BÔNUS AROLDO

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- Pode se sentar aqui. - O guarda do local me direcionou para uma cadeira disponível.

- Valeu. - Agradeci, acomodando-me e aguardando.

Tentei evitar ao máximo essa situação, mas não havia escapatória; mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentá-la.

O barulho da porta se abrindo chamou minha atenção. Encarei a pessoa algemada que saiu de lá e, nervosamente, cocei a nuca.

- Quanto tempo. - Ela falou, tomando o assento.

- Desculpa. - Cocei a nuca novamente. - Tive alguns imprevistos.

Ela gargalhou.

- Você acha que eu não te conheço? - Encarou-me com um semblante péssimo. - Você só faz merda, desembucha logo, Aroldo.

Engoli o seco em segundo, mesmo estando presa, Katia nunca me deixaria deixar de sentir esse medo avassalador que ela me causava.

Sim, dela eu tinha medo.

- Analiz fugiu. - Soltei de uma vez, sem olhar diretamente para ela.

O soco na mesa me assustou.

- Idiota. - Ela falou alto, chamando a atenção dos guardas.

Ao perceber a situação, logo se recompõe.

- O que você fez? - Perguntou mais calma.

- Eu nada. - Respondi.

- Você acha que eu não te conheço? Você não pode ver uma mulher jovem, Aroldo. O que foi que você fez e eu não vou perguntar novamente.

Engoli em seco novamente. Odiava sentir o medo que Katia me fazia sentir.

- Tentou abusar dela, não foi?

Desviei meus olhos.

- Como você pode ser tão burro, Aroldo? E agora? Como vai encontrá-la?

- Já encontrei. - Respondi. - Ela é vizinha do seu ex-marido.

- Do Gustavo?

- E está bem perto, bem perto digo frente a frente.

Ela ficou em silêncio, então a olhei.

- Não acho que ele saiba. - Falei, deduzindo o que ela estava pensando.

- Aí depende do quão esperto você foi. - Ela me olhou. - O que fez com a medalha que estava com ela quando a roubou?

- Se for aquela que ela nunca tira do pescoço, está com el,,, ai. - Resmunguei quando ela pisou no meu pé.

- Idiota, mil vezes idiota, seu imbecil, você nunca deveria ter deixado a medalha com ela, Aroldo. - Começou a bagunçar os cabelos, claramente preocupada.

- Qual é o problema da medalha? Deve haver umas três dúzias delas por aí. - Falei sem entender.

- Dessa não seu merda. Essa é única, feita sob encomenda. Cada filha do Gustavo tem uma. Eu sei disso porque as imbecis de Alysson, Belinda e Caitlin tinham quando morava com elas.

Cocei a nuca quando comecei a entender.

- Então...- Comecei.

- Então, se o Gustavo ainda tem a mesma inteligência que tinha quando eu vivia com ele, ele certamente já sabe. - Ela apoiou as costas na cadeira. - E em breve, a Daniella vai saber, e aí meu plano de anos vai por água abaixo. - Falou com os olhos distantes.

- Gustavo pode ser, mas a Daniella já é outra história.

Ela me olhou, curiosa.

- Como assim? - Quis saber.

- Tentei pegar a pirralha da Jhoane na casa da Analiz, e no meio da confusão a Daniella apareceu. Quando Helena começou a falar o que eu a fiz acreditar sobre a Analiz, a Daniella começou a humilhá-la.

- Isso é novo. - Falou intrigada.

- Pelo que entendi, eles estão separados, e ela acha que a Analiz tem um caso com o Gustavo.

Kátia Gargalhou.

- Como sempre burra. - Disse sorrindo. - Agora, quero saber o que quis dizer com "confusão". - Ela fez aspas no ar.

Às vezes, eu ficava surpreso com Katia; ela nunca deixava nada passar.

- Quis dizer Gustavo e companhia, Guilherme, Aron, as gêmeas e agora o patrão da Analiz que resolveu a proteger, sem contar os filhos de cada um deles.

Katia parou por um momento.

- Tem muita gente perto dela assim? - Perguntou.

- Parece que sim. E nem faz tanto tempo assim que ela saiu de casa.

Analiz sempre foi bom com as pessoas. Automaticamente me lembrei dela.

Odiava sentir todo esse desejo reprimido por Analiz. Ela era linda, como eu queria. Como eu queria.

- Se não tivesse sido tão burro, nada disso teria acontecido.

Respirei fundo.

- Agora, tenho certeza de que Gustavo sabe que ela é filha dele, e se ele sabe, está feliz. A última coisa que quero é aquela família maldita feliz. - Katia bateu na mesa.

Dei um leve susto. Katia assim só poderia estar querendo algo ruim.

- Eu quero que faça alguma coisa.

Não disse.

- O quê?

- EU NÃO SEI. - Gritou batendo na mesa novamente e chamando mais uma vez a atenção dos guardas.

E mais uma vez, ela me assustou. Eu queria sair desse lugar e de perto dela o mais rápido possível.

- Eu não sei. - Falou mais calma. - Mas faça, e faça logo, machuque a Analiz, e não quero que volte aqui como um covarde dizendo que falhou, de novo.

- O tempo acabou. - O guarda falou se aproximando dela.

- Está avisado. - Ela disse, levantando-se e sumindo do meu campo de visão.

...

Chutei uma pedra no chão enquanto voltava caminhando para casa.

Pensava melhor assim; a verdade é que não só Katia, mas eu também queria machucar Analiz.

Estive com ela em minhas mãos e não fiz nada do que queria.

E como eu a queria, aquela mulher causava em mim um turbilhão de sensações que não dava para descrever. Maldita seja.

Aquela mulher era incrivelmente atraente em todos os sentidos. Odiava não tê-la, e pior ainda era saber que estava acontecendo alguma coisa entre ela e aquele juiz de merda. Não precisava ser especialista para poder perceber.

Quando ela o abraçou eu sento uma raiva descomunal, queria parti a cabeça dele e acabar com ela, odiava ver outro o tocando, odiava ver ela permitindo.

Analiz ainda seria minha, custasse o que custasse. Ela seria minha.

Passei a mão pela nuca quando percebi que andava a horas e não havia pensando em nada

- A festa da filha do Kayo Brown é amanhã? - Parei.

- Sim, vai ser. - Uma voz masculina respondeu.

- Virei-me devagar, olhando para a banca de revistas onde havia uma mulher parada com seus olhos preso em uma.

Com cautela, me aproximei e peguei uma revista.

"Violet Brown, o prodígio das passarelas completa 12 anos no próximo final de semana, dando uma festa avaliada em 350 mil, o tema será gala"

Havia uma foto da menina destacando a capa.

Bingo! Era isso, era a oportunidade que eu queria, e veio mais rápido do que eu pensava.

- Vai ser uma grande festa. - Ela disse.

- Com certeza vai.- Respondi dando um meio sorriso.

....

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