Capítulo 26

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Arthur

  Desde que voltei do Brasil minha vida parece estar de cabeça pra baixo. Estou tendo que me desdobrar em cuidar da empresa e ajudar minha mãe no hospital, principalmente por meu pai estar ainda mais intolerante. Ele não quis ver o Lucas e nem a Angel, mesmo tentando conversar ele está irredutível.
  As únicas pessoas que ele permite que o visite somos eu e minha mãe, isso nos deixa exaustos. Estamos todos reunidos na recepção do hospital, pois o médico pediu a presença de toda família pra passar o diagnóstico. Depois de esperar por bastante tempo, Angel decidiu ir pra casa com o Juan, eles chegaram hoje pela manhã e estão exaustos. Nesse momento é que o médico chega e solta a bomba: meu pai está com um tipo raro de leucemia e precisa urgente de um transplante de medula.
  A notícia caiu como uma bomba, todos ficamos apavorados, o médico explicou que é mais comum encontrar um doador compatível na família, mas não é garantia. Agendamos pra amanhã o teste de compatibilidade, nós os filhos, seremos os primeiros a fazer. Depois de todas as explicações do médico, chegou a hora de encarar a fera e dar a notícia ao meu pai.
  O médico explicou tudo que havia explicado pra gente a ele, eu e Megan estávamos no quarto e ele ouviu tudo calado.  Quando o médico saiu, ele se virou pra mim e disse:
  _ Traga nosso advogado, diga a ele que preciso preparar meu testamento e quero deixar ele responsável pelo meu funeral.
_ Pai, não pensa nisso agora. Amanhã nós vamos fazer o teste de compatibilidade e tenho certeza que vamos conseguir te salvar.
_ Arthur, as minhas chances são mínimas, a única pessoa que eu não afastei e tem real possibilidade de ser compatível é você. Eu não posso pedir pros seus irmãos fazerem o teste depois de tudo que eu fiz com eles. - responde sem conter as lágrimas.
_ Você não precisa pedir nada, eles se ofereceram pra fazer, amanhã cedo todos nós vamos fazer o teste e eu realmente acredito que um de nós vai poder te salvar. - minha mãe diz se aproximando.
_ Pai, deixa seu orgulho de lado, vamos voltar a ser a família unida e alegre que éramos no passado.
_ Eu não sei se consigo, mas agora eu preciso me preocupar em me recuperar, depois que eu souber como ficarão as coisas eu converso novamente com vocês!
  Meu pai encerrou a conversa e eu saí, hoje minha mãe vai passar a noite com ele. Na volta pra casa, eu estava pensando na minha vida, eu decidi terminar com a Stacy, essa doença do meu pai me fez pensar muito sobre esse relacionamento, nas duas semanas que ficamos as voltas com a  doença dele ela não se preocupou nenhum momento em estar ao meu lado. Venho de uma família onde, mesmo com todos os problemas, meus pais se amam e é isso que quero pra mim, não um relacionamento frio e por conveniência.
  Com esse pensamento, decido ir até o apartamento dela, amanhã vai ser um dia difícil então eu prefiro focar apenas na minha família. Chegando ao apartamento, entro e estranho ao ver na mesa de centro duas taças sujas de vinho e um silêncio absoluto, decido ir até o quarto, que fica no segundo andar, quando vou me aproximando, começo a ouvir gemidos e continuo em direção ao quarto, o som vai aumentando e resolvo abrir a porta bem devagar. Stacy estava se contorcendo no cama enquanto Peter, seu colega de faculdade, fazia sexo oral nela. Sem fazer nenhum barulho peguei meu celular e tirei algumas fotos, saí do quarto, deixei a chave que eu tinha do apartamento na mesa de centro junto com as taças e fui embora.
  Eu não sabia se estava puto, decepcionado ou aliviado. Eu não vou ser hipócrita, já que havia ido ali pra terminar e a cena que vi fez isso por mim, mas se eles estavam juntos, por que ela não terminou? Mesmo não amando mais a Stacy eu nunca a traí, ela e a família dela me pressionando pra casar enquanto ela ria de mim com o Peter. Fui pra casa, tomei um banho e fui pra cama, apesar de estar com a cabeça a mil, não demorei a dormir.
 
  
    Angel

Depois de ouvir toda explicação do médico, eu e Juan fomos pra casa, tomamos banho juntos, ele preparou um jantar leve, comemos conversando sobre a doença do meu pai, depois eu liguei pra minha mãe, contei tudo o que o médico havia falado e fomos dormir.
  O Juan não sai do meu lado por nenhum minuto, e cada vez mais me apaixono por esse jeito protetor dele. Resolvi não tentar mais visitar o meu pai, ele sabe que estou aqui e se quiser me ver vai pedir pra eu ir lá. Vou fazer o teste de compatibilidade e tudo mais que eu puder fazer pra ajudar, mas não vou me aproximar mais do que isso.
  Acordei sentindo beijos pelo meu pescoço, sorri e Juan continuou me beijando, nos amamos e ficamos na cama até meu telefone tocar e nos trazer de volta a realidade.

_ Alô!
_ Oi, Angel, te acordei?
_ Não, Lucas, aconteceu alguma coisa?
_ Eu não queria ir sozinho pro hospital, o Arthur já está lá, posso ir com você?
_ Claro, você passa aqui em casa ou nos encontramos em outro lugar?
_ Podemos nos encontrar na cafeteria perto do hospital?
_ Claro, é bom que já tomamos nosso café.
_ Combinado! Beijos!
_ Beijinhos

    _ A realidade nos chama! - Juan fala se levantando e indo em direção ao banheiro, eu vou logo atrás.
Tomamos banho, nos arrumamos e fomos encontrar o Lucas. No hospital, Arthur e Megan já haviam feito o teste quando chegamos, fomos encaminhados pra uma área de exames, e não demorou muito estávamos todo reunidos na recepção esperando o resultado. Juan saiu pra resolver algumas coisas do restaurante, mesmo longe ele tinha que se certificar de estar tudo bem em sua ausência. Lucas estava em um canto conversando com a mãe e eu e Arthur estávamos do outro lado, aproveitei que estávamos sozinhos pra perguntar o que aconteceu, a cara dele estava péssima.
  _ Arthur, você está diferente hoje, quer dizer o que está acontecendo?
_ Eu pensei muito em tudo que vem acontecendo e quando saí daqui ontem passei na casa da Stacy...
_ Vocês brigaram?
_ Ela nem me viu, estava na cama com o Peter.
_ Ah, meu Deus! Você viu?
Arthur apenas balançou a cabeça e me mostrou as fotos no celular.
_ Mas que vaca! Você acha que eles estão juntos há muito tempo?
_ Eles se conheceram no segundo ano da faculdade, ela dizia que eram colegas, mas agora tudo faz mais sentido.
_ Sinto muito, meu irmão! - dou um abraço nele e de repente sinto que ele ficou tenso.
_ Meu Deus! Parece que as coisas só pioram - ele fala no meu ouvido.
_ O quê aconteceu?
_ Sebastian acabou de entrar no hospital.
_ Merda!
  Nos soltamos e eu saio em direção a cantina, a procura do Juan. Ele não estava lá, então pego o telefone pra ligar pra ele e tem uma mensagem dele dizendo que estava indo buscar minha mãe no aeroporto e não avisou pra não atrapalhar meu momento com meus irmãos. Respondi a mensagem dizendo que estaria esperando por ele.

Quando o açúcar acaba - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora