KAYO - TRINTA E NOVE

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Bati o dedo levemente no volante quando o sinal ficou vermelho.

Soltei o ar levemente e olhei para o banco do carona, instantaneamente minha mente me trouxe uma lembrança.

Sua voz doce penetrava meus ouvidos como uma canção melodiosa e suave.

Como ela podia dizer aquilo? Ela foi ao inferno vivendo com a mãe e o padrasto, mas ainda assim sorria, e eu sabia que não era forçado, era ela ali, era a Analiz ali.

Era ela em sua única condição humana me dizendo aquilo, ela não estava mentindo, era de verdade, era real.

Levemente se inclinou deixando um beijo terno e doce na minha face.

- Até segunda. - E após dizer isso, pegou seus ursinhos no banco do carro atrás é saiu.

Meu dejavu se foi quando a buzina do carro atrás do meu soou forte me avisando que o sinal já estava aberto.

Voltei a movimentar o carro, mas a mente me trazia o tempo todo diversas lembranças de Analiz.

Como eu queria ver aquele sorriso novamente, como eu queria ouvi aquela voz doce e suave, como eu a queria de volta, e juro, não a soltaria nunca mais.

- Para aqui pai. - Violet pediu chamando minha atenção.

Encostei o carro no acostamento e parei. Observei Violet sair do carro e com cuidado caminhar para a igreja, senti uma sensação diferente, já fazia muito tempo que não entrava em uma igreja.

Afastei meus pensamentos mas eles não me deixavam quieto, principalmente quando minha mente trouxe uma lembrança de algum dos meus momentos com a minha mãe.

- Mas mãe, como é que ora? - Quis saber.

Não entendia bem essas coisas.

- É a mesma coisa de conversar com alguém, mas aqui você diz aquilo que seu coração quer que seja dito.

Fiquei um pouco confuso, minha mãe com calma se endireitou no banco e sorriu com carinho me olhando.

- Preste atenção na minha oração. - Sorriu e se ajoelhou no banco olhando para o altar.

Minha mãe professava a fé católica, achava interessante as imagens dos santos na igreja, sempre gostava de ouvir as histórias de fé e devoção de cada um deles, especialmente quando ela era que contava.

Como minha mãe, mesmo sem entender, também me ajoelhei, juntei as mãos e fechei os olhos.

- Senhor, hoje estou aqui para lhe agradecer por mais um dia, tú és bondoso e humilde, escuta com ternura a oração de seus filhos, e hoje em tuas mãos coloco a vida de meus filhos e da nossa casa, os nossos sonhos e nossos projetos, os proteja sempre e cuide bem deles, eu te agradeço e te peço amém.

- Amém. - Respondi abrindo os olhos e a olhando.

- Agora é você. - Sorriu.

- Mas mãe, eu não sei falar assim como você.

- Não precisa falar como eu meu amor, só precisa vir do seu coração.

Mesmo não querendo e com medo de passar vergonha eu suspirei e voltei a fecha meus olhos e juntar minhas mãos.

- Oi Jesus, sou eu... hmm, me chamo Kayo Henrique caso você não saiba, então, eu quero pedir que você cuide da minha mãe, ela é o maior tesouro que eu tenho e não quero a perder nunca nunca, hmm... é isso. Obrigada, amém.

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