DEZ - ANALIZ

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Hoje me recordei de um fato curioso da minha infância, lembro que Jhoane viu a morte de perto, minha mãe foi péssima toda a gestação, bebia demais, fumava demais, até mesmo se drogava, ficou bem pior quando ela descobriu que Aroldo estava à traindo, era um inferno, Jhoane nasceu de 7 meses, eu achei que ela não ia viver, passou a gestação toda próxima a morte, mas foi forte e hoje está aqui, talvez não tão saudável como gostaríamos que ela estivesse, mas pior seria se minha irmã estivesse encima de uma cama.

E agora vejamos bem, era eu que tinha visto a morte de perto.

Eu tentei num todo pegar no sono, mas toda vez que eu fechava meus olhos, sentia as mãos do Aroldo no meu pescoço.

Eu sempre fui muito corajosa, eu sempre tentei ser corajosa por ela, enfrentei tudo por ela, não dava tempo de ter medo.

Mas agora, hoje, pela primeira vez eu estava morrendo de medo. Eu sempre soube do que Aroldo era capaz, mas viver na pele era bem diferente de saber.

Eu não queria o ver, nem o encontrar tão cedo, minha cabeça ainda doia do tanto que ele puxou o meu cabelo, meu rosto ainda latejava devido ao tapa forte que ele me deu, minha boca estava com um lado inchado.

Levantei indo até o banheiro, e pude ver, meu pescoço tinha a marca praticamente certa da mão dele, e quando eu tocava sentia tanta mas tanta dor, eu estava toda dolorida, eu estava com nojo até mesmo de mim, apesar dele não ter feito nada, sinto nojo só dele ter tentado.

Rendida pelo sono me levantei e fui para a sala me sentando no sofá, eu me encolhi no mesmo, a ideia era ficar quietinha, mas logo senti a água rolando pela minha bochecha, eu estava chorando.

Coisa que não fazia a muito tempo.

Ouvi uns passos e sabia que era Karla, provavelmente atrás de comida.

- Uai amiga, você está aí, oque houve perdeu o sono?

Eu não respondi, minha garganta fechou, e quando menos esperei, eu já estava chorando alto.

- Liz..- Karla veio até mim levantando minha cabeça e a colocou sobre seu colo.- Chora amiga, é disso que você está precisando, solta tudo oque está preso.

E eu soltei, eu chorei igual uma criança pequena,  eu já estava até mesmo tremendo de tanto chorar.

Era um sentimento de raiva, culpa com desespero e medo, eu o odiava, eu odiava o Aroldo tanto que se ódio matasse, eu com toda certeza estaria morta.

Miserável, maldito, desgraçado.

Eu não vi que hora parei de chorar, mas Karla ainda estava ali acariciando meus cabelos.

- Quer me contar?

Eu ainda não havia dito nada a ela. Na verdade a única coisa que eu havia pedido era que ela perguntasse ao Sr. Hernandez se ele havia deixado aquele maldito acordado ou desacordado.

Ele garantiu que ele estava desacordado, é assim eu esperava que tivesse sido, a última coisa que me faltava era Aroldo sabendo onde eu morava.

- Eu achei que ia morrer Karla, ele me viu no mercado e eu acredito que ele tinha me visto dês da hora que eu havia entrado, eu corri tanto, mas tanto mas foi inútil. Aquele desgraçado me arrastou pelos cabelos pela rua como se eu fosse um saco de lixo, bateu em mim e estava disposto a abusar de mim enquanto eu morria afogada. - Puxei o ar - Ele colou minha cabeça na água e deixou o resto do meu corpo de fora, ele ja estava desabotuando minha calça quando o Sr. Hernandez o tirou de cima de mim.

Me encolhi mais quando me recordei da cena.

- Filho da puta. - Rosnou - Porque diabos você não pediu um uber?

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