Capítulo 58 - ❝A volta é muito melhor❞

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 .-Lianna Fritz-.

          Era um lugar muito claro e meus olhos doeram um pouco ao olhar ao redor, com uma brisa morna passando pelo meu corpo coberto por um pano escuro, encardido e em farrapos. Mas o local era muito diferente, claro, limpo, quieto, mas não quieto angustiante, muito pelo contrário, na verdade, era completamente reconfortante esse silêncio.

       Meus olhos buscaram olhar mais ao redor, mas não tinha nada além do que parecia ser o fantasma de uma estrutura grande, de enormes pilastras.

- Filha do sol - uma voz ecoou pelo local, logo atrás de mim, me levando a me virar - Aquela que foi posta ao mundo para iluminar - meus olhos se marejaram em alegria - Aquela que gerei com tanto esmero.

- Mamãe - praticamente solucei seu título, correndo para perto e a abraçando com força.

         Os longos cabelos loiros brilhosos, a pele como seda e completamente saudável, olhos brilhantes e que estavam gentis, e o corpo volumoso coberto por uma tecido diferente do meu, o seu parecia ser feito de linho claro tecido com fios finíssimos de ouro que cintilavam enquanto o peito descia e subia com uma respiração calma, com uma aura leve e luminosa ao seu redor.

- Oi, meu amor - ela então alisou meus cabelos, sem temer que minha sujeira fossa estragar tamanha clareza e limpeza - Está tão magra, parece doente - segurou meu rosto gélido com as mãos quentes e confortáveis, olhando em meus olhos - Seus olhos, cadê o sol em seus olhos, minha filha?

- Mamãe, eu sinto tanto por termos terminado daquela forma - solucei as palavras em sua direção.

- Que forma? - franziu a testa soltando meu rosto aos poucos.

- Não te pedi desculpas por tudo que causei, as preocupações, as desobediências...

- Ah, meu bem - soltou um curto riso nasal - Não se preocupe com isso, se preocupe com o fato de que não era para estar aqui.

- Mãe...

- Não é sua hora, ainda é jovem, tem muito o que viver, meu bebe - sorriu com os olhos marejados, tocando delicadamente meu rosto, como se tentasse o limpar.

- Eu não quero voltar, tudo está tão difícil.

- Eu sei, mas até mesmo o sol passa por explosões - repete o movimento, dando mais um passo a frente para alisar novamente meus fios de cabelo - Até mesmo o sol se machuca.

         Sua aparência então começou a se tornar translúcida, como se eu visse através de um véu, assim como todo o lugar.

- Mãe, não me deixa - supliquei sentindo lágrimas queimarem meu rosto.

- Vou estar com você sempre, meu amor, e por isso quero que viva, Viva Cada Segundo e eu estarei lá, Lianna.

          Vozes. Vozes que pareciam rir, alguns bips também soavam, eram constantes e pareciam fracos. Meu corpo estava dolorido, a cabeça latejava e tinha um aperto nos pulsos, com um arzinho constante me causando cosquinha dentro das narinas. Onde eu estava? 

       Pessoas riam, eu reconhecia as risadas e fazia tempo que não escutava uma gargalha específica. Eu tinha que acordar, minha irmã, minha irmã estava ali, rindo, gargalhando. Eu preciso acordar.

      Fiz esforço para abrir os olhos, com a dor na cabeça piorando conforme o fazia e os bips soando mais fortes, enquanto meus olhos se acostumavam com a claridade até finalmente estar fitando o teto branco com luzes brancas. No reflexo, mexo um pouco os dedos das mãos, sentindo minha mão esquerda estar sendo segurada por alguém.

❝Live Every Second❞ | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora