Era madrugada, Alex e Leona já tinham ido embora, todos já dormiam e eu estava aqui, chorando o mais silenciosa que conseguia, olhando pro teto. Eu estava feliz, tava realizando um sonho, tinha feito amizades incríveis. Eu estou feliz. Mas a dor de não estar em casa com os meus pais parece ser muito maior, eu queria que minha mãe só aceitasse, me aceitasse do jeito que eu sou. Tudo que eu queria era estar em casa e receber um abraço caloroso dos dois de aniversário como eles fazem todas as vezes, mas agora minha casa eram eles, caras que conheci a menos de um mês e que pareciam se preocupar comigo como se me conhecessem a anos.
Solto um soluço e tampo a boca com a mão, com intuito de abafar. Fazia isso todas as noites que não conseguia dormir e acabava chorando copiosamente até pegar no sono, e todas as noites eu torcia para que ninguém escutasse.
Atenta, escuto a porta do quarto abrir, me levando a limpar o rosto e olhar pra porta. Tom, vestindo só uma calça, os dreads amarrados e bagunçados, por provavelmente ter feito de qualquer jeito. Ele não disse nada, só fechou a porta de novo e se aproximou, pedindo um espaço na cama, a qual dei, chorando ainda mais quando o senti me abraçar. Ele passava a mão pelo meu cabelo tentando me acalmar, como se faz com uma criança quando se machuca.
Não dizia nada, apenas ouvia seu coração bater forte, a mão quente me abraçando enquanto a outra afagava meus cabelos, e eu só sabia chorar. Era patético, de certa forma, chorar na frente dele, mas ele não parecia se importar nenhum pouco.
- Desculpa se te acordei - murmuro depois de longo tempo, depois de me acalmar.
- Tá tudo bem, eu não tava conseguindo dormir mesmo - murmura de volta, não me soltando.
- Posso perguntar uma coisa? - questiono tentando encontrar seus olhos, mas percebo que ele os mantinha fechados, respondendo apenas com um resmungo - Aquele dia, em que pegou na minha mão...
- O que que tem?
- Por que você fez aquilo?
- Tava com medo - rebate me fazendo soltar um riso nasal, me aninhando no abraço. Quente, confortável.
- A gente estava assistindo romance, Tom.
- Romances me dão medo - fala e não pude conter o riso.
- Eu to falando sério, Kaulitz.
- Eu também, Fritz, imagina ficar com uma pessoa só pro resto da vida, pra mim isso é um filme de terror - fala em meio a uma risada breve, a qual não reajo.
Então era isso, não passaria de pegação. Ao menos colocaria isso na minha cabeça antes que fosse tarde demais.
- Romances mentem - murmuro de olhos fechados, tentando me afastar, mas seu braço sobre minha cintura me impede.
- Todo mundo mente - murmura de volta.
E assim eu adormeci, enlaçada naquela verdade que daria um jeito de deixar muito bem registrada na minha mente, assim como o perfume inebriante do guitarrista.
Quando acordei, Tom já não estava mais lá, apenas a marcada de onde estava moldando o colchão o cheiro forte de seu perfume. Respiro fundo olhando para o teto, com a lembrança curta da conversa que tivemos antes de eu simplesmente dormir. Antes tarde do que nunca.
Me levanto e vou lavar o rosto, indo até a cozinha, onde encontro os quatro tomando café. Não digo nada, apenas me sento em um banco e me sirvo de café. Logo iriamos sair desse apartamento e ir para a casa, então eu precisava de energia, e melhor, precisava tirar da cabeça o garoto dos Dreads que olhava para mim nesse instante.
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❝Live Every Second❞ | Tom Kaulitz
Ficção AdolescenteLianna é uma garota de 18 anos que sempre sonhou em viver de música, barrada de seus sonhos pelos pais que não viam futuro nisso. Seu futuro então muda quando, em uma noite, ela conhece Tokio Hotel, uma das mais famosas banda de rock emo da Alemanha...