Angel
Depois de um final de semana inteiro com minha mãe e Vic no meu pé como se eu fosse uma inválida, finalmente chegou a segunda-feira e eu pretendo voltar a minha rotina normal.
Cheguei na empresa quinze minutos antes das oito e fui direto pra minha sala, com o imprevisto da sexta eu tinha bastante trabalho atrasado e precisava me organizar. Vic chegou como um furacão, como sempre, me passou a agenda da semana e saiu da sala quando percebeu que eu estava mergulhada em papéis.
O dia corria normalmente e já passava das três da tarde quando meu telefone sinalizou uma mensagem de um número desconhecido:"Este telefone ainda pertence a Angel?"
Vi que era um número da Califórnia e logo senti um frio na espinha, sem pensar muito, movida pela curiosidade resolvi responder:
"Quem gostaria de saber?
Passaram alguns minutos e veio a resposta:
"Lia Spancer, éramos amigas na adolescência, gostaria de saber se ainda somos amigas."
No momento em que li, eu paralisia. Desde que fui pra Londres nunca mais nos falamos, não sei se ela sabe o que aconteceu pois foram tantas coisas que não pensei em procurar por ela, já que todos da Califórnia resolveram romper comigo, imaginei que ela também não quisesse mais minha amizade. Não consegui responder por mensagem, resolvi ligar:
_ Lia, sou eu a Angel. Eu não esperava que você ou qualquer pessoa relacionada ao meu pai lembrasse de mim.
_ Angel, estou no Brasil a trabalho e gostaria de te encontrar, poderíamos nos encontrar pra jantar, quero muito te ver .
_ Vou te passar o endereço de um restaurante, pode me encontrar lá às 20h?
_ Estarei lá, beijinhos!
Ela desligou e eu fiquei pensando no que ela poderia querer comigo após tanto tempo, ao mesmo tempo senti certa culpa por nunca ter procurado por ela, éramos amigas e ela não tem nada a ver com tudo o que aconteceu comigo.
_ Esse telefone deve estar mesmo muito interessante! - disse Vic parando em minha frente.
_ Oi, você tá aí a muito tempo?
_ Não, só te chamei três vezes.
_ A Lia está no Brasil, disse que quer conversar comigo.
_ A Lia, Lia Spancer?
_ Essa mesmo...
_ Ela disse o quê ela quer?
_ Só disse que quer conversar comigo, perguntou se ainda somos amigas.
_ Você está bem?
_ Estou sim, um pouco surpresa, mas estou bem. Vou encontrar com ela pra jantar, acho que vou marcar naquele restaurante que fui com minha mãe...
_ O restaurante assassino? Você enlouqueceu? Com tanto restaurante em São Paulo!!!
_ Calma, sua louca! Na hora foi o que me veio na cabeça, além do mais é uma forma de me desculpar com o Juan pelo show que você e minha mãe deram.
_ Juan? Quem é Juan?
_ É o cheff do restaurante!
_ Angel! O quê eu perdi? Que intimidade é essa com o cozinheiro assassino?
_ Vic, não viaja! O rapaz foi super gentil, ele não tinha como saber da minha alergia, tenha um pouco de empatia. Mas vamos mudar de assunto, você veio aqui pra quê?
_ Aff ... Vim trazer esses contratos pra você revisar, já tô indo.
Assim ela saiu batendo a porta e revirando os olhos, mandei o endereço do restaurante pra Lia e voltei a focar no trabalho. Perto das seis da tarde, organizei minhas coisas e fui pra casa, Vic já havia saído.
Em casa, tomei um banho demorado, sequei meu cabelo, fiz uma maquiagem leve, escolhi um vestido preto justo até a cintura e depois soltinho até o joelho, um salto médio e saí, resolvi não sair dirigindo hoje, queria tomar um vinho e tentar relaxar um pouco, por isso pedi um carro de aplicativo e saí.
Cheguei ao restaurante faltando dez minutos pro horário combinado, a Lia ainda não havia chegado, pedi ao maitre uma mesa pra duas pessoas,dei o nome da pessoa que eu esperava, ele me conduziu até a varanda do restaurante, que ficava de frente pra um jardim muito bem cuidado. Era um lugar aconchegante e eu resolvi pedir uma taça de vinho enquanto espero. Cerca de quinze minutos depois a Lia chegou, e pra minha surpresa, veio acompanhada do Léo.
_ Boa noite! Desculpe o atraso! Se não se importa, o Léo fez questão de vir comigo.
_ Oi! - respondi dando um abraço desajeitado em cada um - Se eu soubesse teria pedido mesa pra três.
Rapidamente o maitre se aproximou e nos direcionou a uma mesa maior. Eu estava pouco a vontade na presença dos dois, se a Lia viesse sozinha seria mais confortável pra mim, mesmo naquela época eu já não me sentia muito a vontade com o Léo.
Nos sentamos e o desconforto era visível tanto no meu rosto quanto no da Lia, até que o Léo resolveu se pronunciar.
_ Angel, acho que eu te devo um pedido de desculpas, naquela época eu não era muito legal com você.
_ Isso faz muito tempo, Léo, não se preocupe.
_ Vocês vão fazer o pedido agora? - disse um garçom que não sei de onde saiu, mas que eu agradeço mentalmente por ter aparecido.
_ Eu gostaria - disse olhando pra Lia e Léo que acentiram - Eu quero um penne a parisiense sem pimenta, e vocês?
Todos fizeram seus pedidos e ainda sem jeito começamos a conversar sobre assuntos aleatórios, fiquei sabendo que os dois atualmente têm uma empresa de construção, onde o Léo é o engenheiro responsável e a Lia é a arquiteta, estão no Brasil pra ver se é viável abrir uma filial aqui.
Lia é noiva de um cara que conheceu na faculdade e Léo não pensa em compromisso agora. Os pratos chegaram, continuamos conversando enquanto comíamos aos poucos o constrangimento inicial foi passando e eu já estava até me divertindo.
_ Me dêem licença, preciso ir ao banheiro - Lia disse já se levantando.
_ Quer que eu te acompanhe?
_ Não precisa, não vou demorar.
Ela sai e notei que a expressão no rosto do Léo mudou.
_ A Lia me fez prometer que não iria perguntar, mas eu tô há anos querendo saber, você antecipou a viagem por causa do que eu fiz aquele dia no restaurante?
_ Não! Mesmo ficando decepcionada com sua atitude naquele dia, eu não viajei por isso.
_ Foi por quê então?
_ Me desculpe, mas eu não te devo explicações.
_ Eu preciso saber o quê aconteceu! - disse gritando e segurando no meu braço.
_ Atrapalho? - ouço alguém falando atrás de mim numa voz firme e autoritária.
_ Não se meta onde não foi chamado - Léo responde com raiva.
_ Não falei com você! Angel, você precisa de alguma coisa?
_ Juan, que bom te ver!
_ Eu perdi alguma coisa? - Lia chega perguntando.
_ Lia, Léo esse é o Juan, cheff aqui do restaurante. Juan, esses são amigos da época da infância, quando eu ia pra Califórnia visitar meu pai.
_ É um prazer te conhecer, Lia - pra Léo ele apenas balançou a cabeça e recebeu o mesmo gesto em resposta.
_ Angel, fiquei feliz por te ver aqui depois do incidente da outra vez.
_ Eu precisava vir pra me desculpar pelas duas loucas, e também aquele dia mal consegui provar o seu penne a parisiense.
_ Eu é que preciso me desculpar mais uma vez, confesso que fiquei muito preocupado.
_ Eu perdi alguma coisa enquanto fui ao banheiro?
_ Acho que já deu pra mim, vamos embora, Lia? Você pode pedir pro maitre me trazer a conta? - Pediu Léo visivelmente irritado.
_ Não se preocupe, hoje vocês são meus convidados - Juan respondeu com sorriso de canto.
Léo saiu bufando e Lia ficou pra se despedir.
_ Angel, desculpa o mal jeito do meu irmão, da próxima vez eu venho sem ele, acho que temos bastante pra conversar. Juan, muito obrigada por tudo, estava tudo divino.
Lia se despediu e saiu logo, acho que tentou acompanhar o chato do irmão.
_ Desculpa se estraguei o jantar de vocês, mas aquele cara parecia estar perdendo o controle com você.
_ Eu não esperava que ele viesse junto com a irmã, há alguns anos tive problemas com ele, e pelo visto ele não mudou nada. Muito obrigada, se você não tivesse chegado o que era pra ser um reencontro de amigos se tornaria um escândalo.
_ Eu já terminei aqui por hoje, aceita dar uma volta, tomar um vinho e conversar um pouco?
_ Depois de você ter me salvado da inconveniência do Léo, seria deselegante recusar seu convite.
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Quando o açúcar acaba - CONCLUÍDO
ChickLitJovem romântica e sonhadora se entrega ao melhor amigo do seu pai sem saber que pra ele foi apenas um capricho na sua despedida de solteiro. Quando se dá conta do que realmente aconteceu ela vai embora e sua vida muda completamente. Será no que um c...