The Birth Of Gerard Way (Part 3)

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– Qual é o próximo ônibus que vai sair? – Gerard perguntou para o homem que trabalhava na venda de bilhetes na rodoviária de Newark, assim que sua vez de ser atendido chegou.

– É o 27 – respondeu o homem, sua voz soando tão tediosa que, se não fosse pela adrenalina, teria deixado o garoto sonolento só de ouvi-la.

– Ele sai do estado?

Nova York – disse o funcionário.

– Eu quero uma passagem, por favor.

– São oitenta dólares.

Gerard tirou a carteira de seu bolso e entregou as notas de dinheiro para o moço, que logo lhe deu o ticket do ônibus junto com o troco enquanto dizia-lhe:

– O ônibus vai sair daqui vinte minutos, na plataforma 3B.

– Muito obrigado! – agradeceu o garoto, já se apressando para fora da fila, à procura da plataforma a qual precisava ir.

Aquela era uma noite fria, mesmo que ainda fosse setembro. Gerard conseguia ver fumaça saindo de sua boca a cada vez que a abria para suspirar, mas não precisava disso para saber que estava frio — ele estava tremendo dos pés à cabeça, e não era só pelo trauma que havia acabado de passar. Estava desesperado por um cigarro para poder se aquecer e relaxar, mas tinha que economizar o pouco dinheiro que tinha para usá-lo em coisas importantes, como comida e algum lugar para dormir. Sendo assim, ao chegar na plataforma em que esperaria o ônibus, sentou-se em um dos bancos gelados no local e procurou ao redor para tentar encontrar algum fumante para que pudesse pedir um cigarro emprestado a ele. No fim, acabou achando uma senhora com o nariz empinado e cabelos loiros oxigenados, que conversava com uma moça mais nova enquanto fumava despreocupadamente em menos de dois minutos de busca.

Geralmente, Gerard não falaria com um estranho, e nem seria cara de pau o suficiente para pedir-lhe um cigarro, mas ele estava desesperado pelo alívio que a nicotina o trazia, então toda a sua razão estava comprometida. Acabou, então, se encontrando ao lado da mulher, perguntando a ela se podia dar-lhe um de seus tubos cancerígenos. Felizmente, a senhora foi legal o suficiente para atender a seu pedido e ainda acender o cigarro para ele, então, antes mesmo do ônibus que pegaria chegar, o garoto encontrou-se no canto da plataforma, fumando em silêncio e tentando processar tudo o que havia acontecido nas últimas horas.

Ele não sabia se havia saído de casa ou se havia sido expulso de lá. Tecnicamente, foi o próprio Gerard quem decidiu pegar suas coisas e partir, mas essa foi uma ação coagida pelo pensamento de que seus pais o acabariam por expulsá-lo de lá, se não o fizesse. De qualquer maneira, ele acabaria sendo "exilado", então ele achava que ficava a seu critério escolher se havia saído por conta própria ou não.

Decidiu por ficar com o pensamento de que ele havia saído sozinho e de cabeça erguida. Isso parecia bem menos patético do que ser expulso por não ser uma garota.

É, Gerard havia sido expulso porque seus pais queriam uma garota. Pensando bem, era a mesma coisa que um cirurgião escolher não operar um paciente homem em uma cirurgia de emergência porque queria operar uma paciente mulher. Parece idiotice da parte do médico, certo? Bem, tirar seu próprio filho de casa por ele não ser uma menina era idiotice da parte dos pais de Gee, também.

Sendo sincero, Gerard estava pouco se fodendo para Donna e Donald. Ele nunca os viu como seus pais de verdade, então não ligava para o fato de que eles haviam sido egoístas e bisbilhoteiros ao ler seu diário; seu irmão, todavia, era uma história completamente diferente. Mikey havia sido tão traíra com ele quanto Brutus havia sido com Júlio César, tão duas caras quanto os gregos haviam sido com os troianos ao dar-lhes o Cavalo de Tróia, e tão egoísta quanto Judas, ao trair Jesus por algumas moedas de prata.

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