27- Tranquilidade momentânea

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- Que?...

Eu sussurrei surpresa enquanto tinha o olhar fixo na Violet.

- Onde ele aprendeu esse número?

Eu perguntei sem esperar uma resposta já que sabia que ele não falava nada mas ainda assim precisava saber.

- Eu já volto!

Eu exclamei e sai correndo daquela sala, chegando na frente da porta central, onde Adam estava.

- Ei...

Eu falei em um tom baixo e me aproximei lentamente, sem movimentos bruscos por não conhecer ele.

- 22194.

O garoto, ele não parecia tanto um humano por causa de alguns aspectos demoníacos em seu rosto e corpo mas tudo bem, falou sem olhar pra mim, apenas andando de um lado para o outro como se estivesse hipnotizado.

- Não adianta, ele não fala.

Pepe disse e eu olhei pra ele, o vendo escorado na batente da porta com os braços cruzados e um sorriso no rosto.

- Mas...

Eu sussurrei porém não sabia o que falar, suspirei e sai de perto de Adam para voltar pra dentro da sala.

- Por que ficou tão nervosa só por causa de um número?

O garoto de pele morena perguntou me olhando, não era em tom de julgamento ou crítica, apenas curiosidade.

- Bom...esse é, quer dizer...era o número de identificação de uma pessoa importante pra mim.

Eu respondi olhando pro garoto alto, que parou de sorrir e se abaixou um pouco, nesse momento eu percebi o quão alto ele era, com certeza tinha mais que 1,80.

- Essa pessoa...foi enviada?

Ele perguntou parecendo receoso e eu acenei positivamente com a cabeça.

- Sinto muito.

Pepe disse em um tom compreensivo e eu sorri sem mostrar os dentes, mesmo que não tivesse superado o que aconteceu com ele eu já não ficava mais tão triste porque me esforço pra não chorar ou pensar tanto no que aconteceu com ele, não posso ficar presa no passado então é melhor eu pensar nele como uma pessoa que eu amei e tive momentos felizes e não como alguém que morreu, porque ele não iria gostar de me ver triste.

- Tudo bem, não foi uma morte ocasional mesmo.

Eu falei sem revelar muito sobre o assunto, fui até uma janela que tinha ali que dava visão pra rua e escorei meu braço na parte reta que tinha ali enquanto olhava pra rua.

- Como assim?

Pepe perguntou confuso e veio pro meu lado.

- Foi um sacrifício pra nossa fuga dar certo.

Eu respondi sem olhar pro garoto, ouvi ele sussurrar algo mas não consegui entender o que era.

- Entendi...veio de Grace Field, né?

Ele perguntou novamente e eu acenei positivamente com a cabeça, ele se escorou de lado na parede, com o ombro encostado ali e o olhar fixo em mim.

- Lá era bom?

Pepe perguntou e eu pensei nos momentos que tínhamos antes de descobrir a verdade, de quando eu ficava feliz o resto do dia porque ela tinha colocado o meu desenho no mural, mesmo sendo só bonecos de palito de mãos dadas, quando eu saia com Norman pro pátio durante a noite pra vermos as estrelas, quando eu brincava a tarde inteira de pega-pega com a Emma, quando eu ficava lendo livros com o Ray até pegar no sono, acho que com tudo que aconteceu eu acabei deixando de lado essas memórias mas agora voltaram como uma avalanche.

Até Que A Morte Nos Separe-NormanOnde histórias criam vida. Descubra agora