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Íris 

Saí do carro com as sacolas e fui para a fila enorme.

Hoje acabei saindo um pouco mais tarde de casa e estou vendo que vou ficar por um bom tempo aqui na espera para entrar.

A minha vida está girando em torno de visitas e trabalho, não tiro um tempinho pra mim.

To exausta!

Um bom tempo depois chegou a minha vez, passei pela revista e por todo o procedimento chato.
Guardinha me levou até o pátio e fui até a mesa de sempre, Perigo já estava sentado lá.

Me aproximei e sentei no banco em frente a ele.

Íris: Oi...bom dia. - sorri de leve e coloquei a sacola na mesa

Perigo: Demora do caralho em, achei que tu nem ia vim mais. - bufou

Íris: Acordei atrasada hoje, foi mal.

Perigo: Tem que ter responsabilidade nessa porra, Íris. Bagulho né brincadeira não.

Íris: Uma única vez, nossa!- desviei o olhar

Perigo: E para de ficar olhando os caras, porque depois eles ficam comentando de você. - olhei pra ele com cara de deboche

Íris: E tu tá com ciúmes? - perguntei e cruzei os braços

Perigo: E tu vem aqui pra visitar eu ou eles? - me encarou sério

Respirei fundo e fiquei quieta.

Perigo: Eae, o bagulho do Gordo. Comé que tá? - perguntou pegando a bolsa com as marmitas

Íris Não consegui nada ainda. -falei olhando pra ele

Perigo: Porra mina, tu tem que agilizar esse bagulho aí.

Íris: Não é fácil assim não.

Perigo: Não é fácil ou tu é incapaz? Burra, só pode ser burra!

Íris: Você acha que é quem pra falar assim comigo? -me exaltei e levantei- Burro é você, por que se fosse esperto mesmo do jeito que tu fala, não estaria preso!- falei apontando o dedo na cara dele

Levei um tapão na mão, ele pegou no meu braço e me puxou, fiquei inclinada na mesa, colada no rosto dele. 

Perigo: Ta ficando maluca? -falou baixo e ríspido- Perdeu a noção do perigo? Ou tu gosta de adrenalina, filha da puta? - pegou em meu rosto, aproximando mais dele - Acho melhor tu abaixar a tua bola, porque se não nem daqui tu sai viva.

Tremi na base, mas me mantive na pose.

Íris: Me solta. -coloquei a mão em cima da mão dele, tentando tirar do meu rosto - Perigo, você ta me machucando!

Ele soltou com agressividade e se sentou novamente.

Íris: Não sou inútil, muito menos burra. O bagulho é que eu nunca fui próxima dele, e ele vai desconfiar e quem vai morrer sou eu. - falei olhando pra ele e me sentei de volta - E eu não vou arriscar a minha vida por causa de você, porque nem pra isso eu to recebendo né.

Perigo: Gata...-respirou fundo- Tu já tá se arriscando em estar aqui, tu nem me conhece, sabe nem se eu sou um louco que pode acabar com a tua vida aqui e agora. Sem contar os meus inimigos que já estão mirando em você como alvo, como se fosse algo importante para mim, o que na real não é! - falou e começou a comer - O bagulho é que de qualquer forma tu vai morrer, de alguma forma e provavelmente eu estarei envolvido nisso. -sorriu

Estava tentando raciocinar todas aquelas informações.

Íris: Porque? - voltei o olhar para ele - Porque eu que tenho que descobrir algo pra você? Você também não me conhece e já confia em mim?

Perigo: Hoje em dia eu não confio nem na minha sombra, quem dirá em uma puta. - continuou a comer

Íris: Você me chamou do que? - perguntei com a sobrancelha arqueada e os braços cruzados

Perigo: Falei algo de errado? Porque que eu saiba, quem transa por dinheiro é puta. - falou e em seguida me olhou

Íris: Você está me confundindo. - ri, mas já querendo chorar- Não transo com você por causa da porra do teu dinheiro sujo não, até porque não recebo um centavo. -falei séria- Então antes de falar qualquer bosta, faça a lição de casa, bandidinho esperto. - sorri sem mostrar os dentes

Perigo: Como assim tu não recebe o bagulho? - afastou a marmita e eu fiquei calada imóvel 

Percebi que tinha falado besteira. 
Gordo vai acabar com a minha  vida! 

Íris: Nada, já disse que da minha vida tu não precisa saber! - desviei o olhar

Se o Gordo ficar sabendo ele vai querer arrancar a minha cabeça fora.

Ele ficou falando um monte e eu só ignorando, não ia adiantar nada ficar discutindo com esse macho.

Um tempão depois o sinal tocou, coloquei os potes ainda com comida na sacola e fui saindo.

Senti uma mão no meu braço e logo fui puxada para trás com força.
Ele segurou o meu rosto próximo do dele.

Perigo: Descobre algum bagulho pra mim lá, namoral mina?-com a outra mão ele colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha

Assenti de leve, olhando nos olhos dele.

Perigo: Valeu, fé aí pra tu. - falou, puxou meu rosto mais próximo e me deu um selinho.

Logo ele me soltou e eu saí dali sem falar nada.
Não pretendo voltar nunca mais aqui!


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