íris
Acordei assustada sentindo uma mão passar pelo meu corpo.
Me levantei da cama rápido e vi o Tadeu sorrindo.Meus olhos se encheram de lágrimas.
Estava cansada de toda essa situação.
íris: Ridículo! - falei alto, peguei meu celular e sai do quarto - Meu Deus do céu...que nojo! - fui até a sala e me sentei no sofá
O Nino não permitia eu dormir na sala.
Comecei a chorar.
Meu psicológico estava abalado, não aguento mais viver!Deus, me dê um sinal?
O que eu faço?Meu celular vibrou e eu vi que era três horas da manhã.
Minhas mãos soaram, meu coração começou acelerar e eu já sabia o que tinha que fazer.Hoje é quarta-feira, seria o dia de visita.
Não sei nem se vou conseguir entrar, por estar sem a carteirinha, mas vou tentar.Me levantei, entrei no quarto novamente e fui até o guarda-roupa, peguei algumas roupas e sai do quarto.
Fui para o banheiro, tomei um banho rápido, me vesti, calcei meu chinelo, peguei meu celular, documento e sai da casa.
Olhei o trajeto pelo Google Maps.
...
Cheguei em frente ao presido, olhei no celular e era quase seis horas.
Peguei meu número e entrei na fila, fiquei aguardando a ser chamada.Estava nervosa e com medo de tudo dar errado.
Mas dessa vez não pode dar errado...
Deus, me ajuda...faz dar certo, pelo menos uma vez na minha vida.Meus olhos se encheram de lágrimas e rapidamente passei a mão no mesmo esfregando.
Chamaram o meu número e entrei, entreguei meu documento e ela ficou olhando para o meu rosto, esperando a carteirinha.
íris: Eu acabei esquecendo a carteirinha...desculpa. - fiz cara de dó e ela continuou séria - No seu sistema consta que eu sou autorizada, verifica pra mim, por favor.
-: Não posso, se não está com a carteirinha, não é permitido entrar! - disse séria e me devolveu o rg
íris: Por favor. - estava segurando a vontade de chorar - É caso de vida ou morte. - implorei
-: Visita íntima é caso de vida ou morte? - perguntou debochada - Próxima! - gritou e eu continuei ali na frente - Tu não pode entrar sem a carteirinha! - me olhou novamente
íris: Por favor...eu necessito entrar. - comecei a chorar - Eu sei que estou errada, mas por favor...lá fora eles querem me matar, moça! - ela ficou olhando pra minha cara - Eu não tenho mais ninguém além dele, tiraram todos de mim e agora querem tirar a minha vida. - sequei as lágrimas - Vim aqui hoje, pois não sei se estarei viva amanhã...eu preciso vê-lo...eu estou implorando!
Ela continuo olhando pra mim sem reação nenhuma.
-: Me da o seu documento. - disse séria e eu entreguei pra ela - Essa é a primeira e a última vez e ninguém pode ficar sabendo, ouviu? - disse baixo e eu assenti
Ela conferiu no sistema e liberou a minha entrada.
Fiz todos os procedimentos necessários e fiquei aguardando a liberação para entrar no quarto.Estava suando frio.
As chances dele me matar aqui dentro é grande, mas o meu desespero é bem maior.
Eu preciso pelo menos que ele libere a minha entrada na CDD.Guarda liberou a entrada e eu continuei parada olhando a porta.
Olhei para os lados e todas já tinham entrado.Respirei fundo e abri a porta, entrei e fechei a mesma.
Ele estava do mesmo jeito que sempre estava em todas as visitas íntimas.Deitado na cama olhando para o teto.
Ele se sentou e tomou um susto ao me ver.Perigo: Tu é maluca? - se levantou e avançou no meu pescoço - O que você tá fazendo aqui? - gritou - Veio pegar mais informações pra entregar para a polícia, vagabunda? - gritou no meu ouvido
Estava ficando sem ar, comecei bater no braço dele.
Perigo: Tu vai morrer, mas nem que eu tenha que ficar mais trinta anos preso...tu vai morrer, vagabunda! - deu um tapa na minha cara e soltou o meu pescoço
Cai no chão desnorteada, respirei desesperadamente, tentando recuperar o folego.
Perigo: Tu é louca o suficiente para voltar aqui. - deu um chute na minha perna direita - Eu vou matar você na porrada, puta barata! - enrolou a mão no meu cabelo e me arrastou pelo quarto
Ele começou a me dar um monte de socos no rosto.
Ali, naquele momento eu vi que seria o meu fim.Deus...a única coisa que eu peço é que não culpe ele por isso, eu que causei tudo.
Ele não merece ser cobrado por algo que outro alguém causou nele.Ela parou de me bater e me jogou no canto do quarto.
Eu só conseguia chorar baixinho.Perigo: Eu confiei tanto em tu...- sentou na cama e passou a mão no rosto - Eu quis te proteger, cuidar de tu...eu prometi fechar contigo e tu me apunhalou pelas costas, garota. - suspirou e eu continuei chorando, no chão, encolhida - Como tu volta? Achou que seria como? Que eu ia aceitar numa boa tudo aquilo e a gente ia transar? - olhou na minha direção - Tu é completamente maluca!
íris: Eu...não tenho mais nada a perder. - falei com a voz fraga e embargada
Passei a mão no rosto e vi que estava saindo muito sangue.
Me sentei com muita dificuldade e dor, encostei na parede.Fiquei olhando pra ele e as lágrimas escorrendo.
Perigo: Eu não queria que esse fosse o fim.- suspirou - Tu é maior vacilona.
íris: Eu não te trai, Perigo...eu estava desesperada, sem rumo, sem saber o que fazer...eu fiz tudo, menos te trair. - tirei a minha blusa e coloquei no rosto, estancando o sangramento
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Visita íntima
Teen Fiction+18| Cidade de Deus, RJ. Você foi dos amores que eu tive, o mais complicado e o mais simples para mim.... Você foi a maldade que só me fez bem, A brincadeira mais séria que me aconteceu O melhor dos meus erros A mais estranha história Que alguém...