Capítulo 24

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RUMIA GREEN

Uma brecha de luz surgio ao fundo do lugar escuro onde eu estava, eu corri até lá mas a porta fechou e não havia nenhuma fechadura, eu pensei que tivesse imaginado a brecha mas então vi uma silhueta no chão e peguei. Era comida.

Meu estômago roncou como se soubesse, a última coisa que me lembro de comer era aquele pouco de café com Marcus antes de eu fugir, eu peguei o que parecia ser um sanduíche e comi, em três dentadas eu havia terminado e isso pelos vistos não foi suficiente para meu estômago, eu tomei o suco de manga que tinha também, tudo isso às escuras. Eu não havia desistido, eu ia fugir, não sabia como, mas eu ia fugir, eu não ia desistir de mim, nunca.

Eu peguei outra coisa, uma garrafinha de água, eu bebi quase toda porque eu havia chorado muito e estava desidratada, eu precisava de forças e deveria parar de lamentar para bolar um plano de fuga, Berlingam só tinha uma opção: me matar, porque eu não estaria ficando aqui à espera dele me usar como quiser e não fazer nada. Eu peguei o copo de suco, era de vidro,estilhacei ele no chão e catei os cactos.

A calça que eu usava era de moletom, eu não sei quem trocou minha roupa e sinceramente não quero saber, mas foda-se ela tinha bolsos, eu coloquei alguns cactos no bolso, além da garrafinha de água tinha a bandeja que infelizmente era de plástico, mas ajudaria em algum momento, eu peguei ela contra meu peito e esperei, a pessoa que trouxe essa refeição provavelmente viria recolher o lixo, eu atacaria, não me importo com o que acontece no meio disso, eu preciso tentar.

(...)

Gritos me fazem sobressaltar brutalmente, eu sinto meu corpo suado, eu acabei dormindo mas não tive nenhum pesadelo, que gritos são esses? Eu presto atenção de onde pode estar vindo o som e acompanho, é de outra parede, parecem gritos femininos pedindo socorro, pedindo ajuda.

Meu coração bate forte no peito um medo subindo, eu aperto a bandeja no peito e encosto na parede escutando.

"Por favor me perdoe."
"Socorro"
"Por favor me salve, socorro, perdoe"

Eu cubro a boca assustada quando escuto algo que parece serrote cortar eu estou tremendo pra caralho e nem estava ciente disso, eu me afasto lentamente até minhas costas baterem em outra parede, está escuro, muito escuro.

"Você é a próxima"— eu pulo assustada quando uma voz feminina parece falar em meu ouvido.

— Quem está ai?— eu uso a bandeija como escudo.

"Você me matou, agora vou matar você"— a voz diz sombriamente e a consciência bate.

— Cora?— sussuro assustada.

"Eu também fui morta por você filhinha"— a voz de papai sussura, os cabelos da minha nuca levantam e eu giro na sala assustada.

— Para, para com isso!— eu grito para a escuridão.

A próxima é você!— um banho de sangue ilumina o ambiente e eu fecho os olhos gritando muito abaixando eu uso a bandeja para me cobrir.

"Vou assombrar você até a morte"

— Não, não, chega.— eu grito tremendo de medo e terror, eu definitivamente preciso sair daqui, definitivamente. quando meus olhos se abrem eu não vejo nada, nem aquele sangue nem nada, eu acho que meu cérebro criou isso. Silêncio sombrio preenche o local.

Minha respiração está acelerada e meu corpo está tremendo enquanto meu olhar está olhando possessivamente para a possível porta esperando ela ser aberta, eu fecho os olhos com força respirando fundo enquanto uma lágrima queima minha bochecha, isso não pode estar acontecendo.

Deus, por quê?

Eu engulo em seco e me aproximo, meus olhos vidrados na parede eu me recuso a fechar porque sinto que se fechar imagens perturbadoras vão me assombrar e perderei a oportunidade de fugir se a porta for aberta a qualquer instante.

...

Meus olhos estão pesados e eu luto, eu sinto que não durmo há dias, não sei quantos dias se passaram, a porta não foi mais aberta, não recebi mais comida mas se tem uma coisa que aconteceu foram as assombrações, elas pareciam cada vez piores e memórias do passado invadiam minha mente a cada envento. Berlingam. Ele está me fazendo pagar por ter feito ele perder tempo me caçando, mas eu não caio mais nessa.

Já foram cinco assombrações alterando de hora em hora, ou dias— eu não sei, mas foda-se, quanto mais eu demonstro medo, mais assustador fica, então eu decidi não reagir mais, eu decidi controlar minha mente, eu sou mais forte do que isso e..

A porra da porta é aberta e eu não espero eu dou com tudo na cabeça que espreita para deixar a bandeja, ele grita— não é Berlingam, graças a Deus, mas ele é forte, ele tenta fechar a porta mas eu puxo sua mão me machucando com o batente quando ele bate a porta, mas eu não ligo, não posso, eu chuto sua canela, tem pouca luz aqui, ele me empurra pra dentro mas eu arrasto seu pé e ele cai batendo a cara no chão.

Seu peso faz um estrondo e eu respiro aliviada por ele ter desmaiado, eu tateio seus bolsos e quase dou um grito vitorioso quando acho uma arma no cós de sua calça, eu verifico a munição e só não danço de felicidade porque ainda não estou livre, andei meio passo. Eu saio correndo dali e subo as escadas onde a luz é emitida, eu nem penso no barulho da minha respiração agora, eu só quero fugir, correr, eu estou de meias e acho que isso é suficiente por agora.

— Enzo está demorando.— eu paro com a voz de um homem, fico atrás da porta que da para saída do cativeiro.

— Ele deve estar se divertindo com aquela magrinha branquela.— o outro diz dando risada, eu controlo a vontade de atirar nele, devo guardar minhas balas, algo diz que não será fácil sair daqui.

— Enzo nem gosta de branquelas cara, acho que aconteceu alguma coisa.— guarda 1 fala.

— Vai lá ver, eu fico a..— antes que guarda 2 termine de falar, seu celular toca.— Turken precisa de mim.— ele diz.— Vá ver o que aconteceu, eu estou subindo.— ele diz e o outro parece concordar, eu ouço passos se distanciando e o outro empurra a porta, eu me afino atrás e quando ele está no fim do degrau eu saio e fecho a porta que faz um barulho, eu olho para ela alguns segundos mas não ouço nada. Sorrio pensando que deve ser a prova de som.

Valeu Berlingam!

Então eu corro em direção a luz, graças a Deus aqui não tem segurança, encontro duas portas e abro a primeira entrando em uma espécie de sala escura, como não vejo nada não perco meu tempo, caminho para o fim do corredor onde tem outra porta e abro bruscamente segurando a arma firme em minha mão eu entro e puta merda eu deveria ter explorado a sala escura porque,

Marcus. Porra. Berlingam está sentado na sala de estar com a porra de uma xícara de café na mão, ele olha para mim não parecendo surpreso em me ver ou ele disfarça muito bem.

E lá vou eu, de volta para ele.

CONTINUA...

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