KAYO - QUARENTA E UM

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O sono estava quase me vencendo, mas fui mais forte e despertei.

Olhei ao redor e vi Gustavo de olhos fechados com algo na mão, se bem me lembro dos meus aprendizados catequéticos, aquilo em sua mão com bolinhas era um terço. Provavelmente estava orando mais uma vez, Gustavo sempre orava muito pela Analiz, até porque era meio preocupante.

Nós estávamos no quarto a acompanhando, ela continuava dormindo, Analiz recebeu bem o sangue, e já fazia três dias que eles haviam a tirado da intubação, agora esperávamos ela acordar do coma induzido.

Apesar de ser normal ela ainda está dormindo, não deixava de ser preocupante.

- Você comeu? - Perguntei para Gustavo.

Quando cheguei aqui ele já estava, e pelo visto já estava aqui a horas.

- Não.- Respondeu visivelmente cansado.

- Então vá.

- Estou sem...

- Está com fome. - O cortei seco.

Gustavo não estava se alimentando bem, e para quem tinha problemas cardíacos, não era nada bom ficar sem comer.

Gustavo suspirou, ele sabia que não dava para bater boca, até porque eu estava certo.

- Não a deixe sozinha por favor.

- Não a deixarei. - Garanti.

Ele assentiu e se levantou saindo com cuidado.

Suspirei e me levantei do sofá do canto e me aproximei da cama dela.

A encarei, ela dormia calma e serena, sua face tinha uma expressão suave e leve, sua respiração era calma e controlada.

Com cuidado passei meu polegar na sua bochecha.

- Você precisa acordar...- Sussurrei levemente.

Mas ainda assim qualquer pessoa ouviria.

Me sentei na poltrona e segurei sua mão livre.

- Você precisa abrir os olhos. - Acariciei sua mão. - Eu confesso que levei tempo para admitir, neguei para mim mesmo e ignorei todos os sinais, eu precisei quase te perder para reconhecer esse sentimento.

Abaixei a cabeça

- Não dá para não ter você Analiz, não dá para ficar sem você, eu não quero e não posso ficar sem você. Eu preciso que você acorde, eu preciso que você abra os olhos porque eu quero te dizer o quanto eu te amo, o quanto eu te quero e o quanto eu estou disposto a fazer oque for para que você possa ser minha.

Apoiei minha testa em minhas mãos enquanto elas seguravam a dela com uma leve força.

- Que bom que você admitiu primeiro. - Levantei minha cabeça rapidamente.

Sua voz baixa, suave e doce penetrou em meus ouvidos, ela remexeu de leve a cabeça.

- Eu acho que não teria tanta coragem de admitir assim.

Abriu seus olhos de leve e por completo.

Meu sorriso se estendeu quando encontrei o verdes penetrantes de seus olhos.

Acho que nem se eu quisesse poderia me conter, foi involuntário posso até dizer, mas diante daquilo foi inevitável não tomar o rosto dela em minhas mãos e beijar sua bochecha diversas vezes.

Sua risada saiu baixa mas me deixou mais contagiado ainda, só quando ela soou um "aí" que me fez parar.

- Eu te machuquei?

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