Um mês depois...
Íris
Eunice: Pode ir minha flor, eu dou conta do resto. - pegou o pano que eu estava limpando o balcão
Íris: Tem certeza? - ela assentiu, agradeci e fui me trocar
Assinei a folha de ponto, me despedi da dona Eunice e fui saindo.
Fui subindo tranquilamente, já estava tarde, mas a favela estava calma e aparentemente segura.
Cheguei na viela aonde eu moro e vi umas quatro motos em frente a minha casa e a porta aberta, sai correndo na direção.
Entrei em casa e vi o Gordo apontando uma arma pra minha irmã e a mesma chorando.
Íris: O que está acontecendo? - todos os caras olharam pra mim - Que merda tu fez, Ivana? - perguntei com a voz embargada
Ivana: Me perdoa. - falou baixinho mas deu escutar - Eu te amo!
Gordo: Tu não falou pra tua irmã não sua nóia do caralho? - negou de leve - Essa vadia tá devendo 10 mil pá nois, foi usado tudo em droga e sei que tu nem tem condição de pagar, então ela vai pagar com a vida. - me olhou, mas continuou com a arma na cabeça da minha irmã
Íris: 10 mil? - gritei - Como vocês deixam a pessoa usar dez mil reais em drogas? - falei desesperada - meu Deus. - me sentei na ponta do sofá e coloquei as mãos no rosto - Que merda tu fez da tua vida, garota?
Gordo: Ela vai pagar com a vida agora. - olhei pra ele chorando - Tu é uma mina firmeza, Íris, mas as regras são bem claras. - destravou a arma
Íris: Não...não.- entrei na frente da minha irmã
Ivana: Sai, Íris. Eu sou culpada, mereço morrer.
Íris: Por favor, Gordo. - falei gesticulando - Eu trabalho pra vocês até a dívida ser paga, sei lá...qualquer coisas, só não tira ela de mim.
- Tá achando que nois é o que filhona? - um dos caras que estava com ele se pronunciou pela primeira vez
Íris: Eu faço umas missão...qualquer coisa, Gordo! - implorei - Só não tira a minha única família, por favor. - ajoelhei
Ivana: Íris, sai daqui! Eu to mandando. - me empurrou e eu cai no chão - Eu que fiz as merdas agora vou pagar!
Íris: TU NÃO ENTENDE, NÉ GAROTA? - gritei me levantando- TU É A ÚNICA FAMÍLIA QUE EU TENHO, DESGRAÇADA! E EU VOU FAZER DE TUDO PRA TE MANTER BEM E VIVA. - me levantei
Gordo: Qualquer coisa mermo? - assenti de leve e ainda chorando- Beleza! Mais tu. - apontou pra minha irmã - Tá proibido da pegar droga em qualquer boca daqui!
Ivana: O que tu está fazendo, Íris? - limpou as lágrimas - Eu não mereço mais uma chance, eu só fodo com a tua vida, cara!
Gordo: Mais tarde tu brota lá na boca principal. - falou sério, assenti e em seguida ele saiu com os envolvidos
Ivana: BURRA. - gritou - É isso que tu é...burra do caralho!
Fui pra cima dela e comecei a dar um monte de tapa na mesma.
Caímos no chão na porrada.
Cah: Que porra é essa? - me puxou - PARA! - me tirou de cima dela
Íris: ISSO TUDO É CULPA TUA, FILHA DA PUTA! - gritei apontando pra ela - EU FALEI PRA TU IR ATRÁS DE DINHEIRO, NÃO DE DÍVIDA, DESGRAÇADA! - Cassandra me arrastou para o meu quarto a força, enquanto eu me debatia
Cah: O que tá acontecendo? Nunca te vi assim.
Íris: Essa filha da puta está devendo 10 mil reais pro comando. - passei a mão entre os meus cabelos - Eu vou trabalhar pra eles, até pagar a dívida.
Cah: Puta que pariu, Íris...-sentou na ponta da cama - Que merda, que merda. - bateu nas pernas - E agora?
Íris: Merda é pouco. - respirei fundo - Mas eu não posso perder ela, Cassandra...ela é a única família que eu tenho, ainda tenho esperanças de que ela vai ficar bem. - comecei a chorar
Cah: Amiga...-me abraçou forte - Temos que arrumar um jeito de colocar ela numa clínica e resolver toda essa situação. - assenti de leve
...
Olhei no relógio e ia dar onze da noite.
Chorei até dormir, estou até com dor de cabeça.
Levantei e fui até o banheiro, meu rosto está inchado.Vesti uma calça jeans preta e uma regata branca
Peguei meu celular e fui saindo do quarto.
Ivana: Íris...- sai de casa sem nem olhar pra trás
Por mais que eu esteja fazendo isso tudo por ela, no momento estou com ódio dessa desgraçada.
Cheguei no barraco que era a boca principal e os vapores me deixaram entrar.
Ele estava sentado fumando maconha.
Gordo: Achei que tu não vinha. - falou olhando a hora no relógio de pulso - Senta aí, pô.
Me sentei na cadeira em frente a mesa e olhei pra ele.
Estou suando frio.
Que merda eu fiz mano?
Puta que pariu!Gordo: Papo reto, Íris? To até fazendo uma caridade pra tu. Mas é aquilo, junta o útil com o agradável. Tu vai visitar meu mano - interrompi ele
Íris: É o perigo? Não me diz que é ele, por favor. - ele assentiu e eu abri maior olhão
Os boatos que tem dele por aí, é que ele é o pior da facção.
Falam tanto bglh dele.
Gordo: Esse é o único corre pra tu, Íris! To fazendo um bglh que nem podia tlg? Aliviando pra tu, então colabora, pô. - assenti suspirando - Tu vai ter que ir de domingo e quarta. Domingo é a visita normal só pra levar o jumbo, na quarta é visita íntima...- eu olhei assustada pra ele
Íris: Visita íntima? Sério isso? - falei desacreditada
Gordo: E eu to com cara de quem está brincando, porra? - cruzou os braços, ainda com o baseado entre os dedos
Íris: Então pra mim pagar a dívida, eu vou ter que me prostituir? - falei suando frio
Gordo: Se é assim que tu quer chamar, pô.
Ele disse que a minha carteirinha estaria pronta amanhã, pra já ir no domingo.
Sai do barraco com o coração na mão.No que eu me menti, meu Deus?
Fui direto pra casa, cheguei e não tinha ninguém na sala.
Subi para o meu quarto e me joguei na cama.
Puta que pariu...
Eu vou ter que me envolver com o pior traficante da facção inteira.
Essas coisas só acontecem comigo!Devo ter jogado pedra na cruz, só pode!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Visita íntima
Teen Fiction+18| Cidade de Deus, RJ. Você foi dos amores que eu tive, o mais complicado e o mais simples para mim.... Você foi a maldade que só me fez bem, A brincadeira mais séria que me aconteceu O melhor dos meus erros A mais estranha história Que alguém...