Capítulo 33

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Angel

   Três dias após o transplante meu pai já havia ido pro quarto, mas como ainda estava com a imunidade muito baixa, os médicos proibiram as vistas sem previsão de liberar, eu não tinha muito o que fazer na Califórnia, então depois de conversar com Lucas e Arthur, decidi voltar pro Brasil.  Quando ele pudesse receber visitas eu viria pra uma visita, mas o comportamento da Megan deixou claro que eu não sou mais bem-vinda aqui. Vamos viajar durante a noite, eu e Juan e Vic e Victor. Minha mãe vai com Leon pra Espanha, está interessada em uma pousada em Barcelona e vai pessoalmente ver se vale a pena investir.

  Era domingo de manhã quando chegamos ao Brasil, cada um foi pra sua casa e combinamos de marcar alguma coisa depois de descansar. Cheguei em casa, tomei um banho demorado, depois fiz um café da manhã bem reforçado e fui deitar, mas depois de tantos dias dormindo com o Juan, a cama parecia enorme. Depois de cansar de me revirar fui pra sala assistir alguma coisa na tv. Estava distraída com um desenho animado quando chega uma mensagem no meu celular:

"Estou com um problema muito sério, minha cama está grande demais e falta você aqui. "
Juan

"A minha também, desisti da cama e estou no sofá, mas ainda sinto sua falta."

"Chego aí em vinte minutos"

"Espero "

Deixei o celular de lado com um sorriso bobo e fui pra cozinha preparar um almoço rápido, fiz uma salada verde e filé de frango com molho de iogurte e alecrim, Juan chegou eu estava terminando de pôr a mesa, veio trazendo uma torta de chocolate com morango pra sobremesa.

_ Parece que combinamos, você fez o almoço e eu trouxe a sobremesa, vim pensando em pedir comida pra nós dois no restaurante.
_ Estava com vontade de cozinhar pro meu noivo, claro que minha comida não chega aos pés da sua, mas de vez em quando dá pra comer.
_ Então vamos comer logo pra alimentar esse bebê e essa mamãe gulosa, a cara está maravilhosa.

  Almoçamos conversando sobre o bebê, essa semana mesmo vou marcar uma consulta pra começar o pré natal, o Juan disse que não abre mão de me acompanhar em cada consulta, exames e tudo mais. Estamos em um impasse, Juan quer que eu me mude pra casa dele, eu quero que ele venha pra minha. Combinamos de ficar uns dias lá e outros aqui até decidir. Hoje ele fica aqui.
   Acordei na segunda feira, e quando senti o cheiro das panquecas que o Juan estava preparando veio o primeiro enjôo dessa gravidez, depois de estar melhor, liguei pra minha médica e consegui um horário pra hoje mesmo, no final do dia. Juan tentou me convencer a não ir pra empresa, mas foi em vão.
  Trabalhei normalmente, a Vic ficou o dia todo pegando no meu pé a pedido do Juan e no final do dia ele veio pra irmos juntos pra consulta, chegando lá a Dra Cláudia me recebeu com o carinho de sempre, pediu os primeiros exames e me encaminhou ao Dr Plínio, que é obstetra, ela era somente ginecologista.
  _ Muito prazer, Angel, o senhor veio acompanhar a primeira consulta do netinho?
_ Dr, esse é o meu noivo e pai do bebê, Juan.
_ Desculpe, Juan, eu não quis causar constrangimento, entre e fique a vontade.
Juan entrou com cara de poucos amigos, o médico estava super sem graça, me preparei pra fazer minha primeira ultrassom e o Juan sentou do meu lado, parecia nervoso, segurei a mão dele e então o médico começou o exame.
  _ Você está com cinco semanas, ainda é bem o bebê tá começando a se formar, pra um início de gestação está tudo normal, vamos agora tentar ouvir o coração do bebê.
   Quando começa o som do coração do bebê, eu e Juan não conseguimos conter as lágrimas, mas logo começa a surgir um eco no som, então o médico franze a testa e volta a movimentar o aparelho.
  _ Doutor, tem algo errado com meu bebê?
_ Só um minuto, eu já explico, aparentemente não há nada errado.
  Eu e Juan nos olhamos apreensivos, um medo súbito me invadiu e pude perceber que Juan também estava com medo. O médico continua passando o aparelho pela minha barriga e depois de alguns minutos que pareceram uma eternidade, finalmente disse:
  _ Parabéns, papais! Seus bebês estão ótimos, são dois bebês super saudáveis. Ainda não dá pra ver o sexo, mas é possível que seja um casal.
  _ Gêmeos? - Juan perguntou antes de desmaiar.
_ É, bebês, se continuarem assustando o papai assim, vão acabar nascendo orfãos de pai.
  O médico chamou a enfermeira, reanimaram o Juan, terminei a consulta e fomos pra casa. Durante todo o trajeto o Juan permaneceu sério e muito pensativo. Aquele silêncio estava me incomodando, mas como ele ainda estava se recuperando do susto eu esperei chegarmos ao meu apartamento pra tentar conversar com ele. Ele estacionou o carro e eu logo abri a porta pra sair, aquele silêncio todo estava me sufocando, quando ele segurou minha mão.
_ Anjo, precisamos conversar muito sério.
_ Vamos entrar, vou fazer um café e a gente conversa.
_ Um chá, o médico disse que café não faz bem aos bebês
  Apenas assenti e saímos do carro, já na minha cozinha eu não aguentava mais aquela atmosfera tensa então respirei fundo e comecei.
_ Quando eu sofri o acidente e perdi minha bebê, os médicos disseram que se algum dia eu quisesse engravidar novamente eu poderia tentar através de vários tratamentos, mas que seria muito difícil porque perdi um dos ovários e o outro também tinha sido afetado.  Eu não planejei engravidar e achava que seria impossível, então pra mim essa gravidez é um verdadeiro milagre. Eu sei que é assustador receber a notícia assim sem esperar, mas se você não quiser passar por essa experiência comigo, eu vou entender.
_ Esse é o nosso milagre, apesar de ter feito todos os exames e ficar constatado que não havia nenhum problema comigo, eu nunca consegui ter um filho, então esse milagre não é só seu, esse milagre é nosso. Claro que foi um susto descobrir que vou ser pai de gêmeos quando já tenho idade pra ser avô, mas o que está me incomodando agora é que eu quero passar cada minuto dessa experiência com você, eu quero acordar todo dia com seu mau humor matinal, principalmente quando sua barriga estiver enorme e você tiver dificuldade em achar uma posição pra dormir ou quando você me acordar de madrugada querendo comer alguma coisa muito estranha. O meu maior medo hoje é você não aceitar morar logo comigo e não me deixar viver cada minuto dessa aventura com você.
_ Juan, tudo o que eu mais quero é dividir meu mau humor matinal com você, a gente só precisa decidir se vai ser no seu apartamento ou no meu!
_ Ok, vamos fazer um acordo, a gente fica aqui no seu até a gente encontrar uma casa pra  dar mais conforto aos gêmeos, você concorda?
_ Perfeito! Por isso que eu te amo, sempre cuidando de mim e agora dos nossos bebês.


 

Quando o açúcar acaba - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora