Velozes e furiosos: um legado com fantasmas

Capítulo 82

》Megan Adams《

    Sem olhar para Noah, neguei com a cabeça, fiz algo que a muito tempo não fazia: contar como eu realmente me sentia. 

    — Ele me deu flores — Sussurrei, meus olhos cheios de lágrimas. 

    — Eu também te dei flores e você não reagiu assim — acho que ele já sabia de quem eu estava falando. 

    Neguei com a cabeça novamente e encarei o garoto. 

    — Você me deu margaridas, ele me deu rosas. 

    Não era culpa do Renan, ele não sabia da minha relação com rosas. 

    Noah encarou as flores. 

    — Não gosto de rosas — recuperei sua atenção. 

    — Jogue-as fora e diga para ele. 

    — Não consigo — engoli em seco. 

    Não conseguia me mexer ou sequer reagir, sentia todas as partes do meu corpo tensas. Sentia que meus pulmões iriam parar a qualquer momento, que eu iria desaprender a respirar. Se acalme, se acalme, se acalme, se acalme… 

    Os dedos quentes de Noah tocaram minha mão gélida e dura. Ele soltou meus dedos do buquê, minha mão doía pela força com a qual eu o segurava. Noah pegou o buquê e deu para um garoto que ficava olhando para uma garota que lia um livro à sombra de uma árvore. O garoto lhe agradeceu pelas flores sorrindo e foi até a garota. 

    A garota ficou tão feliz por receber as rosas. Por que eu não posso ser assim? 

    Noah voltou até mim e me abraçou. E eu quis chorar até que não houvesse mais água dentro do meu corpo. Retribuí seu abraço, o apertando forte. 

    — Por que não consigo reagir daquele jeito? — deixei as palavras escaparem e apertei os olhos para conter as lágrimas. 

    — Acredito que tenha seus motivos, Megan. Não se compare assim. Você é você — Ele acariciou meus cabelos.

    Eu sou eu. 

    Apertei o abraço, pressionando meu rosto contra seu peito. Se soltasse Noah agora, acho que eu desmontava. O garoto afastou meu cabelo do meu rosto. 

    — Se você se sentir confortável, pode chorar, Borboletinha. Não tem ninguém olhando — sussurrou, seu polegar acariciou a pequena tatuagem de borboleta que eu tenho escondida atrás da orelha.

    E com isso eu não segurei as lágrimas. Não conseguia pensar em mais nada, apenas em o quanto eu precisava chorar. Um gesto tão simples feito por Renan, um gesto tão romântico para a maioria, conseguiu me fazer mal. Um gesto bondoso do Noah e eu desmoronei em lágrimas. 

    Depois de alguns minutos, me separei de Noah limpando as lágrimas do meu rosto. 

    — Você me quebrou — resmunguei ao fungar. 

    Noah franziu o cenho, confusão explícita em sua expressão. 

    — Eu não choro. Você me quebrou, me fez chorar — cruzei os braços como uma criança emburrada. 

    A verdade era que eu estava totalmente desconfortável ao ver que me permiti ser tão vulnerável na frente dele. Eu não sabia como reagir quando alguém queria me confortar, eu sempre me conforto sozinha. Mas meu cérebro e coração aceitaram ser consolados por ele. Estranho. 

    — Borboletinha, você é humana, então chora sim — Ele colocou meus cabelos atrás das minhas orelhas e segurou minhas bochechas — Explica a situação das rosas pra ele, se ele não entender, pula fora.