RUMIA GREEN
Graças a Deus eu decidi fazer um semestre de capoeira no segundo ano do ensino médio quando meu professor de história ouviu boatos sobre eu chupar pau em troca de dinheiro e eu estar reprovando em sua matéria, ele me sugeriu isso mas eu neguei e ele me forçou, então eu não consegui lutar por muito tempo e no dia seguinte fui me inscrever nas aulas de capoeira.
Claro que por falta de pratica eu perdi um pouco o hábito mas ainda sei algumas coisas, foi isso que me fez deixar este homem no chão e pegar sua roupa e vestir, a calça era lagra e comprida demais para mim assim como sua camisa, mas só precisava de um disfarce e este era perfeito, eu prendi o cabelo e coloquei a touca que eles usam, dobrei as calças ajustando-as de forma que pareçam minhas, peguei o lixo e sai.
Quando estava fora de vista do restaurante eu joguei o lixo em qualquer canto e comecei a correr, me lembro de vir a Iceberg com meus seis anos e foi só isso, então eu não conheço praticamente nada, eu falei sério quando disse que não ia desistir, sei que Marcus é dono da cidade mas estou pouco me fodendo agora, eu só quero correr e fugir para longe dele e de todo mundo.
Entro em qualquer beco desviando em todas as curvas fazendo de tudo para me perder, então o céu escurece e o chuvisco se torna uma chuva forte que chega a aleijar minhas costas quando cai, eu enxugo o rosto e me abrigo no ponto de ônibus, há um casal lá se abraçando.
— Olá.— eles me olham.— Você poderiam me dar horas, por favor?— O moço olha seu celular.
— 12:03.— diz e eu assinto.
— Obrigada.— abraço meu corpo olhando e rezando para o céu clarear e a chuva parar, eu preciso mesmo dar um jeito em mim, eu preciso de muita coisa, mas então o destino não gosta de mim, por isso eu vejo três carros pretos blindados parados no semáforo que segue. — Merda!— xingo e não espero mais nada saio a correr, eu corro entrando em becos e becos e becos e tropeço.
Olho em volta, pelo menos os carros não passam aqui, minha respiração está ofegante, não consigo ver muita coisa, minhas costas e ombros estão doloridos por causa da água fria e as roupas maiores pesam em meu corpo.
— Por aqui.— eu ouço e então corro novamente entrando em mais um beco e dessa vez me xingo para valer.
Não tem saída! Eu olho para trás, nada e olho para cima, um murro significativamente alto mas saltável, eu olho para baixo e vejo um ferro e alguns lixinhos, suspiro aliviada e pego o pau de ferro prendendo na parede, eu começo a escalar enquanto ouço os passos ficarem mais fortes.
Estou no meio da parede quando ouço: "Ela está aqui."
— Não. — sussuro e olho para baixo vendo cinco homens se concentrarem.— Por favor não.— peço a mim mesma e tento ir mais rápido mas estou escorregando e um deles puxa o ferro me fazendo escorregar e cair nos braços de outro.
— Pegamos ela chefe.— diz ele com uma voz rouca orgulhosa. — Sim senhor.— é tudo que ele diz e então eu me contorço lutando para sair de seu aperto. — Melhor se comportar ou vai ficar pior para seu lado piralha. — ele diz.
— Não sou piralha, me deixa em paz!— digo me debatendo.
— Fique quieta caralho, você é uma pedra no sapato, que merda!— sinto algo sendo colocado na minha cabeça, um saco, um saco preto com um cheiro forte que me faz fechar os olhos lentamente.
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WHERE IS RUMIA?
Genel KurguViciado era um eufemismo para o que eu senti quando meus olhos bateram naqueles cristais azuiz. Cora era um sonho, uma fraude, uma mentira distorcida que ela contou para si e levou os outros a afundarem no barco de mentiras. Mas ela era acima de tud...