Visita íntima

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Uma semana depois...

Íris

Peguei meu celular e as chaves de casa, saí e tranquei tudo.

Hoje é dia de ir visitar a gatinha da minha irmã.
Estou morrendo de saudades, pois na primeira visita que é de quarta-feira eu não consegui ir.
Quarta e domingo é a visita do Perigo e as visitas dela são de quarta e sábado.

Fico a semana inteira praticamente visitando os outros.
Agora é raro parar em casa, porque ou estou trabalhando ou indo pra visita.

Está bem corrido a minha vida, mas o que me conforta é saber que a minha irmã está se recuperando.

Arrumei a minha bolsa no meu ombro e fui cortando pelos becos, até chegar no começo da favela.

Avistei o J2 e fui falar com ele.

J2: Eae, cachinhos. -mexeu no meu cabelo e em seguida me abraçou

Íris: Eae, gatinho. - retribui o abraço - Tu tá bem? - sai do abraço e olhei pra ele

J2: Tô sim, pô e você? - falou passando a mão no meu cabelo

Íris: To na maior correria, mas estou bem sim. -sorri- Deixa eu ir, se não chego atrasada. 

J2:É que eu to de plantão agora, se não levava tu. -falou e olhou o relógio de pulso -Ta indo pra onde? -voltou o olhar para mim

Íris: Ver a minha irmã. Fica tranquilo, pô. - sorri

J2: Aé, pode crê. Se tu quiser eu dou um salve ali no irmão pra levar tu.

Íris: Precisa não, fica em paz. Beijos estou indo. - saí andando

J2: Vigia viu!? fé aí pra tu. - ouvi ele falando

Eu e o J2 agora temos uma relação de carinho, não digo que somos amigos, pois não chegou nesse nível ainda.

Mas eu gosto dele pra caramba e creio que ele também gosta de mim, então acaba sendo uma relação de carinho entre nós dois.

Coloquei os meus fones e continuei o meu caminho.
A caminhada é longa até chegar lá.

...

Ivana: Mas me conta, como está tudo por lá? - sentou ao meu lado, olhando em meus olhos

Íris: Está tudo em ordem. Só muito corrido. - sorri de lado- Mas não estamos aqui para falar de mim, quero saber de tu, como tá por aqui?

Ivana: Aqui é um lugar legal, conheci bastante gente, até com histórias parecidas com a minha. -sorriu de leve - Apesar dos momentos ruins, que são quando a abstinência bate, é um lugar bom. - suspirou

Íris: Realmente parece um lugar incrível, aqui tem de tudo. - olhei em volta - Escolhi uma das melhores clínicas para você e espero que você leve a sério tudo o que está passando aqui dentro, porque eu não quero perder você. - falei séria olhando pra ela

Ivana: Eu sei que você quer a minha melhora. Eu tenho que pedir perdão por tudo...-suspirou

Íris: Não, não tem...- falei sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas 

Ivana: Tenho sim, eu sou a sua irmã mais velha, Íris. Não era pra tu cuidar de mim e sim eu de você. - pegou nas minhas mãos - Eu fui uma péssima irmã mais velha, eu sei. Te dei muitas responsabilidades desde cedo, e tenho que pedir perdão por tudo o que te fiz passar e por tudo que você está passando agora, por mim.

Íris: Ivana...está tudo bem, de verdade. Não tenho mágoa nenhuma. Tudo o que eu passei na minha vida inteira, foi por um propósito e se eu sou quem sou hoje, é por tudo isso. - falei gesticulando - Você realmente não foi a melhor irmã do mundo, mas se tivesse sido diferente, quem eu seria? - ri com algum lágrimas nos olhos- Eu não seria esse mulherão da porra não. - ela riu- Então está tudo bem.

Ivana: Realmente tu é um mulherão da porra e nem to falando de corpo. Batalhadora desde pequena. -me abraçou de lado

Puxei outro assunto, se não íamos ficar a visita toda chorando.
Realmente hoje eu não tenho mais mágoas de nada do que passei com ela, está completamente perdoada.

Passei por tudo aquilo e não me arrependo, se eu tivesse a oportunidade de voltar no tempo, eu realmente não mudaria nada do que eu passei.
Algumas coisas me doem ainda, mas hoje, bem menos.

Depois de conversar mais um pouco, ela me apresentou para algumas amigas e conheci um pouquinho da história de cada.

Foi realmente uma experiência boa, que eu nunca imaginei que teria.

Deu a hora de se despedir.
Abracei ela bem forte e ficamos por alguns segundos.

Íris: Fica bem e não precisa se preocupar comigo, eu estou muito bem. Foca aqui e na sua recuperação. - falei e saí do abraço

Ivana: Juízo em, Íris. Toma cuidado. -beijou a minha testa- Obrigada por sempre acreditar em mim- sorriu

Saí de lá com o coração na mão e lágrimas nos olhos.
O importante é que ela está lidando muito bem com tudo isso.

...

Cheguei em casa extremamente cansada, além de ser longe, tem que pegar vários transportes para chegar até lá e é isso que mata o ser humano.

Tirei a minha roupa, ficando só de calcinha e sutiã, na sala mesmo, morta de calor.
Fui para a cozinha, fiz um miojo e comi.

Fui para o banheiro, tomei um banho gelado e lavei o cabelo.
Saí de toalha e fui para o meu quarto, peguei meu celular e me joguei na cama mexendo no mesmo.