KAYO - TRINTA E CINCO

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E curioso pensar que, mesmo em uma situação assim, minha mente encontrava brechas para lembrar de outra ocasião.

Eu sei, parecia loucura pensar em outra situação estando em uma como essa.

Mas com aquela mulher ali, desacordada e completamente frágil em meus braços, eu só conseguia pensar nas palavras do meu irmão idiota.

"Sinceramente, espero que sua reação com a Analiz não seja o que estou pensando."

Minha própria reação, meus sentimentos, meu coração batendo descompassadamente, a preocupação que me invadia...

Sim, eu sabia o que era, mas me custava admitir. Achava que jamais sentiria isso novamente por uma mulher.

- Analiz. - Me desesperei quando toquei em seu rosto e sua pele estava fria.

- Traga-a para dentro, Kayo. - Guilherme pediu, abrindo a porta e me dando acesso.

Com cuidado, coloquei Analiz sobre o sofá.

- Meu Deus, Guilherme, ela está gelada. - Falei ao tocar em sua suave pele.

- A pulsação dela está fraca. - Gustavo falou um tanto aflito.

- Isso é para chamar a atenção, Gustavo. Precisamos falar com você.

- Agora não, Daniella. - Ele respondeu, olhando no relógio com os dedos próximos ao pulso de Analiz. - Tire o casaco dela, Brown. - Pediu, afastando-se.

Rapidamente e com cuidado, retirei o casaco que Analiz estava usando.

Nunca a tinha visto com os braços de fora. Analiz sempre usava camisetas compridas, e ao olhar as inúmeras marcas em seu braço, pude imaginar o motivo.

- Gustavo, suas filhas querem falar com você.

- Eu disse que agora não, Daniella. - Falou, dessa vez um pouco rude.

- Gustavo, suas...

- Chega. - Levantei meus olhos e observei Karla pegar Daniella pelo braço e a jogar para fora. - Não é bem-vinda nesta casa, sua vaca. Da próxima vez, eu te tiro pelos cabelos. - E sem esperar resposta, bateu a porta na cara de Daniella.

Ninguém se atreveu a falar nada.

- Karla, seu medidor de pressão. - Guilherme pediu, e logo Karla saiu correndo. - Deixa a gente tomar conta agora, Brown.

Contra gosto, me afastei dela, mas ainda permaneci próximo.

- Ana? - A voz assustada da minha filha penetrou no ambiente. - ANA. - Ela gritou, correndo para o sofá.

Não só ela, mas Jhoane também tinha os olhos marejados.

- Violet, não. - A parei no meio do caminho, pegando-a no colo.

Megan pegou Jhoane no colo, e ela se debateu, tentando sair.

- Não, Jho. - Heitor tomou a frente. - Ela só desmaiou, já estão cuidando dela. - Disse na linguagem de sinais.

Jhoane olhou para a irmã desfalecida sobre o sofá e enfiou o rostinho no pescoço da Megan.

- KARLA. - Guilherme resmungou impaciente.

- Calma, já achei, aqui. - Entregou. - O estetoscópio também.

Guilherme entregou o estetoscópio para Gustavo, que começou a manuseá-lo com cuidado. Guilherme buscou o braço de Analiz e começou a aferir a pressão.

- O batimento está fraco. - Gustavo falou, visivelmente preocupado.

- E a pressão está baixa, está em 8 por 9. - Suspirou.

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