Sentia meu corpo todo formigar, os olhos pesados enquanto meus dedos das mãos se encontravam gélidos. Fazia algum tempo que eu tinha desligado meu celular na intenção de não falar com ninguém, viver minha vida um pouco sozinha, sem ninguém pra me mandar ou me salvar como se eu fosse a porcaria de uma princesa indefesa.
Não sabia quanto já tinha bebido, nem a quanto tempo exatamente estava ali, só sei que meu corpo já estava mole e a cabeça calma, porém pesada. Olho ao redor e o local já tinha enchido, não reparando se alguém sabia quem eu era, e também não me importava, queria que não reconhecessem.
Meus olhos então se voltaram para o outro lado do balcão, vendo Michael voltar para minha frente. Meus olhos diminuíram conforme o olhei e sorri, dando mais um gole na bebida, essa que tinha sumido do copo.
- Lia, você precisa ir, está ficando tarde - anuncia puxando o copo da minha frente.
- Só mais uma, por favor - peço juntando as mãos.
- Não, você precisa voltar pra casa - em resposta apenas faço careta, pegando minha bolsa e tirando a carteira.
- Sabe me dizer quantas eu bebi? - pergunto abrindo a carteira, o ouvindo suspirar mesmo com tanto barulho ao redor.
- Duas cervejas e...- parou parecendo contar.
- Bebi tanto assim? - questiono me levantando, sentindo o mundo girar - Acho que sim. Olha, vou deixar o que eu tenho, qualquer coisa da próxima vez eu venho e não pago - tiro então duas notas quaisquer da carteira, não conseguindo ver direito, às batendo no balcão, o vendo empurrar uma e ficar com a outra - Bom garoto, Michael.
- Quer que eu chame um táxi? - pergunta guardando o dinheiro no bolso.
- Não, eu vou andar até a avenida e pegar um ônibus.
- Lia...
- Tá tudo bem, eu tô leve - abro os braços sorrindo - Boa noite, Mike - e saio andando sem ouvir se ele havia respondido.
Meus pés se arrastavam pelo concreto da calçada, andando calmamente com a lua me fitando enquanto os postes iluminavam meu caminho. Eu não sentia muita coisa e também não tinha muita noção de direção, o que talvez tenha sido um erro não ter aceito um táxi, comigo as vezes parando e olhando ao redor, tentando me lembrar do caminho.
Eu tinha em mente que precisava voltar a estar minimamente sóbria, mas nem mesmo uma garrafa de água eu tinha comprado antes de sair. Então sem muita saída, resolvo acender um cigarro, dando o primeiro trago e voltando a andar, tentando manter os passos firmes para não ser um alvo facil.
Não tinha certeza de quanto tinha andando, não ter noção das coisas estava começando a se tornar bem comum na verdade, mas ao olhar redor percebo que não estava perto do centro, me levando a bufar pegando outro cigarro e o acendendo enquanto dava meia volta, dando de cara com um grupo de adolescentes, da minha idade provavelmente, com algumas garotas e garotos. Apenas resmungo e olho ao redor de novo, tentando me lembrar de onde eu tinha vindo.
- Puta que pariu - murmuro voltando a fazer o caminho que fazia, apertando os braços contra o corpo por conta do vento gelado que passava, ou então eu que estava com os sentidos muito aguçados, afinal era início de verão.
- Boa noite - escuto uma das garotas dizer, parecendo se aproximar, me levando a apenas ignorar querendo continuar meu caminho - Com licença - chama de novo, mais perto e tocando meu ombro, me fazendo a parar - Eu disse que era ela.
- Puta merda, não é que é mesmo?! - a outra garota diz, se aproximando.
- Meu caralho mesmo - murmuro, olhando para elas e sorrindo, tentando parecer o mais sóbria possível - Boa noite, posso ajudar vocês?
VOCÊ ESTÁ LENDO
❝Live Every Second❞ | Tom Kaulitz
Ficção AdolescenteLianna é uma garota de 18 anos que sempre sonhou em viver de música, barrada de seus sonhos pelos pais que não viam futuro nisso. Seu futuro então muda quando, em uma noite, ela conhece Tokio Hotel, uma das mais famosas banda de rock emo da Alemanha...