Visita íntima

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Perigo

Íris saiu quase correndo e eu voltei para o samba. 
Me sentei ao lado do RK. 

Não sei nem o que eu vim fazer aqui. 
Era pra estar administrando a CDD, mas a minha mente não sai dela.

Depois que descobri que ela fala sobre a gente e que está mais perto do que eu imaginava, isso mudou totalmente a minha forme de pensar e agir. 

...

Olhei no relógio e vi que era meia noite. 

Perigo: Vai parecer loucura. - falei baixo para o RK e ele se aproximou - Quem é o dono do barraco da Íris? - ele cruzou os braços e cerrou os olhos 

RK: Tá pensando em fazer o que, Perigo? - perguntou sério

Perigo: Só quero conversar com ela. - ele respirou fundo e desviou o olhar - Manda o papo reto RK! - cutuquei ele - Não vou fazer nada de mais...na verdade, nada do que ela não queira. - sorri de lado - E se mais tarde ou no outro dia ela fizer alguma queixa, tu pode cobrar de mim como cobra de qualquer morador. 

RK: Eu sou o dono do barraco. - sorri - Mas papo reto, Perigo. Se tu quebrar alguma lei aqui da minha favela, terá consequências! - assenti sério - Bora, vou pegar lá na boca pra tu. - se levantou - Já volto, amor. 

Me levantei e fui atrás dele. 
Fomos andando em silencio até a boca. 

Ele entrou e eu fiquei aguardando. 
Logo apareceu com uma chave. 

RK: Me devolve depois e não fala nada que fui eu, se não a Bruna me mata. - assenti e peguei - Ae menor, leva ele lá na casa da Íris. - falou olhando para um vapor 

O menino foi andando e eu fui atrás.
Cortamos por alguns becos e logo chegamos. 

Perigo: Valeu, menor. - fiz toque com ele e o mesmo saiu 

Estava tudo apagado, fiquei na porta por alguns minutos, mas não ouvi nada. 
Abri a porta, entrei e encostei a mesma. 

Ela não estava na sala, caminhei até o quarto e observei a mesma dormi de camisola da Barbie. 
Fiquei parado na porta observando. 

O que eu sinto por ela, ainda não sei explicar e nem expressar. 
Só sei que é diferente de tudo o que eu já senti na minha vida. 

E mesmo tendo esse sentimento, cometi tantos erros.
Eu não sei lidar com isso, não sei gostar das pessoas. 

Ela se mexeu e me olhou assustada. 
Sentou na cama com a mão no peito. 

Perigo: Não queria te assustar, foi mal. - falei baixo e ela continuou imóvel com a mão no peito - Desculpa, Íris. - me aproximei 

Íris: Tu só pode ser maluco né? - gritou - Quase me matou do coração, Perigo. - continuou gritando - Parece louco da cabeça...doente! - levantou da cama e foi para o banheiro 

Bateu a porta e trancou a mesma. 
Caminhei até a cama e me sentei na ponta. 

Perigo: Eu quero conversar contigo! - falei alto 

Ela ficou em silencio e eu continuei sentando esperando ela. 
Ouvi a descarga, depois o barulho de água e ela saiu. 

Parou na porta do banheiro. 

Íris: Eu não tenho nada pra falar contigo, vai embora. - apontou para a porta - Vai embora e não volta nunca mais. 

Perigo: Eu não quero que tu fale nada, apenas me escuta. - ela negou - Íris...

Íris: Fala perigo, mas anda logo! - bateu o pé 

Perigo: Com você tudo é difícil né? - me levantei - Eu sei que prometi pra tu que deixaria você em paz, mas eu achei que nunca mais ia te ver...tá sendo difícil pra mim, íris.