2- Declarações

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A noite passou,eu não consegui dormir muito já que sempre que conseguia pegar no sono acabava tendo algum pesadelo sobre o que aconteceu,era de se esperar,e agora eu estava indo pro refeitório botar alguns pratos na mesa,como sempre fazia.

Eu entrei no refeitório segurando os pratos,parando de andar ao ver Mama em um canto da mesa conversando com Mark,um dos menores do orfanato,eu olhei pro lado e vi que Emma olhava pra Mama também,com uma expressão assustada no rosto,eu senti meu corpo tremer e um calafrio percorrer meu corpo quando lembro de tudo que aconteceu ontem a noite naquele lugar,mas eu apenas balancei a cabeça forçando um sorriso no rosto e colocando os pratos na mesa,por mais que eu estivesse com medo de toda essa situação,eu sabia que tínhamos que fingir que não vimos nada,não podíamos deixar a Mama descobrir.

Eu estava pensativa enquanto terminava de colocar os pratos nos lugares certos,e acabei nem ouvindo Norman entrando no refeitório,eu virei pra trás e vi ele sussurrando algo pra Emma,que forçou um sorriso no rosto,eu já sabia o que ele tinha falado,ele se aproximou de mim sorrindo gentilmente e bagunçou meu cabelo.

- Bom dia Aki.

Ele fala me olhando com um pequeno sorriso no rosto.

- Bom dia Norman.

Falo olhando pra ele com um sorriso no rosto também,forçado,assim como o dele.

- Continua assim.

Ele sussurrou baixo em um tom que apenas eu ouvisse,eu acenei positivamente com a cabeça,eu sabia que ele se referia ao fato de eu conseguir fingir,mesmo que não muito bem,que não tinha acontecido nada.

Nós tomamos o café da manhã "normalmente" e depois disso tivemos tempo livre,Norman levou eu e Emma pra uma sala de aula vazia que tinha ali,já que tinha aulas nos dias de semana,mas como hoje era sábado então ela estava vazia,nós entramos e ele encostou a porta.

- Emma,temos que continuar agindo normalmente.

Ele começou a falar olhando pra Emma,em seguida olhou para mim também,voltando a falar.

- Ontem nós quebramos as regras quando fomos até o portão,mas não vimos nada.

- Mas o coelhinho...

Emma interrompeu ele,com uma expressão meio assustada.

- É,a Mama deve ter encontrado,mas ela não sabe quem deixou lá.

Norman respondeu olhando pra Emma com uma expressão séria.

- A Mama...ela nunca foi o que achávamos que ela era,sempre foi apenas uma mentira.

Eu falei enquanto me sentava em cima de uma das mesas,Norman me olhou e acenou positivamente com a cabeça e suspirou.

- Ela tava sorrindo hoje...não deixou transparecer nada.

Emma disse enquanto puxava uma das cadeiras pra se sentar.

- E é isso que temos que fazer,se dermos algum sinal a Mama vai perceber,não podemos perder essa batalha,temos que sorrir como sempre,e agir de forma normal.

Ele fala sorrindo,mesmo que estivesse óbvio,pelo menos pra mim,que ele só estava sorrindo agora pra tentar amenizar a situação,eu também sorri,mesmo que não fosse um sorriso verdadeiro,e Emma fez o mesmo,em seguida ela começou a falar.

- A comida deliciosa,a roupa branca que mostra qualquer sujeira,a vida regulada...tudo pra manter nossa qualidade,como mercadorias,apenas esperando sermos enviados pra morte aleatoriamente.

- Aleatoriamente não.

Norman respondeu e se aproximou sentando na cadeira atrás da mesa que eu estava sentada,Emma olhou pra ele com uma cara confusa.

Até Que A Morte Nos Separe-NormanOnde histórias criam vida. Descubra agora