31- Uma quase morte

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Lentamente eu recobrava a consciência, porém, me sentia fraca demais.Eu era carregada por alguém, provavelmente pelo velhote, e ouvia várias vozes.

- O que aconteceu com ela?!

Lucas perguntou em um tom que eu julgo ser desesperado, abri um pouco os olhos e vi o homem ruivo meio que abraçado no tiozão, tentando ver os meus ferimentos juntos.

- Ela tá mal, Lucas...por favor, me ajude.

O velhote pediu em um tom nervoso e eu fechei os olhos novamente, tentando me aconchegar mais no homem por causa do forte frio que sentia, ouvi Lucas respondendo algo a ele mas não consegui entender o que era.

- Velhote...

Eu sussurrei com a voz extremamente baixa, minhas pálpebras novamente começavam a ficar pesadas mas eu lutava para me manter acordada.

- Está frio...muito frio...

Sussurrei novamente e fechei os olhos, ainda consciente, cansada demais para manter os olhos abertos, sentia meu corpo todo doendo, meu coração acelerado, provavelmente porque a quantidade de sangue que eu estava perdendo fazia meus órgãos falharem, normalmente eu ficaria assustada com isso mas nem conseguia pensar direito no momento.

- Merda, não desmaia!

O homem de cabelo preto exclamou e eu senti meu corpo sendo deitado em um lugar macio, talvez em um cobertor?Não sei.Senti minha barriga ser enfaixada fortemente e mais uma faixa sendo colocada em torno do meu braço ferido.

Eu conseguia ouvir as pessoas falando, porém, a cada segundo as vozes pareciam se distanciar cada vez mais e era como se eu me desligasse do meu corpo, me fazendo perder a consciência de novo.

- Akira...Akira!

Ouvi uma voz conhecida exclamando meu nome, abri os olhos lentamente e via apenas uma escuridão total, o chão era preto e parecia uma espéciede neblina escura, as paredes completamente pretas.Eu havia morrido?

- Aqui!

Uma voz masculina e infantil falou e eu me virei para trás, arregalando os olhos ao ver três crianças ali, crianças que já morreram.

- Hao...Cedi...Conny...

Eu sussurrei o nome deles chocada com tudo aquilo, sentia meus olhos se encherem de lágrimas e corri até os três, abraçando eles.

Hao era um garotinho asiático de pele clara de seis anos, os olhos puxados e quase fechados, seu cabelo era sempre arrumadinho e ele era um garoto ótimo, porém foi enviado antes de Conny.

Cedi era uma menina de cabelo loiro, curto e liso, sempre sorridente, tinha a pele clara e era um pouco tímida, sempre andava com uma bonequinha de brinquedo.

E a Conny vocês já conhecem, porém, é uma garotinha de cabelo loiro preso em duas marias chiquinhas, tinha olhos azuis e nunca soltava seu coelhinho de pelúcia que tinha o nome de Sr.Orelhinha.Nenhuma das três crianças eram muito inteligentes e por isso foram enviadas com seis anos de idade, a idade mínima para serem enviadas na remessa.

- O que tá acontecendo?...

Eu perguntei enquanto abraçava fortemente Hao, Conny e Cedi, não querendo deixá-los sairem.Eu sabia que eles já não estavam mais vivos e por isso não queria soltar nenhum deles.

Não obtive uma resposta de nenhuma das crianças, separei o abraço e fiquei olhando para os três.

- Eu preciso te avisar algo, Aki.

Após Conny dizer isso ela veio pra minha frente e segurou minhas duas mãos, seu coelhinho tinha sido deixado com Cedi, ela sorriu gentilmente e eu me lembrei de todas as vezes que ela sorria pra mim dessa forma antes de morrer, senti uma lágrima descendo pelo meu rosto.

Até Que A Morte Nos Separe-NormanOnde histórias criam vida. Descubra agora