Remember The Laughter (Part 1)

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Como a pessoa metódica que era, o relógio de Gerard sempre estava no ponto; nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Por isso, quando o ponteiro maior andou alguns poucos milímetros para a esquerda e marcou oito horas e trinta e um minutos, toda a sua paciência foi ralo abaixo. Frank estava exatos um minuto atrasado, e ele estava se perguntando o que o havia levado a não ter chegado na hora marcada — uma batida de carro? Um assalto? Um sequestro? Dor de estômago? Pedras nos rins? Ou pior: preguiça?!

Gerard estava prestes a ter um colapso nervoso quando seu celular apitou no bolso de sua calça jeans. Afobado, ele pegou o aparelho e, com muita felicidade, leu a mensagem que havia acabado de chegar:

"Estou aqui embaixo
XOXO, frnk"

Sinceramente, Way achava que Frank era a única pessoa no planeta inteiro que ainda usava "XOXO" para mandar alguma mensagem de texto. Era fofo? Era, mas, mesmo assim, era bem ultrapassado. Não que Gerard fosse alguém que pudesse falar algo sobre "como ser adorável e gentil ao se despedir de alguém por texto", até porque todas as suas respostas no aplicativo costumavam variar entre "sim", "não", "talvez" e "okay" — tanto que o que ele enviou ao mais novo ao visualizar a mensagem foi um simples "k.", e nada mais. Ainda assim, vamos lá... Beijos e abraços? XOXO? Essa abreviação nunca fez sentido para o rapaz e nunca faria.

Como ainda estava se recuperando do atropelamento, Gerard teve que descer as escadas mais devagar do que normalmente iria, para que suas costelas não doessem e ele acabasse no hospital, mesmo que não precisasse. Frank era exagerado o bastante para levá-lo até a ala de emergência apenas por sentir uma dorzinha na região machucada. No fundo, ele apreciava toda essa preocupação, essa vontade de cuidar que chegava a ser sufocante, mas não para alguém sozinho como Way era; por fora, todavia, ele não negaria em dar um cascudo no mais novo se ele arrumasse um barraco por absolutamente nada no meio da rua.

Falando em Frank, Gerard o encontrou encostado contra seu Opala velho, que parecia mais novo por aparentemente ter sido lavado há pouco tempo, usando uma de suas muitas jaquetas de couro e calças jeans tão rasgadas quanto as de um mendigo, e com ambas as mãos atrás do corpo, parecendo esconder algo com elas. Se os dois estivessem na quinta série, o maior com certeza faria uma piada de "foi para a guerra e não me chamou?", mas decidiu manter a maturidade ali. Por enquanto, ao menos.

- Boa noite, Robin - cumprimentou Frank, com seu habitual sorriso brincalhão no rosto. - Hoje será uma noite trabalhosa. Só eu, você, e o Batmóvel.

- O que é você? Uma versão pobre do Batman? - debochou Gerard, antes mesmo de cumprimentá-lo de volta. - Boa noite pra você, também.

- É, tipo isso - respondeu ele, dando de ombros enquanto dava uma risadinha.

- E o que você tem aí atrás?

A luz do poste da rua possibilitou Gerard de ver o rosto de Frank adquirir uma cor avermelhada, ao que ele desviava o olhar do seu e mordia seu piercing no lábio inferior, em uma mania que o mais velho já sabia muito bem que aparecia sempre que ele ficava nervoso com algo. Iero respirou fundo e deu um passo para frente, ainda tentando esconder o que tinha nas mãos, até que, depois de um tempo tentando se preparar para o que estava prestes a fazer, voltou a olhar o outro nos olhos e, de repente, estendeu um dos braços para ele, revelando o que parecia ser...

- Uma árvore? - indagou Gerard, surpreso com a pequena planta que se encontrava nas mãos do menor.

- É um bonsai! - exclamou Frank em resposta, um tanto alvoroçado com a situação. - Eu li na internet que ele significa respeito e previsão de prosperidade. E também simboliza paz, harmonia, equilíbrio, paciência, felicidade e mais uma penca de coisas que eu não me lembro agora...

Metamorfose || {frerard} Onde histórias criam vida. Descubra agora