Gerard estava descontrolado.
Depois de tanto tempo estando naquela festa, ele já não sabia mais quanto havia bebido; a verdade, porém, era que o rapaz tomou quase dez long necks de cerveja, mais alguns shots de vodka e fumado cigarros de procedência duvidosa que outras pessoas haviam lhe oferecido. Também fez um moonwalk em cima de uma mesa, tentou se pendurar no lustre da sala e gritou com uma planta depois que ela "derrubou a cachaça" que ele tinha em mãos no chão. Isso tudo dentro de três, quase quatro horas, o que significava que já eram praticamente três da manhã, e Way ainda sentia energia para conseguir subir e descer o monte Everest no mesmo dia.
Todo bêbado tem seus estágios, e Gerard era um alcoolizado hiperativo e, depois disso, depressivo. Sendo assim, após tanto tempo curtindo a festa, de uma forma que ele não sabia explicar, encontrou-se nos fundos da casa de Frank, sentado na grama e olhando para a pequena piscina da casa que, por algum motivo, estava cheia, mesmo que fosse outono. Tinha mais uma long neck, já na metade, em suas mãos, mas, ao invés de beber, apenas passava o dedo em seu bico distraidamente, balançando o conteúdo dentro da garrafa de vez em quando. Estava sozinho, então podia ouvir claramente as cigarras cantando por perto e a música abafada vindo de dentro da residência — essa que, por alguns segundos, tornou-se mais nítida, ao que alguém abriu a porta de vidro que levava até onde ele estava e se sentava ao seu lado, passando a observar a água da piscina de movimentando com lentidão junto a ele.
- A piscina é aquecida. - A voz de Frank adentrou os ouvidos de Gerard, fazendo com que um conforto passasse por seu corpo e lhe deixasse se sentindo como se estivesse deitado em plumagem de cisnes. - É por isso que tem água nela.
- Eu realmente estava querendo saber porquê alguém encheria uma piscina em pleno outono - falou Gerard, sua voz soando tão arrastada quanto a do mais novo, uma vez que ambos estavam bastante bêbados naquele ponto.
- Sua voz tá engraçada - comentou Frank, dando uma risadinha e sendo acompanhado pelo outro.
- A sua também - disse ele, e os dois riram juntos mais uma vez.
- Por que você tá sozinho aqui? - perguntou Iero, depois que os dois voltaram a ficar em silêncio. - Você parecia estar gostando da festa.
- E estou. Você realmente sabe como dar uma festa, Frankie.
As bochechas de Frank coraram ao ouvir seu apelido sair da boca do mais velho, e seus lábios se curvaram em um sorriso tímido, mas desleixado por conta do efeito do álcool em seu organismo. Ele, bêbado demais para pensar se era uma boa ideia ou não, retribuiu esse pequeno gesto, dizendo:
- Obrigado, Gee.
E Frank percebeu ali que havia gostado de chamar Gerard daquele jeito, tanto quanto Gerard havia gostado de ser chamado assim.
- Mas - continuou o mais novo -, se você está gostando da festa, então porquê está aqui sozinho? E com essa cara de cachorro abandonado?
- Sei lá - respondeu Gerard, dando de ombros. - Eu só queria pensar um pouco, e não dá pra pensar com todo aquele barulho lá de dentro.
- Ah, sim. - Frank ficou quieto por alguns instantes, fazendo círculos na grama sob seus pés com um graveto que havia pegado, e, depois de alguns segundos, continuou: - E sobre o que você está pensando?
- A vida, eu acho - disse, balançando os ombros mais uma vez. - A minha vida.
- E o que tem ela?
- Ela é fodida.
- Acho que a vida de todo mundo é um pouquinho fodida - argumentou Iero.
- Não a do Elon Musk.
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Metamorfose || {frerard}
Fanfiction"Como 95% das pessoas que moram no Brooklyn, Gerard estava lá por um motivo ruim. E não, ele não era criminoso, drogado, traficante, ou qualquer merda do tipo. Ele seria um rapaz normal de vinte e sete anos para a sociedade - isso, se ele tivesse um...