Batman: A Sombra de Gotham

06 - A Ladra de Coração Selvagem

A cidade de Gotham estava mergulhada na escuridão da noite, iluminada apenas pelos brilhantes letreiros de néon que marcavam as ruas. Os prédios altos se erguiam como sentinelas sombrias, e a névoa densa envolvia as ruas desertas. Enquanto os habitantes dormiam tranquilamente em suas casas, uma figura felina esgueirava-se pelos becos sombrios. Era a Mulher Gato, uma ladra habilidosa e sedutora, em busca da próxima joalheria que seria sua vítima.

Seus passos silenciosos ecoavam na calçada, seus olhos brilhavam com uma determinação feroz. Ela estava em busca de uma jóia rara, algo que despertasse deslumbramento e cobiça. Enquanto caminhava pelas ruas desertas, a mente da Mulher Gato se perdeu nas lembranças de seu passado turbulento.

Flashbacks da jovem Selina Kyle, uma órfã que lutava para sobreviver nas ruas impiedosas de Gotham, invadiram sua mente. Sua história de origem era marcada por tristeza e solidão, mas também por uma determinação inabalável. Aos poucos, as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar em sua mente.

—Onde será que encontro a próxima joalheria? Pensou Selina enquanto caminhava pelas ruas sombrias. Seu movimento sedutor e sorrateiro era apenas uma fachada para a dor que carregava consigo.

Ela recordou o momento em que presenciou o assassinato de seus pais. A dolorosa lembrança de um homem mascarado tirando a vida deles da forma mais brutal possível. A partir daquele momento, Selina jurou nunca mais se tornar uma vítima, prometendo a si mesma que se vingaria dos que causaram tamanho sofrimento.

—O que vocês estão fazendo aqui? Isso é assalto! Gritou o pai de Selina ao ver os homens encapuzados invadindo sua casa.

—Hahaha, assalto? Essa é boa! Caçoou o líder do grupo, encarando o homem com um olhar frio e calculista. —Não estamos aqui pelo dinheiro, estamos aqui para...

Antes que ele pudesse terminar, ouviu-se um tiro ecoando pelo cômodo. Os olhos de Selina se encheram de horror ao ver seu pai cair no chão, ensanguentado. Sem pensar duas vezes, ela correu para se esconder em um armário, lágrimas escorrendo por seu rosto infantil.

As palavras finais do assassino ecoaram em sua mente: —Não procure vingança, pequena garota. Você não é páreo para nós.

Selina nunca esqueceu aquelas palavras. Nunca esqueceu o rosto daquele homem mascarado que lhe roubou a família. Aquela foi a noite em que Selina Kyle morreu e a Mulher Gato nasceu. Desde então, ela se tornou a sombra de Gotham, uma justiceira nas sombras que roubava dos ricos e corruptos para proteger os inocentes.

Seu próximo destino, a joalheria Van Tassel, estava logo à frente. Com um sorriso malicioso no rosto, a Mulher Gato aproveitou suas habilidades de escalada para subir a fachada do prédio silenciosamente, como uma sombra. Ela contava com a escuridão da noite para encobrir sua presença enquanto adentrava o local.

O interior da joalheria era deslumbrante, com vitrines repletas de diamantes, pérolas e safiras. A Mulher Gato se sentiu tentada a se perder naquele mar de luxo, mas manteve o foco em sua missão. Seus olhos fixaram-se em uma jóia rara, um colar adornado com um rubi excepcionalmente valioso.

—Só mais alguns passos, e essa jóia será minha. Sussurrou ela para si mesma, suas garras afiadas roçando a pele de suas luvas.

Enquanto ela se aproximava da vitrine, sua mente voltou para seu treinamento árduo nas artes do roubo. Anos de estudo e prática a transformaram em uma exímia acrobata e mestra em artes marciais. Ela se movia com graça e agilidade, como se desafiasse as leis da física.

Contudo, naquele momento, suas habilidades foram postas à prova quando um som de alarme disparou pela joalheria. A Mulher Gato praguejou em silêncio, mas manteve a calma. Ela sabia que o tempo estava contra ela, e precisava agir rapidamente.

Enquanto continha a respiração, a Mulher Gato se concentrava em desativar o alarme. Seus dedos ágeis correram pelos fios expostos no painel, encontrando rapidamente a conexão certa e cortando-a com precisão cirúrgica. O silêncio retornou à joalheria, exceto pelo distante som dos carros da polícia se aproximando.

Com um sorriso satisfeito, a Mulher Gato se abaixou diante da vitrine. Ela acionou suas garras retráteis e, com um único movimento, quebrou o vidro, segurando o colar valioso em suas mãos. O rubi brilhava intensamente, como uma balão incandescente em suas palmas pálidas.

—Ah, Gotham City, assim você me cativa. Sussurrou a Mulher Gato, sua voz meio rouca e cheia de sarcasmo. Ela se virou para trás e avançou em direção à saída. Mas antes de escapar para as sombras, ela olhou para trás.

No topo do prédio, a silhueta imponente do Batman dominava o horizonte sombrio de Gotham City. A Mulher Gato podia sentir a presença dele, o frisson de adrenalina percorrendo seu corpo. Ela sabia que estava sendo observada, e uma estranha mistura de excitação e curiosidade tomou conta dela.

—Você ainda não viu o último de mim, Batman. Sussurrou a Mulher Gato, antes de se fundir com a noite e desaparecer na escuridão. Apenas uma risada felina foi deixada para trás, flutuando suavemente pelo ar.