38

30.9K 2.1K 309
                                    

íris

Acordei assustada sentindo uma mão passar pelo meu corpo. 
Me levantei da cama rápido e vi o Tadeu sorrindo. 

Meus olhos se encheram de lágrimas. 

Estava cansada de toda essa situação. 

íris: Ridículo! - falei alto, peguei meu celular e sai do quarto - Meu Deus do céu...que nojo! - fui até a sala e me sentei no sofá 

O Nino não permitia eu dormir na sala. 

Comecei a chorar. 
Meu psicológico estava abalado, não aguento mais viver! 

Deus, me dê um sinal? 
O que eu faço? 

Meu celular vibrou e eu vi que era três horas da manhã. 
Minhas mãos soaram, meu coração começou acelerar e eu já sabia o que tinha que fazer. 

Hoje é quarta-feira, seria o dia de visita. 
Não sei nem se vou conseguir entrar, por estar sem a carteirinha, mas vou tentar. 

Me levantei, entrei no quarto novamente e fui até o guarda-roupa, peguei algumas roupas e sai do quarto. 

Fui para o banheiro, tomei um banho rápido, me vesti, calcei meu chinelo, peguei meu celular, documento e sai da casa. 

Olhei o trajeto pelo Google Maps. 

 ...

Cheguei em frente ao presido, olhei no celular e era quase seis horas.
Peguei meu número e entrei na fila, fiquei aguardando a ser chamada.  

Estava nervosa e com medo de tudo dar errado. 

Mas dessa vez não pode dar errado...
Deus, me ajuda...faz dar certo, pelo menos uma vez na minha vida. 

Meus olhos se encheram de lágrimas e rapidamente passei a mão no mesmo esfregando. 

Chamaram o meu número e entrei, entreguei meu documento e ela ficou olhando para o meu rosto, esperando a carteirinha. 

íris: Eu acabei esquecendo a carteirinha...desculpa. - fiz cara de dó e ela continuou séria - No seu sistema consta que eu sou autorizada, verifica pra mim, por favor. 

-: Não posso, se não está com a carteirinha, não é permitido entrar! - disse séria e me devolveu o rg 

íris: Por favor. - estava segurando a vontade de chorar - É caso de vida ou morte. - implorei 

-: Visita íntima é caso de vida ou morte? - perguntou debochada - Próxima! - gritou e eu continuei ali na frente - Tu não pode entrar sem a carteirinha! - me olhou novamente 

íris: Por favor...eu necessito entrar. - comecei a chorar - Eu sei que estou errada, mas por favor...lá fora eles querem me matar, moça! - ela ficou olhando pra minha cara - Eu não tenho mais ninguém além dele, tiraram todos de mim e agora querem tirar a minha vida. - sequei as lágrimas - Vim aqui hoje, pois não sei se estarei viva amanhã...eu preciso vê-lo...eu estou implorando! 

Ela continuo olhando pra mim sem reação nenhuma.  

-: Me da o seu documento. - disse séria e eu entreguei pra ela - Essa é a primeira e a última vez e ninguém pode ficar sabendo, ouviu? - disse baixo e eu assenti 

Ela conferiu no sistema e liberou a minha entrada. 
Fiz todos os procedimentos necessários e fiquei aguardando a liberação para entrar no quarto.

Estava suando frio. 
As chances dele me matar aqui dentro é grande, mas o meu desespero é bem maior. 
Eu preciso pelo menos que ele libere a minha entrada na CDD. 

Guarda liberou a entrada e eu continuei parada olhando a porta. 
Olhei para os lados e todas já tinham entrado. 

Respirei fundo e abri a porta, entrei e fechei a mesma. 
Ele estava do mesmo jeito que sempre estava em todas as visitas íntimas. 

Deitado na cama olhando para o teto. 
Ele se sentou e tomou um susto ao me ver. 

Perigo: Tu é maluca? - se levantou e avançou no meu pescoço - O que você tá fazendo aqui? - gritou - Veio pegar mais informações pra entregar para a polícia, vagabunda? - gritou no meu ouvido 

Estava ficando sem ar, comecei bater no braço dele. 

Perigo: Tu vai morrer, mas nem que eu tenha que ficar mais trinta anos preso...tu vai morrer, vagabunda! - deu um tapa na minha cara e soltou o meu pescoço 

Cai no chão desnorteada, respirei desesperadamente, tentando recuperar o folego. 

Perigo: Tu é louca o suficiente para voltar aqui. - deu um chute na minha perna direita - Eu vou matar você na porrada, puta barata! - enrolou a mão no meu cabelo e me arrastou pelo quarto

Ele começou a me dar um monte de socos no rosto.
Ali, naquele momento eu vi que seria o meu fim. 

Deus...a única coisa que eu peço é que não culpe ele por isso, eu que causei tudo. 
Ele não merece ser cobrado por algo que outro alguém causou nele. 

Ela parou de me bater e me jogou no canto do quarto. 
Eu só conseguia chorar baixinho. 

Perigo: Eu confiei tanto em tu...- sentou na cama e passou a mão no rosto - Eu quis te proteger, cuidar de tu...eu prometi fechar contigo e tu me apunhalou pelas costas, garota. - suspirou e eu continuei chorando, no chão, encolhida - Como tu volta? Achou que seria como? Que eu ia aceitar numa boa tudo aquilo e a gente ia transar? - olhou na minha direção - Tu é completamente maluca! 

íris: Eu...não tenho mais nada a perder. - falei com a voz fraga e embargada 

Passei a mão no rosto e vi que estava saindo muito sangue. 
Me sentei com muita dificuldade e dor, encostei na parede. 

Fiquei olhando pra ele e as lágrimas escorrendo. 

Perigo: Eu não queria que esse fosse o fim.- suspirou - Tu é maior vacilona. 

íris: Eu não te trai, Perigo...eu estava desesperada, sem rumo, sem saber o que fazer...eu fiz tudo, menos te trair. - tirei a minha blusa e coloquei no rosto, estancando o sangramento 

Visita íntimaOnde histórias criam vida. Descubra agora