Metamorfose || {frerard}

The Birth Of Gerard Way (Part 4)

Oi gente! Passando aqui só pra explicar que, pelo último capítulo ter sido mais uma "ponte" pra esse aqui, eu decidi postar um logo depois do outro, pra não deixar vocês esperando. Por isso, aqui está o capítulo 28 dessa fanfic linda!!!

Boa leitura!!!

~Blue <3

•••

Algumas semanas depois

Sabe quando Gerard disse que não iria desistir? Bem, ele deveria ter desistido. Deveria ter desistido logo na primeira noite, porque, se tivesse o feito, talvez não estivesse na situação em que estava no momento.

Todo o dinheiro do rapaz havia acabado alguns dias depois de sua chegada em Nova York, uma vez que havia sido roubado durante uma das solitárias noites nas ruas, então ele vinha se virando como dava — ou seja, furtando. Até o presente momento, não havia ido parar em delegacia de polícia alguma, nem mesmo foi notado ao colocar as mãos nos bolsos das pessoas e tirar de lá suas carteiras, apenas para pegar o dinheiro, e depois as deixar no chão, o que já era uma pequena vitória para ele. Afinal, se fosse pego, teria que ser interrogado e, consequentemente, falar seu nome e sua idade aos policiais, que, por estarem com um menor de idade, acabariam por chamar seus pais, e, assim, ele acabaria voltando para casa.

Gerard não tinha comida, nem uma casa, nem amigos, nem família; mas, ainda assim, ele era Gerard, e não "Georgia". Se alguém lhe perguntasse seu nome, ele falaria "Gerard", e, se alguém lhe perguntasse seu gênero (o que já havia acontecido algumas vezes), ele diria que era um homem. Apesar de estar em uma situação miserável, ele ainda era… Ele. E, por mais que as coisas estivessem ruins, o rapaz nunca deixou a esperança de lado, mesmo que tudo o que restasse dela fosse apenas uma gotinha praticamente insignificante.

Se a esperança é a última que morre, então ele guardaria o que havia sobrado da dele às sete chaves.

Aquele era mais um dia normal na rotina de Gerard. Com muita sorte, havia conseguido vaga em um dos albergues da cidade, então, depois de vários dias tentando achar um lugar para dormir, finalmente não precisou passar (muito) frio à noite, pois tinha um teto descascado e com fungos sobre sua cabeça, o que já era de bom tamanho, dada a sua situação. Sendo assim, também pôde tomar banho — apesar de ter sido junto às mulheres, uma vez que todos os moradores de rua tinham que ficar nus para serem revistados ao entrar no abrigo, então, por mais que tentasse dizer que era um garoto, as regras eram claras: tem uma vagina? Fique com as mulheres. Tem um pênis? Fique com os homens. Tem os dois? Bem, Gerard não tinha ideia do que eles faziam com pessoas intersexo, mas imaginava que ficava à critério delas decidir onde ficar — e ter uma refeição recente (apesar de que a comida do albergue só era comestível porque todos ali estavam literalmente passando fome). Isso tudo tinha sido sorte, e ele esperava que pudesse ter mais um pouco para a próxima noite, uma vez que os dias estavam se tornando cada vez mais frios e, por isso, difíceis de se lidar.

Já eram seis e meia da tarde quando Gerard encontrou-se em uma rua das periferias do Brooklyn (e ele apenas sabia que estava nessa área porque havia olhado em um dos mapas que ficavam nas estações de metrô). Era um lugar mal cuidado, com lixo se acumulando em cada esquina, mendigos tentando se esquentar fazendo fogueiras improvisadas, casas caindo aos pedaços e muros com tantas pichações que já não era mais possível saber qual era a cor original que havia neles. Enquanto o rapaz andava, alguns homens encaravam-no com desconfiança no olhar, como se ele fosse um antílope adentrando o território dos leões, fazendo-o se sentir ameaçado, mas não o suficiente para sair dali. Ele não tinha para onde ir, então estava vagando sem rumo, esperando que a solução de seus problemas fosse aparecer bem em sua frente, então, a não ser que alguém apontasse uma arma para sua cabeça e lhe obrigasse a sair dali, Gerard seguiria seu caminho, indo para um lugar que ele não sabia onde era, ou se ao menos existia.