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Perigo 

Estava no maior ódio daquela filha da puta. 
Ela tira uma com a minha cara legal. 

Achou que eu seria bonzinho pra sempre, mas se enganou. 
Bondade tem limite! 

Não sou otário pra ficar passando a mão na cabeça de ninguém. 
Ela é cria do CDD, sabe muito bem como funciona as coisas. 

Além de ser cria, estava se envolvendo comigo, ela tinha que ter em mente que quem resolve os câo é o comando, não a polícia. 

Recebi um SMS do Gordo e em seguida liguei. 

Perigo: Qual o câo, irmão? - falei assim que ele atendeu 

Gordo: Ela tá fazendo show aqui na entrada, parceiro. Disse que não vai sair até falar com tu, posso meter bala? 

Perigo: Passa pra essa filha da puta. - falei estressado 

Ouvi algumas coisas e logo ela atendeu. 

íris: Perigo, por favor...não faz isso comigo. - disse com a voz de choro - Eu não tenho pra onde ir, cara. 

Perigo: Problema teu, parceira. - ouvi o choro dela - Faz teus corre, igual tu fez mais cedo! 

íris: Porque você tá fazendo isso comigo? Eu fechei com você, Perigo! - gritou 

Perigo: Fechou um caralho, fechou a polícia lá. - me sentei na beirada na cama nervoso - E some daí, porque a ordem é matar tu, sua vacilona do caralho! - falei e desliguei na cara dela 

Joguei o celular na cama e passei a mão no rosto. 
Estava tremendo de ódio dessa mina. 

Se eu tivesse lá fora, eu mesmo já teria matado essa vagabunda. 
Só não autorizei matar, porque não quero ninguém encostando nela. 

Mas o que é dessa piranha, ta guardado! 
Logo logo eu to nas pistas e acabo com a vida dela. 

...

Uma semana depois...

íris

Eu estava completamente perdida ainda, sem casa, sem dinheiro, sem a minha irmã. 
Se passou uma semana e nada de encontrarem ela, isso está me deixando péssima. 

Estou morando com o meu tio e com os cinco filhos homens dele. 
Sendo escravizada para ter o mínimo que é comer e poder tomar um banho. 

Nunca passei por tanta humilhação na minha vida. 

Não tive mais sinal do Perigo e nem de ninguém daquele lugar. 
Também nem procuro saber, minha cabeça está lotada de preocupações. 

Sem família, sem amigos, sem ninguém...
Sozinha eu vim e tenho a certeza que sozinha eu vou! 

Terminei de lavar a pilha de louça e me sentei na cadeira respirando fundo. 

A pergunta que eu tenho todos os dias é "será que ela está viva?" 

Meu tio entrou na cozinha, parou na porta e ficou me olhando. 

Nino: Tá parada aí sem fazer nada porque? - cruzou os braços - Meus menino todos trabalhando na obra pra trazer o sustento pra essa casa e tu sentada coçando o rabo? - me levantei 

íris: Eu acabei de sentar, tio. - falei baixo - Estou cansada. 

Nino: Cansado deve estar os meus filhos lá na obra. - foi até o fogão - Cadê a comida dessa casa? - abriu as panelas - Tu não fez ainda, porra? -gritou - Fica o dia inteiro dentro de casa e não fez nada? 

íris: Eu estava arrumando a bagunça de vocês, tio. - falei segurando a raiva - A casa estava uma zona de novo, porque todos os dias vocês bagunçam. Eu não sou duas! - falei alto e o mesmo se aproximou 

Nino: Eu vou voltar pra obra, daqui uma hora a gente volta pra almoçar. - falou com o dedo apontado para o meu rosto - Se quando eu chegar não tiver nada, tu vai pra rua. - puxou o meu cabelo e me levou até o fogão - Apronte essa comida! - soltou o meu cabelo e saiu 

Eu estava vivendo em um pesadelo. 
Tinha que limpar, passar e fazer comida para todos eles. 

Sem contar que a cada noite eu tenho que dormir na cama de um, não permiti que acontecesse nada, mas eles sempre tentam. 
Isso quer dizer que fazem sete dias que eu não durmo direito. 

Tenho medo!
Nunca imaginei que passei por isso ou até mesmo algo parecido. 

Comecei a cortar a cebola e o alho. 

...

Eles terminaram de comer, recolhi os pratos e coloquei na pia. 
Já me aprontei de lavar, para que assim eu não tenha o meu tio falando no meu ouvido. 

Terminei de organizar toda a cozinha e sai da mesma. 
Dois estavam no sofá assistindo futebol. 

Tadeu: Senta aqui, prima.- bateu no seu colo e eu neguei rapidamente - Pô, vai ficar em pé?

Benê: É pô, senta ali. É confortável. - falou e riu 

Revirei os olhos e subi as escadas. 
É horrível ser assediada o tempo todo. 

Eu sinto nojo de todos eles! 

Visita íntimaOnde histórias criam vida. Descubra agora