Capítulo 9

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Angel

    Depois de sair do consultório, eu e minha mãe fomos pro meu apartamento em silêncio. Estou muito assustada com a gravidez, mas ao mesmo tempo já sinto um enorme amor por essa sementinha. As aulas começam em menos de um mês e, apesar de saber que vai ser muito difícil conciliar, não penso em desistir do meu sonho. Acho que minha mãe percebeu meu dilema.
  _ Angel, você não precisa abrir mão dos seus sonhos por causa da gravidez, vou te apoiar em tudo e tenho certeza que seu pai, depois de surtar, também vai te apoiar.
  _ Eu sei que de meu pai precisa saber da gravidez, mas não quero que ninguém além de nós duas saiba quem é o pai.
_ Você tem certeza? Um dia ele vai descobrir, além disso o bebê tem o direito de ter um pai.
_ Ele só vai descobrir se eu ou você contar, caso contrário meu filho vai ser só meu.
_ Tudo bem é uma escolha sua, eu não vou contar a ninguém sem a sua permissão. Vou convocar uma vídeo conferência da empresa avisando que vou ficar aqui com você.
_ Não, mãe! Não quero que mude sua vida por culpa de um erro meu, eu vou ficar bem aqui, o bebê vai nascer depois que acabar o semestre, eu volto ao Brasil pra ele nascer lá.
_ Tem certeza, Angel? Não gosto da ideia de deixar você sozinha aqui.
_ Você pode vir sempre que tiver um tempinho das pousadas, agora que a empresa está em expansão, não acho certo você passar tanto tempo longe.
_ Você tem razão, você mal descobriu que vai ser mãe e já se mostra tão madura, tenho muito orgulho de você, passando por tudo isso com tanta maturidade.
  _ Eu aprendi com você.

Nos abraçamos e decidimos esperar saber o sexo do bebê antes de contar ao meu pai. Vou tentar seguir como havia planejado antes de tudo acontecer, sei que minha vida vai mudar, mas tenho minha mãe ao meu lado fico mais confiante.

                            4 meses depois

   Hoje o dia está muito corrido, estou saindo da faculdade e vou encontrar com minha mãe que veio especialmente me acompanhar ao pré-natal, hoje vamos tentar descobrir o sexo do bebê. Eu sinto que é uma menina, minha mãe acha que é menino.
  Chegamos ao consultório faltando cinco minutos pro horário marcado, aqui, diferente do Brasil, atrasos não são tolerados. Logo que a Dra Suzan me chamou já me troquei e deitei na maca, minha mãe está ao meu lado.
  _ Então, Angel, preparada?
  _ Preparada e ansiosa pra ver minha princesa!
_ Ou príncipe, né filha!
_ Independente de ser princesa ou príncipe já amo da mesma forma.
_ Então vamos lá - disse a médica já passando o aparelho na minha barriga.
_ Bom, acho que a mamãe acertou, teremos uma princesa!
  Eu e minha mãe estávamos muito emocionadas, após o exame fomos logo ao shopping comprar o primeiro vestidinho da nossa pequena Vitória, minha mãe volta hoje ainda pro Brasil, então logo que saímos do shopping vou com ela até o aeroporto.
  Estávamos no saguão do aeroporto aguardando o vôo  da minha mãe ser chamado enquanto olhávamos as roupinhas que compramos, eu estava muito feliz. Logo minha mãe embarcou e eu caminhava pra saída do aeroporto em busca de um táxi, eu estava distraída quando de repente ouço uma voz familiar.
_Angel! Espere!
Olhei pra trás e ví as últimas pessoas que esperava encontrar, Sebastian e Lisa. Voltei a andar, quase correndo em direção a saída e ouvi quando a Lisa disse:
  _ Você está louco? Não vou perder o vôo porque você viu a filhinha bastarda do seu amigo.
_ Está bem, Lisa, vamos embora.
Eu corri pra fora do aeroporto e sem ver fui atingida por um carro que passava na hora, senti o baque e depois não vi mais nada. Acordei duas semanas depois em um hospital. Quando abri os olhos, minha mãe estava sentada ao meu lado e meu pai sentado em um sofá próximo à porta do quarto.
_ Mãe - chamei quase sem voz.
Minha mãe me olhou sorrindo e chorando ao mesmo tempo.
  _ Filha! Que bom que você acordou! Eu fiquei com tanto medo.
_ Mãe, o quê aconteceu? Você não voltou ao Brasil?
  _ Meu vôo tinha conexão em Amsterdã, logo que o avião pousou eu recebi a notícia do seu acidente e voltei.
_ Eu não me lembro de muita coisa, só de sentir uma pancada, e a Vitória, está bem?
_ Vou chamar o médico.
_ Mãe, a Vitória está bem? Por que minha barriga diminuiu? Cadê a minha filha?
_ Calma Angel, você acabou de acordar, não vai te fazer bem ficar nervosa.
  Meu pai saiu do quarto enquanto minha mãe segurava a minha mão, durante todo o tempo ele permaneceu em silêncio. Logo ele voltou acompanhado de um médico e duas enfermeiras.
  _ Cadê a minha filha, por que ninguém responde? - eu gritava, chorando e tremendo, quando senti uma picada em meu braço e logo tudo escureceu novamente.
  Acordei e vi que estava sozinha no quarto, não sei mais por quanto tempo eu dormi. Assim que percebi que realmente estava em um hospital e que não era um pesadelo, comecei a chorar baixinho. Nem percebi quando um médico entrou, era um senhor de rosto calmo e cabelos brancos.
  _ Como você se sente?
  _ Como quem está em um pesadelo
_ Sente alguma dor?
_ Doutor, onde está minha filha?
_ Sinto muito, fizemos todo o possível, mas ela não resistiu ao acidente.
_ Cadê a minha mãe?
_ Sua mãe já está voltando, ela saiu apenas pra tomar um café.
  Nesse momento a porta se abriu, e quem entrou foi o meu pai, ele me olhou com um misto de tristeza e decepção.
_ Como você está Angel?
_ Destruída.
_ Por que eu nunca soube da minha neta?
_ Vou deixar vocês conversarem, qualquer coisa é só chamar. - o médico disse e logo saiu.
_ Eu ia contar, eu juro, só não sabia como.
_ Eu não tive a chance de estar perto de vocês, você me excluiu da fase que deveria ser a mais importante da sua vida.
_ Eu só estava esperando saber o sexo pra te contar e também eu tinha medo de você me odiar por ter engravidado.
_ Quem era o pai?
_ Você não conhece.
_ Primeiro você escondeu a gravidez, agora esconde o pai.
_ A Vitória era minha filha, só minha.
_ Ele sabe da gravidez?
_ Não tem ele, a filha era só minha.
_ Acho que ouvi o suficiente, espero que fique bem.
Meu pai baixou a cabeça e saiu sem falar mais nada, logo que ele saiu minha mãe entrou e quando viu que eu chorava baixo me abraçou, ficamos abraçadas por um tempo até que eu dormi novamente.

Quando o açúcar acaba - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora