Capítulo 03

2K 130 10
                                    

RUMIA
————————
CORA GREEN

Estou com um mau pressentimento, não entendo porquê, eu não roubei nada aqui na farmácia e ainda acho que estou sendo observada. Sexta feira foi dois dias atrás e foi realmente um caos, eu conhecia Joshua mas não sabia que ele era do tipo que espalha para Deus e o mundo que eu chupei o pau dele. E sinceramente? Não era nada demais.

Eu só botei meu nariz para cheirar a coca e ele literalmente gozou, se eu espalhace rumores como eles espalham, eles estariam ferrados comigo, o bom para eles é que eu tenho preguiça e já não devo nada a ninguém, então podem falar o que quiser de mim, eu já não me importo.

— Boa noite.— uma garota de mais ou menos dezesseis anos entra na farmácia.

— Olá.— sorrio para ela tentando a tranquilizar, a garota está visivelmente nervosa, só trabalho aqui a mais ou menos cinco dias e já vi mais de vinte meninas comprando teste de gravidez.

— Peço... am. um..— ela gagueja envergonhada, mas mal sabe que eu nunca a vou julgar, tive minha primeira vez com catorze anos com um cara de vinte e cinco que me traia e ainda me fez acreditar que eu merecia ser traída, depois disso passei a odiar homens e fazia eles se apaixonarem por mim e os descartava, mas me apaixonei novamente aos dezoito ou estava carente demais que acabei vendo Dylan como uma opção de amor. Ele me enganou bonitinho se aproveitando da minha carência e medo de estar sozinha, eu até trai minha melhor amiga e agora não tenho mais nada, só posso deixar meus pesadelos me consumirem.

Desde então decidi mais uma vez que estaria fora, por isso só fazia boquete nos caras porque ao final do dia eu precisava de um dinheiro e quando o cara atinge o clímax e dorme ao lado de uma mulher bonita, ele esquece até o nome dele. Me dava bem, parei de fazer sexo e só usava meu amado e fiel vibrador.

— Teste de gravidez.— ela diz baixinho e com vergonha, eu aceno e pego o teste dando a ela.

— Sabe como fazer?— ela nega sem me olhar. Então eu a explico a tranquilizando e dizendo que tudo ficará bem, se ela precisar de alguém para conversar eu trabalho aqui todos dias das 07 da manhã as 08 da noite, ela concorda e faz seu pagamento então sai.

Por alguns minutos a sensação de estar sendo observada haviam sumido mas agora que a garota saiu voltou com tudo. Eu saio um pouco do balcão espreitando para ver se há alguma coisa suspeita mas não vejo nada, suspiro e volto ao meu posto.

— Cora!— dou um grito e me viro arregalando os olhos para ver Suzan me encarando. — Relaxa, só estava te comprimentando vadia.— diz e me empurra indo se trocar.

Suspiro, havia me esquecido que nem todo mundo gosta de mim, depois que vazou um vídeo meu e do Dylan transando minha reputação de vagabunda elevou ainda mais.

Depois de acalmar a minha respiração para não xingar ou fazer nada maléfico com Suzan, eu espero ela terminar de se trocar e vir ocupar seu turno, assim que ela volta, se posiciona no balcão e me lança um olhar de nojo, não ligo, sei bem que ela tem inveja dos meus cabelos loiros e meus olhos azuis, sem contar que o namorado dela não tira os olhos de mim, claro que ele só quer me foder, mas ainda assim ME quer e isso a irrita. Devolvo o olhar e vou me trocar, retiro minha bata e as luvas e guardo no meu armário trancando-o.

Pego minha bolsa e não me dou ao trabalho de despedi-la, apenas saio e a sensação de estar sendo vigiada volta, começo a acreditar que estou ficando louca então deixo para lá e faço minha caminhada para o ponto de ônibus. Eu realmente me fodi na vida, eu tinha tudo e mais um pouco, mas acabei me perdendo nas drogas, estou tentando me recuperar mas confesso que está sendo difícil, principalmente quando você não tem ninguém, antes pelo menos eu tinha Melanie e Dylan, mas aquele filho da puta só me usou para satisfazer seus desejos carnais porque Melanie não o dava.

Bem feito para ele porque Zion o mandou para o hospital, meu caso é lamentável.

Paro, sentindo que estou sendo seguida, veja bem, eu não gosto da minha vida mas não quero ser sequestrada ou algo assim, o ponto de ônibus fica um pouquinho longe e já está escuro em Suntowen por isso agarro minha bolsa com força e aumento meus passos sem me dar o trabalho de olhar para trás e dar de cara com meu sequestrador ou meu assaltante. Seus passos também aceleram e meu coração começa a pulsar com mais velocidade, corro tentando achar uma rua com mais iluminação ou uma loja de conveniência para me refugiar.

Sério, por quê que do nada a rua ficou vazia e extremamente escura?

— ME LARGA!— grito quando um homem ENORME me agarra.

— Vamos fazer isso da forma mais fácil possível!— ele diz, sua voz horripilante e assustadora.

— Nem fodendo.— sou pequena demais para ele, sou magra, sou muito frágil comparado com ele, mas não vou desistir.— Me larga seu filho da puta.— minhas pernas estão no ar quando ele me carrega apenas com uma mão.

— Fique quieta!— ele diz me apertado e me joga em seus ombros.

— Idiota.— murmuro e mordo sua nuca, ele grita e me larga, caio no chão e quando ele tenta me agarrar eu jogo minha bolsa em seu rosto e ele cambaleia com a dor.

— Sua piralha.— ele diz e segura meu braço, eu giro fazendo com que ele me solte e o empurro, claro que ele não se move mas mesmo assim corro, ele me segue, tiro vantagem do meu corpinho e passo por uma passagem para cães e corro, vou dar a estação de trem, corro e entro em qualquer vagão.

Respiro fundo me encostando nas portas de metais, as pessoas muito alheias cuidando de suas vidas, ele terá que me procurar e se descobrir que vim até aqui, ele terá que dar a volta para poder descer.

Quando recupero meu fôlego eu cutuco a garota sentada na minha frente.

— Oi desculpa, onde esse trem para?— pergunto e ele me lança um olhar um pouco desprezível.

— Casa verde.— responde secamente e volta a colocar seu fone, me sento em um dos acentos e respiro fundo, quem será que queria me sequestrar?

— Oh meu Deus!— coloco as mãos na boca. Eu estou devendo mais de trinta mil para meu fornecedor, ele vivia me dando todas as drogas que eu sempre quis, ele é um fornecedor online, achei mais seguro assim do que trabalhar com alguém que vive aqui, nunca pensei que ele iria vir até me cobrar, quer dizer, porquê que um traficante se incomodaria? Oh Céus! Pode não ser ele, mas não vejo mais nada que eu tenha feito, Dylan está em um hospital psiquiátrico, de jeito nenhum que seja ele, Melanie me odeia mas nunca faria isso.

Só pode ser ele. Mas quem? Eu nunca vi meu fornecedor, era ele aquele homem, o pior é que ele tem meus dados, ele pode me encontrar facilmente, céus! Estou realmente fodida. Apressadamente pego meu celular e ligo para Patrick que me atende três toques depois.

— "Fala cupcake."

—- Posso passar a noite ai?

CONTINUA....

VOTEM E COMENTEM

WHERE IS RUMIA?Onde histórias criam vida. Descubra agora