Capítulo 31

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Sebastian
 
  No hospital eu vi quando a Angel saiu e parecia muito chateada, ela falou alguma coisa com o Arthur e foi embora.  Achei muito estranho, mas fiquei só observando, pouco depois o Arthur se aproximou da Lia e nenhum dois dois parecia muito amigável, notei que falavam sobre a Angel e resolvi escutar, a Lia criticava o namoro dela com o cara muito mais velho e o Arthur defendia dizendo que a Angel sofreu demais no passado e agora merece ser feliz. Aquela conversa me deixou curioso.
  Depois que a Lia se afastou, eu fui até o Arthur tentar descobrir o que aconteceu no passado que trouxe tanto sofrimento assim a Angel, desde sempre eu sinto vontade de cuidar e proteger a Angel, mesmo ela tendo ficado com raiva de mim, ainda me preocupo com ela.
  Eu estou muito puto com o murro que ele me deu, mas vou entender que o garoto só estava defendendo a irmã, pra me aproximar, vou contar a minha versão da história, ele é homem e tenho certeza que vai entender.
  Depois de contar exatamente tudo o que aconteceu, de falar que a vi em Londres, e que ela estava grávida, eu pensei que ele fosse me desculpar, mas o que ele disse me deixou assustado.
  _ Além de ser canalha e babaca, você também é burro. Eu não vou sujar minhas mãos socando a sua cara.
   Na época que a vi em Londres, eu cheguei a cogitar a hipótese de ser o pai da criança. Eu nunca quis ser pai, mas a ideia de ter um bebê com os olhos da Angel mexeu comigo, mas se fosse meu ela teria me falado, quê razão ela teria pra me esconder?
  Agora, depois de passados mais de sete anos, ela teria todas as razões pra não me falar, ela era só uma menina ingênua que se apaixonou pelo melhor amigo do seu pai e eu sem perceber só alimentei a paixonite dela, quando ela viu que eu estava me casando com uma mulher adulta ela se sentiu usada e foi embora pra longe.
  Hoje ela é uma mulher que viveu uma gravidez e a perda de um bebê sozinha, e pra ela eu sou o culpado de tudo isso. Eu preciso falar com ela e ter certeza se foi mesmo isso que aconteceu, eu nunca quis o mal dela, como eu ia saber disso tudo? Por quê ela não contou pro pai e pra todo mundo a verdade? Como ela teve coragem de esconder isso de mim? E agora ela lá, toda feliz com aquele idiota e eu aqui fodido sem entender essa história. Ela vai ter que me dizer a verdade, eu não vou conseguir viver com essa dúvida.
  Entro na minha casa e procuro a pasta com os dados da investigação que Bryan mandou fazer na época pra descobrir quem era o pai do bebê da Angel, releio tudo e vejo que em todo o tempo que foi investigado não havia mais ninguém na vida dela, a única explicação era a que eu me recusei a enxergar, o bebê era meu.
  Liguei pro investigador que fez esse dossiê e pedi pra ele investigar toda a vida da Angel desde o nascimento até hoje, não consigo acreditar que fui tão idiota que não percebi o que ela estava passando.
   Né tranquei no meu apartamento, desliguei meu telefone e fiquei ali remoendo tudo o que vinha em minha mente. Eu não posso deixar aquele idiota ter tudo o que deveria ser meu.

  
   Angel

   Voltei pra casa decidida a me despedir do meu pai e dos meus irmãos e voltar pro Brasil, não me arrependo de ter vindo, mas não quero ficar mais aqui, esse não é o meu lugar.
  Cheguei em casa e estranhei o silêncio que estava, fui até o escritório e não havia ninguém, depois fui até meu quarto e também estava vazio, passei pelo quarto da minha mãe e o notebook dela estava sobre a cama, mas nem sinal dela. Resolvi ligar pro Juan e a ligação caiu na caixa postal, liguei pra minha mãe e deu caixa postal também.  Liguei pro Arthur, pra saber se um dos dois estava no hospital e nada também. Resolvi esperar, aproveitei pra comer alguma coisa enquanto espero. Chegando na cozinha, havia um bilhete da minha mãe na geladeira dizendo que ela precisou ir até Porta Rico encontrar com o Leon. Estranhei, mas minha mãe tem dessas coisas.
   Depois de preparar um suco e um sanduíche, fui para a sala de tv onde encontrei um outro bilhete, dessa vez era do Juan, o quê deu nesse povo pra conversar por bilhete, será que esqueceram do celular?! No bilhete do Juan dizia que houve um imprevisto e ele precisou sair, mas era pra eu esperar que às 19h ele viria me pegar pra jantar.  Como ainda era muito cedo, resolvi ir pro escritório trabalhar um pouco e ocupar um pouco minha cabeça. 
  Já era quase quatro da tarde quando meu telefone vibrou, era uma mensagem do Arthur:

  "Cirurgia foi um sucesso, os dois estão bem, papai ficará na UTI por 48 horas por segurança e depois voltará pro quarto."

  Respondi obrigada, e fui pro meu quarto tomar um banho e descansar um pouco antes de me arrumar pra esperar o Juan. Passei um longo tempo na banheira, relaxando e pensando sobre os acontecimentos e em como a vida nos prega peças, minha vida tão estável e controlada, focada cem por cento no trabalho e de uma hora pra outra estou aqui, de volta a Califórnia por causa da doença do meu pai, namorando e ainda por cima, grávida!
  Passo a mão pela minha barriga ainda lisa e me lembro da minha bebê que perdi sem ao menos conhecer o rostinho, uma lágrima escorre e eu fecho os olhos recostando a cabeça na banheira. É como se tudo viesse a minha cabeça novamente e mesmo depois de tanto tempo e de ter superado tudo, lembrar ainda dói muito. Sinto medo de que aconteça alguma coisa com esse outro bebê, ou que o Juan não fique comigo, ou que novamente todos a minha volta se afastem. E ali, naquela banheira e de olhos fechados eu choro como há muito tempo não chorava.
  Não sei quanto tempo passou, acho que acabei dormindo, senti que estava sendo observada e fiquei quieta esperando ele se apaixonar.
  _ Eu poderia passar o resto da vida admirando essa vista.
_ Faz muito tempo que chegou?
_ Não, vim apenas me arrumar, fiquei de levar uma bela senhorita pra jantar.
_ Que pena que o senhor tem compromisso, ia convidá-lo a se juntar a mim.
_ Ainda temos tempo, não vou ser rude e recusar o convite de uma bela dama.
  Juan tirou sua roupa e se juntou a mim na banheira, ele se acomodou no canto e eu me recostei nele, ele me abraçou e começou a fazer carinho pelos meus braços.
  _ Eu poderia passar o resto da minha vida aqui nos seus braços.
_ Eu me preparei pra te fazer essa pergunta durante o jantar, mas acho que agora é o melhor momento.
_ Qual pergunta? - mudo de posição, sentando no colo dele e ficando bem de frente pra ele.
_ Angel, eu não tenho dúvidas de que você é a mulher da minha vida, aceita se casar comigo e juntos esperarmos por esse bebezinho e todos os outros que Deus nos mandar?

 
 

 

Quando o açúcar acaba - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora