RUMIA GREEN
Acredito que entramos nos subúrbios de Iceberg porque começa a chover, uma chuva forte que faz Berlingam ligar o pára-brisas a cada cinco em cinco minutos, também está muito escuro e há pouca iluminação na cidade.
— Merda.— ele xinga virando a nossa esquerda.— Mais uma vez por culpa da sua desobediência seremos obrigados a parar, essa merda de chuva só vai piorar.— resmunga.
Eu não o respondo porque é um abusrdo, é um absurdo ele achar que eu iria com ele sem pestanejar, eu nem o conheço!
— Tem um pequeno hotel aqui.— ele para, essa parte é bem pacata e o hotel a nossa frente não chega nem quatro estrelas.— Já estou me submetendo a isso.— ele me olha e aponta o hotel barato.— Por favor não tente nenhuma gracinha.— seu tom não sai como um pedido amigável e sim como uma ameaça.— Vamos.
Saindo do carro a chuva forte nos ataca, ele me alcança logo e corremos para dentro do hotel— motel eu poderia dizer, é pequeno mas organizado.
Há dois grandes sofás de couro na entrada junto com uma mesinha redonda com revistas em cima, também ha um balcão onde está lá uma moça ao celular, quando ela nos vê sorri.
— Boa noite, sejam bem vindos ao Night Motel.— diz sorridente, Berlingam apenas torce o nariz.
— Um quarto por favor, o mais caro, o mais grande e o mais limpo.— diz entregando um cartão brilhante preto e a moça arregala os olhos, ela me lança um olhar que aparenta ser "deu sorte hein".
— Aqui está senhor...— seus olhos se arregalam quando ela lê o nome no cartão.— Berlingam?— fala em um sussuro, um suspiro então ela olha para mim apavorada e agora seu olhar diz "sinto muito, sinto muito mesmo".
Controlo a vontade de rir e ela entrega o cartão chave rápido que parece ser um bixo nojento.
— Obrigado.— Berlingam se inclina sobre o balcão.— E acho melhor você manter o biquinho calado.— ele coloca seu dedo enluvado sobre os lábios da mulher que está horrorizada.— hum?— ela assente agressivamente e então Berlingam me puxa para o elevador.
— Pelos vistos você causa muito terror nas pessoas.— eu digo entrando no espaço pequeno.
— Eles sabem quem manda e desmanda nesta cidade. — Berlingam ajeita a postura e se encosta na parede metálica.
— Essas pessoas não tem auto confiança, pelos vistos.— imito seu gesto.
— E você tem demais, pelos vistos.
— Claro, as circunstâncias da vida me fizeram quem eu sou hoje, não tenho medo de nada e eu sou maior que todos.— Berlingam ri, não o som cruel que ele sempre costuma a dar, é algo.. meio humano e sua covinha fica exposta, seus olhos brilham levemente.
Meu estômago embrulha, é tão estranho ver ele rir.
— Claro, claro.— ele ainda está rindo pouco, o elevador se abre.— Você é maior.— diz me guiando para o quarto, ele abre a porta e eu entro.
— Não sei qual é a graça.— olho para ele que tem um sorriso largo no rosto.
— Você não tem nem 1,70 metros Rumia, como você pode ser maior que todos?— ele morde o lábio tentando esconder o sorriso. Ele.. ele está tão bonito?? Balanço a cabeça, que porra eu estou pensando?
— Sua fala só comprova a teoria de que homem não pensa.— eu me aproximo dele.— Eu falei psicologicamente gênio e não sobre meu físico.— digo e ele puxa os cabelos para trás.
— Eu sei o que você quis dizer pequena fugitiva.— ele cobre a boca.— Desculpa, grande fugitiva.— ele solta uma gargalhada e eu dou um soquinho nele.
— Vai se foder, sério Berlingam.— eu me afasto e me sento na cama enorme vendo Berlingam terminar de dar sua risada.
— Mas é serio.— ele recupera seu fôlego.— Entendi seu ponto, até porque você está muito calma para alguém que acabou de matar um homem com o dobro do seu tamanho.— lembra e então a memória volta, eu mordo o lábio sentindo um calafrio.
Eu nem pensei direito nesse homem e se eu tirei o pai de alguém? Ele parecia ser uma pessoa trabalhadora e ..
— Não me diga que está arrependida?— Berlingam está na minha frente agora, ele se agacha para que seus olhos estejam na altura dos meus.
— Ele poderia ser pai de alguém.— sussuro e brinco com meus dedos.— Eu estava apenas com raiva, não foi certo o que eu fiz.— eu digo, então eu me lembro de Cora e meus pais..— E se a polícia me procurar? E se..— o tecido frio gela levemente meus lábios, é o dedo enluvado de Berlingam que está sobre eles.
— Não vai acontecer nada, eu já mandei alguém para se livrar do corpo dele e vou fazer uma breve investigação, se ele tiver filhos ou esposa eu faço uma doação generosa para eles, mas ele não merece um enterro digno.— sua mão desce para meu ombro.— ele pode não ter feito nada com você mas ele queria, ele encostou aquela merda de arma em você e Deus sabe o que teria acontecido se eu não tivesse chegado naquele momento.— diz, em nenhum momento seus olhos deixam os meus.
Eu sinto meu coração apertar dentro do meu peito, ninguém nunca se preocupou assim comigo, não sei se Berlingam está preocupado comigo ou me tranquilizando para eu não ficar paranóica e lhe dar muito trabalho.
— Não se preocupe com aquele verme, vou cuidar de tudo.— então sua mão deixa meu ombro e o frio me atinge mais uma vez.— Desde que você pague minha dívida.— ele retira suas luvas.
Claro, claro que ele estaria fazendo isso porque quer algo em troca.
— Melhor a gente dormir, será um longo dia amanhã e vamos partir cedo.— ele diz e sacode a cama.— Venha, durma.— a chuva cai forte lá fora e eu acabo me rendendo, eu tiro meus sapatos e me deito na enorme cama, é macia e pelo menos cheira bem.
Vencida pelo cansaço e do tempo não dormido eu sinto minhas pálpebras pesarem e me rendo ao sono ciente de quem Berlingam está ao meu lado, ele não entrou na cama, ele ainda está sentado mexendo celular e xingando a falta de rede.
Eu espero sonhar com corpo aterrorizado daquele homem mas isso não acontece, como sempre quem assombra meus sonhos é ela.
Cora, minha querida irmã gemea.
CONTINUA...
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WHERE IS RUMIA?
General FictionViciado era um eufemismo para o que eu senti quando meus olhos bateram naqueles cristais azuiz. Cora era um sonho, uma fraude, uma mentira distorcida que ela contou para si e levou os outros a afundarem no barco de mentiras. Mas ela era acima de tud...