The Birth Of Gerard Way (Part 5)

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Ele teve muita sorte, Anthony. Essas lesões poderiam ter sido muito mais sérias do que foram.

Então ele vai ficar bem?

Desde que ele siga as instruções e tome os remédios que te passei…

Não se preocupe com isso. Eu vou cuidar dele até que ele melhore.

Você?! Anthony, você nem conhece esse menino! Até onde sabemos, ele pode ser um assassino!

Ora essa, James. Olhe só para esse rosto de anjinho… É só uma criança! E olhe só o estado dele… É bem óbvio que ele não tem ninguém. Você deveria ter visto a situação do coitado quando eu o salvei daqueles delinquentes filhos da mãe. Eu nem o conheço, mas a dor em seu rosto foi o suficiente para me fazer sentir dor, também…

Sinceramente, Tony, essa sua empatia ainda vai te enfiar numa enrascada, um dia desses… E outra, não é sua obrigação cuidar dele.

Eu sei que não. Mas eu quero.

Foi com essa conversa que Gerard começou a recobrar a consciência, soltando alguns gemidos baixinhos enquanto tentava, aos poucos, abrir os olhos e mexer os dedos dos pés e das mãos, dormentes por ficarem tanto tempo inativos. Ao fazer isso, as duas pessoas perto dele pararam de conversar, ao que uma delas se aproximava do garoto — ou, ao menos, pareceu se aproximar. A visão dele ainda estava borrada, então estava supondo por seus outros sentidos.

– Eu tenho que ir agora, Anthony – disse a outra pessoa, que havia permanecido no mesmo lugar. – Se precisar de mais alguma coisa, me ligue, okay?

– Obrigado, James. Estou em dívida com você.

– Pois então me pague ao tomar cuidado e não ser inocente demais. Sinceramente, essa sua empatia ainda vai te fazer entrar em uma confusão…

– Eu sei muito bem como me virar. Mas aprecio a sua preocupação, muito obrigado.

– Estou confiando em você. Enfim, tenha uma boa noite.

– Você também.

Os olhos de Gerard conseguiram se manter abertos um pouco depois da porta do lugar onde ele estava se fechar, indicando que uma das pessoas — James, pelo o que parecia — havia saído. Aos poucos, sua visão começou a se estabilizar, até que ele pôde ter total noção do que estava ao seu redor, e, mais importante, quem estava à sua frente.

Era um senhor que aparentava estar no início dos sessenta anos, com olhos âmbar, pele branca e enrugada, e cabelos grisalhos ralos e lisos, penteados cuidadosamente para trás em uma espécie de topete. Ele o observava com um sorriso acolhedor no rosto, apesar de seu cenho franzido mostrar a preocupação que parecia sentir.

– Olá, pequeno – disse ele, sua voz soando suave e gentil. – Como está se sentindo?

Demorou alguns segundos para que Gerard absorvesse a informação e conseguisse falar algo:

– Onde… Onde eu estou…?

Percebendo a garganta seca do rapaz, o idoso se inclinou para pegar um copo de água em uma mesinha próxima a ele, entregando-o a Gerard. Ajudando-o a se erguer um pouco, assistiu ao garoto tomar todo o conteúdo em praticamente um só gole e suspirar em alívio logo em seguida.

– Bom, agora que você não está mais desidratado, acho que posso me apresentar devidamente. Meu nome é Anthony, mas pode me chamar de Tony, se quiser. Como você se chama?

Aquela era uma pergunta que Gerard não sabia escolher como responder. Deveria ele falar o seu nome morto, ou deveria falar o seu nome de verdade? Afinal, ele não sabia se aquele homem era preconceituoso, não sabia se tentaria matá-lo se soubesse que era trans, mas também não queria mentir para alguém que havia lhe ajudado tanto.

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