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Íris

Sai do quarto, um dos guardas viu meu estado e correu para me socorrer. 

Me levou até o ambulatório. 

Doutora: O que aconteceu? - perguntou me analisando - Você está perdendo muito sangue, vai ter que ser encaminhada para o hospital mais próximo. - assenti com a mão no nariz 

Ela fez um curativo provisório, chamaram a ambulância e eu tive que ser encaminhada para o hospital. 

Enfermeira: Vão perguntar o que aconteceu. - disse fechando a porta da ambulância - E é importante que tu não minta sobre o que aconteceu. - assenti 

Chegando no hospital, me colocaram em uma cadeira de rodas e me levaram para a emergência.

Não via necessidade de tudo isso. 

...

Sai do hospital com um curativo no nariz e outro na cabeça.
Fizeram milhares de perguntas, chamaram até a polícia e eu contei. 

Abriram um boletim de ocorrência contra ele em meu nome.
Não acho justo ele fazer tudo isso e ainda passar ileso. 

Já estava escuro, olhei no celular e vi que era oito da noite. 
Procurei o ponto mais próximo e fiquei aguardando ônibus. 

Cheguei próximo da entrada da CDD exausta e cheia de dor. 
Fui caminhando e cheguei na barreira, os caras não deixaram eu subir. 

Íris: Chama o Gordo pra mim, por favor. - pedi para um envolvido e o mesmo olhou para o outro - Por favor, cara. Olha meu estado, estou cansada, acabei de saber que perdi a minha irmã...só estou pedindo pra chamar ele aqui. - meus olhos encheram de lágrimas 

Popó: Pode liberar ela. - saiu de um beco - Ordem do Perigo. - falou sério 

Os meninos me liberaram e eu caminhei até o Popó. 

Íris: Obrigada! - sorri de leve ainda com lágrimas nos olhos

Popó: Gordo quer trocar uma ideia contigo lá na boca. - suspirei e assenti - Vou te levar até lá. - começamos a caminhar 

Subimos em silencio. 
Chegamos em frente a boca, liberaram a minha entrada e fui direto na sala dele. 

Bati e entrei. 
Ele me olhou de cima a baixo e aponto para a cadeira. 

Íris: Eu não vou ficar muito tempo. - encostei a porta e fiquei atrás da mesma - Qual é o assunto?

Gordo: Tu conseguiu manipular ele o suficiente pra não te matar lá dentro e ainda deixar tu voltar. - bateu palmas 

Íris: Eu não manipulei ninguém, Gordo. - me aproximei - Apenas fui verdadeira sobre como tudo aconteceu. 

Gordo: Não...tu conseguiu manipular um dos piores bandidos do comando...parabéns, tu é pior que ele! - disse sorrindo 

Íris: Eu realmente gostaria de ser pior que ele, assim já teria acabado contigo. - ele gargalhou - Mas o que é teu, está guardado, Gordo. - falei apontando o dedo na cara dele - Vai ter volta e vai ser das braba.

Gordo: Isso foi uma ameaça, linda? - se levantou e eu neguei - Pra acabar comigo tem que ter mais peito que eu e  tu é cuzona. - sorri 

Íris: Só foi um aviso pra tu tomar cuidado, porque a demanda vai ser braba. 

Gordo: Por isso que ele está todo apaixonado né? - gargalhou - Tu jogou macumba nele. 

Íris: Eu não trabalho com macumba, apenas com chá. - falei e fui até a porta 

Gordo: Quero experimentar desse chá em. - sorriu e eu fiz careta 

Abri a porta e sai.
Fui subindo pra minha casa. 

Que saudades desse lugar! 

...

Ao mesmo tempo que é muito bom estar de volta, também é muito ruim. 
Eu não tenho mais ninguém, nem família, nem amigos...ninguém. 

Não sei se vou conseguir sobreviver por muito tempo assim.
Mas não quero desistir...eu prometi pra ela que não desistiria da minha carreira, não ia desistir de mim. 

Me sentei no sofá chorando. 
Eu sei que ela só me causava problemas e muitas pessoas vão dizer "melhor assim", "Agora tu vai ter paz, vai conseguir viver", mas eu não penso dessa forma. 

O meu maior desejo e objetivo era ver ela bem, ver ela sem depender de tudo aquilo pra ser feliz. 

Mas a realidade é dolorosa. 
Machuca...

Respirei fundo tentando controlar o choro. 
Eu não posso ficar em casa, ainda mais sozinha. 

Ouvi me gritarem do portão. 
Achei estranho, me levantei, calcei o chinelo e fui até a porta. 

Abri a mesma e vi o J2 no portão com um monte de sacolas. 
Sequei as lágrimas e fui até o mesmo. 

J2: Eu fiquei sabendo que tu tinha voltado e trouxe isso pra você. - levantou as sacolas sorrindo

Abri o portão e fui correndo até ele, abracei o mesmo forte. 
Comecei a chorar desesperadamente. 

Ele ficou sem reação por alguns minutos, mas logo me abraçou. 

J2: Eu estou aqui...- disse baixo e deu um beijo no topo da minha cabeça - Pra sempre, minha linda. - me aperou - Vamos entrar que tem um povo fofoqueiro olhando. - saiu do abraço 

Sequei as lágrimas e ajudei ele com as sacolas. 
Entramos e levei tudo para a cozinha. 

J2: Tu já está sabendo né? - assenti e me sentei na cadeira olhando pra ele - Pô, eu não fui até você contar essa parada, porque o Perigo não deixou...mas não fiz por mal. Tu sabe que eu gosto pra caralho de tu. 

Íris: Eu sei, Jorge...tá tudo bem. - sorri de leve - Não quero ficar pensando muito nisso, já chorei muito hoje.- suspirei 

J2: Eu imagino, pô.- se aproximou e passou a mão no meu rosto - Sua única família. - assenti lembrando do irmão do meu pai - Bagulho é louco e nem sei o que falar pra tu, namoral. - se abaixou na minha frente - Mas se precisar de qualquer bagulho eu vou estar do teu lado. Olha pra mim. - virou o meu rosto - Só não quero que tu desiste, tá bom? - assenti 

Íris: Eu não vou desistir...prometo. - falei com a voz embargada - Obrigada por tudo e me perdoa por ser uma amiga tão escrota. - ele riu e me abraçou - Fui muito babaca contigo, papo reto. 

J2: Tu foi mermo, maior vacilona. - sai do abraço - Mas eu te perdoo, mas vai ter que fazer a janta. 

Íris: Fechado! - falei sorrindo 

J2: Gosto de te ver assim. - passou a mão no me rosto 

Me levantei e comecei a tirar as compras das sacolas.  

Visita íntimaOnde histórias criam vida. Descubra agora