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Íris 

Passei a noite em claro. 
Estava agoniada aqui dentro, fiquei a noite todinha indo de uma lado para o outro. 

Agora eu me pergunto, como o Perigo conseguiu ficar quatro anos preso sem enlouquecer?
Porque eu nem fui pra cadeia, estou no Deck ainda e já estou quase batendo a cabeça na parede. 

Parece que a hora não passa aqui dentro. 
Inclusive, hoje é o último dia do ano. 

Vou te um excelente ano novo! 
Já terminei bem e vou começar melhor ainda. 

-: Sua advogada chegou. - abriu a cela

Levantei rápido e caminhei até ele. 

-: Preciso colocar algemas? - neguei - Então vamos. - colocou a mão no meu ombro 

Fechou a cela e me guiou até uma salinha. 
Entrei e a advogada já estava sentada. 

Ela me olhou, sorriu e se levantou. 

-: Bom dia, Íris! - se aproximou e estendeu a mão, cumprimentei a mesma 

Íris: Oi, doutora. - falei desanimada - Me diz que tu vai ser a minha salvação. 

-: Senta, vamos conversar e entender o que houve. - assenti e me sentei - Me chamo Renata. - sentou na outra cadeira - Quero que tu me conte tudo e não minta sobre nada. 

Íris: E alguém estiver nos escutando. - olhei para os lados - Não posso ficar aqui, doutora! 

Renata: Não tem ninguém escutando a gente, não podem fazer isso. - assenti mais tranquila - Agora me conta tudo. 

Íris: Olha, sinceramente eu nem sei quais são os crimes que ele cometeu...não tenho a mínima ideia. - ela concordou - Tive um acontecido e fiz um acordo com o amigo dele, comecei a visita-lo, foi assim que nos conhecemos. Mas não tenho envolvimento nenhum com a fuga dele ou nada de errado que ele tenha feito. 

Renata: Certo, o que você disse para o delegado? - olhou alguns papéis - Vi que vocês tiveram uma conversa. - assenti 

Íris: Eu disse que nos conhecemos através de uma amiga em comum e ela me apresentou ele como Samuel. - ela concordou - Disse que não sabia do envolvimento dele com o crime. 

Renata: As vezes precisamos ocultar a verdade. - fechou a pasta - A minha intenção é abrir um habeas corpus, mas vou ser sincera, juiz só vai querer saber ano que vem. - passei a mão no rosto nervosa - Eu tenho uma relação de amizade com o Delegado Danilo, vou tentar conversar com ele sobre a sua situação. - concordei - Provavelmente eles vão chamar você para o interrogatório novamente, eu estarei presente agora, mas peço que lembre de tudo o que foi dito, você não pode cair em contradição. 

Íris: Pode deixar, doutora. - respirei fundo - Estou treinando a minha mente. 

Renata: O Samuel pediu para avisar que está e vai fazer de tudo para te tirar daqui logo. - sorri com lágrimas nos olhos 

Íris: Fala pra ele que eu mandei ele sumir, doutora. - ela assentiu e se levantou - Diz que eu estou bem e que esse mal entendido será resolvido logo...mesmo que seja mentira. 

Renata: Vou avisar sim. - pegou as coisas dela - Vou ir conversar com o delegado. 

Íris: Tá bom, doutora...muito obrigada. - me levantei e caminhei até a porta 

O policial abriu e me levou até a cela. 

Por mais que quero sair daqui o mais rápido possível, tenho que ser realista. 
Acredito que infelizmente vou ter que passar alguns dias aqui. 

...
Perigo 

J2: Acho melhor tu sumir por um tempo. - sentou na cadeira de frente para a minha mesa - Deixa que eu resolvo. 

Já estava na CDD. 
Não consegui dormir e nem comer direito. 

Estou preocupado com ela e arrependido por ter inventado essa viagem. 

Perigo: Já disse que não vou pra lugar nenhum até conseguir tirar ela daquele lugar! - falei estressado - Só vou dar um sumiço quando estiver com ela. 

J2: Isso é burrice, Perigo. - respirei fundo - Estou falando como conselho de amigo, se invadirem aqui, eles vão fazer de tudo pra levar a sua cabeça junto. 

Perigo: Essa foi a vida que eu escolhi. - ele negou - J2, namoral mermo? Me deixa em paz! 

J2: Caralho, Perigo. - bateu na mesa - Tu tá sendo burro, parceiro. - gritou - E tu sabe bem. bandido burro, morre! - se levantou - Quando tiver um pouquinho de inteligência, tu me procura. - caminhou até a porta - Da licença.

Joguei tudo o que estava em cima da mesa, no chão. 
Acabou voando uma foto, me levantei e peguei. 

Era uma foto dela. 
Gordo me mandou, antes dela ir me visitar. 

Sorri fraco lembrando dos nossos momentos. 
Me sentei na cadeira novamente ainda olhando a foto. 

Ela é muito linda. 
Nunca vi na minha vida alguém com a beleza dessa mulher. 

Não quero que ela fique longe, ainda mais no lugar que ela está agora. 

Meu celular vibrou, peguei do bolso e vi que é uma ligação da advogada. 

Perigo: Boa tarde, Renata. - falei logo que atendi - Conseguiu resolver? 

Renata: Boa tarde, Pierre. Ainda não consegui resolver. - passei a mão no rosto - Só estou ligando para dar noticias sobre ela. 

Perigo: O que ela falou, doutora? - perguntei preocupado 

Renata: Disse que está bem e é para você sumir, da um tempo de tudo. 

Perigo: Não posso deixar ela. - suspirei - É complicado...

Renata: Pierre...te conheço a muitos anos e sei que você está amando, que quer ver ela bem e ao seu lado, mas você só vai conseguir ter ela ao seu lado, se conseguir se proteger também. - me encostei na cadeira aflito - Cuida de você e deixa que eu cuido dela. 

Perigo: Mas eu não vou ter paz, doutora. 

Renata: Desde quando tu escolheu seguir nessa vida, tu sabia que nunca ia ter paz...eu estou cuidando de tudo e ela pediu para você sumir, depois que essa tempestade passar, vocês se encontram! 

Perigo: Tudo bem, doutora...- respirei fundo - Vou sumir por um tempo, quem vai ficar no comando é o J2, qualquer bagulho tu fala com ele. - ela concordou - E cuida dela para mim, por favor. 

Renata: Eu já estou cuidando, não se preocupe! 

Perigo: Obrigada! - desliguei 

Não sei para onde eu vou, mas só vou sumir porque ela pediu. 
Preciso cuidar da minha segurança, para quando ela estiver aqui, isso não acontecer novamente. 




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