TREZE - KAYO

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Confesso que se eu pudesse, nunca julgaria pelo oque a justiça solicita, por mim, julgaria sempre como bem quisesse.

Havia casos quais precisava julgar, que eu respirava fundo para não agir como bem queria, a justiça sempre tem que prevalecer.

Odiava julgar casos de custódia, pra mim os filhos teriam que ficar sempre com os pais. Pra que mães? Elas eram sempre umas tolas que nunca cuidavam dos filhos e os deixava a míngua.

Mas não era assim que a justiça decidia. A justiça sempre estava do lado da mãe, e eu odiava isso.

Mas eu também não facilitava, eu não facilitava mesmo, estudava os casos, eu ia bem fundo, as vezes adiava os casos sem nenhuma necessidade, mas fazia.

Eu tinha prazer em dar protesto negado a alguns advogados no meio da audiência, e com essa atitude fiz bons inimigos.

E não era pouco, a verdade é que eu tinha muito inimigos, o número de advogados que me odiava era imenso, mas eu não dava a mínima, na verdade eu não ligava nenhum pouco, não era eu que precisava deles, eram eles que precisava de mim.

E ainda assim, com tudo isso e todos esses pesares, me tornei um dos melhores juizes desse país, tinha diversos prêmios, perdi a conta de quantos casos julguei, eu era imbatível e isso bastava.

Eu já estava entediado com esse caso, no final a guarda dessa criança seria da mãe, eu ate iria questionar o fato de ter tantos testemunhas, mas eu rir me lembrando que Diogo era um advogado que me conhecia muito bem, ele sabia que eu não era fácil e já tinha noção de como mais ou menos eu atuava.

Logo a corte deu a famosa pausa onde chegaram a uma conclusão, eu já esperava que eles ficasse a favor da mãe, e eu fiz o mesmo, não pela mãe, mas porque apesar de ser um carrasco, eu julgava com fidelidade, eu era fiel e fazia a justiça vale a pena.

Mesmo odiando, eu julgava com verdade.

Assim que a audiência acabou, eu sai sem falar com ninguém, eu não precisava e nem queria falar com ninguém, mas uma voz feminina me fez parar.

Eu me virei sem ânimo algum e a encarei entediado.

- Eu quero agradecer, muito obrigada por ter me dado a guarda da minha filha a mim.

A encarei de cima a baixo completamente entediado e sorri com escárnio.

- Eu só cumpri conforme a lei, se eu fosse agir de acordo com o meu bem querer, acredite, a criança jamais ficaria com você! - Observei seu sorriso morrer lentamente.

Eu por minha vez apenas rir.

Me virei adentrando o veículo e enquanto cruzava a esquina, fiquei a observando parada e ainda incrédula.

Meu motorista me levou direto para casa, e assim que cheguei lá, fui direto para o meu escritório e me tranquei lá durante o restante do dia.

Ser juiz arrancava muito de mim,  mas eu gostava, eu gostava de estar lá, de decidir o destino das pessoas, de dar o veredito final, mesmo se a corte for contra ou a favor, não importava a última palavra seria sempre minha.

Mas era cansativo, colhi inimigos demais, pegar casos de bandido era o pior pra mim, pelo menos quando se tem pessoas com quem se importar, e Violet era a única pessoa que eu me importava.

Eu confesso que não era o pai exemplar, mas eu fazia o possível pela proteção da minha filha, não da pra vacilar, não dá pra "moscar", Violet foi e ainda é a única pessoa qual eu mataria e morreria, por ela eu seria capaz de qualquer coisa.

Apesar de estar tão preso em meus devaneios, a dor insuportável que tomava de conta da minha testa não me fez ficar cem porcento distraído.

Encarei a pilha de papéis sobre a mesa, eu tinha bem mais uns 5 casos pra revisar tirando esse qual eu estudava agora.

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