– Como assim você bateu nele?!
Nem Gerard estava acreditando no que havia acabado de dizer em voz alta. Ray pediu silêncio, temendo que alguém no hospital pudesse ouvir a conversa, mas respondeu do mesmo jeito:
– Ele ia falar umas coisas muito ruins pra você, Gee. Ele ia falar que não queria mudar, que não precisava mudar. E isso me fez me lembrar da minha melhor amiga e… Cara, eu simplesmente perdi o controle. Eu juro que eu só queria dar um soco, me desculpa!
– Não precisa se desculpar por meter porrada em quem merece – Frank deu de ombros, e Gerard teve que concordar.
– Isso não é do meu feitio. Eu odeio violência, odeio! E o Mikey deveria ser meu amigo, mas…
– O Mikey também não te respeitou, Ray. Ele sabe da história da sua amiga e mesmo assim ele escolheu ser desrespeitoso e preconceituoso com pessoas trans. – Gerard colocou a mão no ombro de Ray e a apertou. – Não se martirize por ficar com raiva. Você tem todo direito de ficar… Mas me fala, como ele está?
Gerard e Frank haviam saído do apartamento e corrido às pressas ao hospital assim que Ray ligou, então eles não tinham muita noção do que estava acontecendo.
– Ele quebrou algumas costelas… E o nariz… E alguns dos dentes… Mas pelo menos foram os dentes de trás! Ele não vai ficar banguelo! E-e também tem várias lesões, e…
– Ele chamou a polícia?
– Não, mas eles me interrogaram. Eu disse que a gente brigou, o que é verdade. Tá vendo meu rosto? Ele conseguiu me dar uns bons socos!
E Ray tinha razão. Parte de seu rosto estava inchado e roxo, com cortes por todos os lugares, mas Mikey realmente havia levado a pior.
– O Mikey pode prestar queixa se ele quiser.
– Se ele fizer isso eu termino de arrebentar a cara dele – Frank disse, tentando soar ameaçador. Gerard só achou muito fofo. Parecia um gatinho irritado.
– Ninguém vai arrebentar a cara de ninguém! – Gerard exclamou. – Pelo menos, não mais do que já arrebentaram. Ray, a gente pode ir ver ele?
– Ainda não, acho que ele tá apagado. Vamos esperar por aqui, daqui a pouco o médico vai nos chamar.
Demorou aproximadamente trinta minutos, mas eventualmente o médico chamou os três e pediu que lhe acompanhassem até o quarto em que Mikey estava internado.
Um ofego assustado saiu da boca de Gerard ao ver a situação de seu irmão. O rapaz estava enfaixado dos pés à cabeça, a face completamente inchada e lotada de machucados, agora cobertos por curativos, a pele alternando entre tons de vermelho e roxo.
– Puta merda – Foi tudo o que Gerard conseguiu dizer. Os olhos de seu irmão estavam tão inchados que ele nem ao menos tinha certeza de que ele sabia quem estava em sua frente naquele momento.
– O que você está fazendo aqui? – É, pelo visto, ele tinha sim o reconhecido.
– O meu irmão mais novo foi espancado pelo melhor amigo dele. Que tipo de irmão eu seria se eu não viesse?
– E ele? – Mikey apontou para Frank, que estava entre de Gerard e Ray. – É o seu chaveirinho, por acaso? Sempre que eu te vejo, ele está junto.
Gerard não se irritou com o comentário do irmão. Ao invés disso, ele simplesmente deu de ombros e disse:
– Eu gosto dele. Tem algum problema com isso?
– Tenho. Muitos, inclusive. Mas eu estou sentindo dor demais para discutir.
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Metamorfose || {frerard}
Fanfiction"Como 95% das pessoas que moram no Brooklyn, Gerard estava lá por um motivo ruim. E não, ele não era criminoso, drogado, traficante, ou qualquer merda do tipo. Ele seria um rapaz normal de vinte e sete anos para a sociedade - isso, se ele tivesse um...