei a todo momento a sair de casa, aproveitando a saída dos mais velhos para enxer um copo de whiskey e me sentar sobre a poltrona, a qual muito provavelmente já tinha o formato da minha bunda desenhada.

    E novamente o silêncio cortante. Era horrivel, odiava os momentos que a casa ficava silenciosa o suficiente para o som da minha respiração me irritar, mas não tinha nada que eu pudesse fazer, exceto beber.

    Evitei o fazer nesses dois dias, esperando minha irmã e meu pai dormirem para isso, como se eu fosse uma criminosa. Entretanto, tinha meus motivos, sabia que se Leona me visse bebendo provavelmente teria uma gritaria sem fim e a probabilidade de eu apanhar era muito grande, mesmo que não prezasse pela minha integridade física interna, prezava pela externa, afinal, em menos de cinco dias tinha uma turnê e não seria muito legal aparecer toda roxa.

    Mas para meu azar, após três copos, vejo a garrafa de whiskey 20 anos do meu pai completamente seca. Droga. É tudo o que penso me levantando meio tonta e indo em direção a entrada da casa.

     Uma curiosa cena se repetia, uma eu curvada sobre a pequena combuca de tralhas no hall de entrada procurando pela chave do carro da Leona. Mas diferente da outra vez, ninguém abriu a porta, minha mãe não estava ali para me repreender, Leona não estava ali para me impedir, na verdade, não tinha ninguém ali para me impedir, afinal, eu sou uma mulher adulta, sei o que faço.

     Não demorou muito e eu já estava dentro do carro, as janelas abertas faziam o ar cortante ventilar o veículo todo e esfriar meu rosto quente enquanto eu cantava a plenos pulmões Total Eclipse of The Heart, a primeira música que começou a tocar assim que liguei a rádio. Eu não me importava com o volume, não me importava se minha garganta doeria após a cantoria, apenas sentia a letra e batucava o volante no ritmo, e sinceramente, eu não ter batido o carro durante o trajeto até a conveniência 24hrs foi um milagre.

     Os passos um tanto tropeços para dentro da loja me levaram até a estante de bebidas, pegando duas garrafas de vodka. Andei mais um pouco dentre as prateleiras e me lembrei que Leona estava reclamando cólica mais cedo, então decido pegar algumas cartelas pra deixar guardado em casa, assim como remédio simples para dor de cabeça e dor no corpo, coisa que eu sabia que sentiria no dia seguinte. 

❝Live Every Second❞ | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora