Visita íntima

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Íris 

Acordei com barulho na porta e me sentei no sofá. 
Não lembro de nada referente a ontem. 

Sei nem como e cheguei em casa. 

Ouvi a Bruna me gritar. 
Me levantei com a mão na cabeça e fui até a porta. 

Minha cabeça está explodindo e estou com dor nas costas também. 
Acho que dormi de mal jeito. 

Abri a porta e a Bruna entrou como um furacão. 

Íris: Pelo amor de Deus. - fechei a porta e olhei pra ela - Não faz barulho. - fiz careta, ainda com a mão na cabeça 

Bruna: Mulher de Deus. - gritou -Tá maior bafafa com o teu nome. - me sentei no sofá olhando pra ela 

Ela estava em pé de frente para o sofá. 

Íris: Bafafa do que menina? - perguntei confusa - Eu fiz alguma coisa? 

Bruna: Tu não lembra? - neguei - De nadinha? - neguei novamente - Pois tá uma bafafa entre os envolvidos. 

Íris: Iiiih meu Deus. - falei preocupada - O que eu fiz? 

Bruna: Tu bêbada foi falar para o NJ do Perigo. - abri maior olhão - Pois é minha filha, um babado atrás do outro. - se sentou ao meu lado - Ele falou para o RK do teu envolvimento e disse que não quer ser associado com você a nada e nem que fiquem de gracinha falando teu nome. 

Íris: O que eu falei, Bruna? - perguntei ainda preocupada - Eu realmente não lembro de nada, nem sei como eu cheguei em casa. 

Bruna: NJ te trouxe aqui e tu começou a falar do bofe lá. - disse rindo - Eles são muito próximos, amiga. 

Íris: Próximos quanto? - ela fez uma cara - Porque tu não me contou, Bruna?

Bruna: Eu não sabia, amiga. - bufei - Juro pra tu, cara. - assenti séria - Eu sou mulher do RK a quatro anos só e acho que o Perigo está a três anos na cadeia, né? 

Íris: Acho que é isso, nunca quis saber muito. - encostei a cabeça no sofá - Achei que nunca mais a gente ia se ver. - suspirei - Caralho que vacilo! 

Bruna: Vacilou mesmo em amiga. - passou a mão pelo meu cabelo - E tu sabe que logo logo ele tá na rua né? - olhei pra ela assustada 

Íris: Bruna, como assim? - desencostei no sofá incrédula 

Bruna: RK tá no corre disso e faz tempo viu. - neguei desacreditada - Faz uns três meses, fiquei sabendo hoje. 

Íris: Bruna, eu tenho que dar um jeito de sumir. - me levantei desesperada - Se ele for solto...meu Deus, será que ele vem atrás de mim? 

Eu gosto dele ainda, mas pensar em tudo o que ele já me fez me da muito medo do que pode acontecer se a gente se encontrar novamente. 

Bruna: Para de ser louca! - se levantou e ficou na minha frente  - Não vai pra lugar nenhum! - falou séria e segurando os meus braços - Eu prometi pra tu que vou te proteger, não foi? - assenti com lágrimas nos olhos - Então pronto! -soltou meus braços - Ele só vai chegar perto de tu, se tu quiser, tá me ouvindo? 

Íris: Ele é perigoso, amiga. - respirei fundo - O próprio vulgo já diz né. - ela sorriu de leve 

Bruna: Amiga, eu vou te proteger! - segurou meu rosto - Estou contigo, pô. 

Íris: Tudo bem, amiga. - ela sorriu e me abraçou - Obrigada por tudo em tão pouco tempo. 

Bruna: Tu é uma mina firmeza! - soltou do abraço - Falando nisso, pensou na proposta? - Neguei - Amiga, se tu não quiser está tudo bem também. Eu não vou ser menos sua amiga ou ficar chateada por isso. - assenti - Mas tu tem que ter noção de que entrar para o corre não é simples. 

Íris: Eu sei amiga, mas na situação que eu estou. - me sentei no sofá - Preciso arrumar algo pra fazer...ganhar dinheiro. - passei a mão entre os meus cabelos 

Bruna: Já te falei pra não fazer nada no desespero! - falou brava - Vai procurar um emprego, melhor. 

Íris: Mas eu estou procurando, amiga. - prendi o cabelo - Está difícil. 

Bruna: Amiga, minha mãe já tá surtando com as crianças e tu sabe que eu não consigo ficar de dia com eles, o corre é louco. -   se sentou ao meu lado - Se ela falar que não vai ficar mesmo, tu fica como babá das minhas crianças, pode ser? 

Íris: Pode, amiga. Qualquer coisa, mulher. - ela riu - É sério, estou desesperada. 

Bruna: Vou ver certinho com ela e até segunda eu te falo, pode ser? - assenti - Vou indo, depois a gente se fala. Se cuida. - dei dois beijinhos no meu rosto e saiu 

Me levantei do sofá, tranquei a porta e fui até o banheiro. 
Tirei a roupa, liguei o chuveiro e entrei de baixo do mesmo. 

Ainda estou atormentada com esse negócio do Perigo. 
Não sei o que sentir.

É uma mistura de medo com felicidade. 
Não sei dizer ao certo se é felicidade, mas é algo bom ao mesmo tempo que tenho muito medo. 

Ele sendo aliado dos meninos e próximo, a gente vai acabar se esbarrando. 
Não é algo que eu queria por agora, mas Deus sabe de todas as coisas. 

É aguardar e confiar que tudo dará certo. 
Minha vida parece uma novela mexicana.