Na cafeteria, eu esperava sozinho na mesa assim que Jung avisou que iria ao banheiro. Pedi um sanduíche de carne de porco, enquanto Hoseok optou por um prato com arroz, carne e alguns legumes.Tomei um gole do meu café gelado, enquanto observava, com um olhar perdido, um casal de meninos sentados em uma mesa no canto. Os dois usavam uniforme escolar e não pareciam ter mais de dezesseis anos, eram carinhosos e doces ao ponto de ser enjoativo, mas aquilo me trouxe lembranças da minha própria vida a qual eu não gostava tanto de pensar.
Ter essa idade era bom pela inocência que pairava sobre as nossas cabeças. Namoro na adolescência não se compara ao vivido na vida adulta. Claro, também pode foder com a sua saúde mental, o que muitas vezes acontece, mas não deixa de ser único.
Lembro dessa fase como se fosse ontem. Era tão leve em algumas partes, mas em outras eu realmente cogitava enfiar uma faca no meu próprio peito.
— Desse jeito os meninos vão achar que você é um homofóbico que vai bater neles na rua. — Ouvi a voz ao longe, mas ainda estava um tanto aéreo. — Gatinho? Está aqui, hum? Parece que sua alma foi embora e ficou só a casca.
— Hum? — Abaixei a cabeça e dei um sorriso envergonhado, apertando meus olhos e tomando um gole do café assim que percebi como havia me chamado. — Vai me chamar assim em público mesmo?
Respondeu com um sorriso e tornou a se sentar de frente para mim, agora começando a comer o que havia pedido.
— No que estava pensando? — Jung perguntou.
— Bem, nada demais. — Dei outra mordida no meu sanduíche. — Me deixe fazer uma pergunta óbvia. Você namorou muito na adolescência?
— Por que óbvia? — Me encarou após jogar o cabelo para trás, afastando as mechas que caíam sobre seus olhos. — Tenho cara de namorador, hum?
— Não é só a cara e você sabe disso. — Rebati.
O sorriso deixou seus olhos menores e só então notei que eles formavam duas bolsinhas embaixo sempre que ele sorria. Por que eu estava notando aquilo do nada? Ele é bonito, está certo, mas ficar notando detalhe ja é muita baitolisse para o meu gosto.
— Está prestando atenção no que eu estou dizendo? Parece que, de novo, sua alma foi passear e ficou só a casca. Acho que a falta de sono não te fez bem mesmo.
— Estava dizendo o quê? — Balancei a cabeça na intenção de afastar aqueles pensamentos intrusivos.
— Perdeu, eu contei tudo sobre como eu era o maior comedor da escola e fiz uma suruba com três caras e duas meninas na sala de aula bem na hora do intervalo. — Deu um sorriso convencido.
— Hum, eu não duvido nada.
— Ai, credo, não esboçou nem um susto. Tenho medo das coisas que você já viveu na adolescência, marginalzinho. — Encheu a colher com arroz e carne, colocando na boca e mastigando logo depois. — Antes de você ir parar na Etiópia, eu estava dizendo que eu era nerd e não pegava ninguém na escola.
Levantei uma das sobrancelhas. — Nem fodendo. Você acha que engana quem?
— É sério! Desde que entrei no ensino médio eu já sabia o que queria ser. Então eu estudava igual uma vagabunda, não só as matérias da escola, mas principalmente o que caía nas provas de concurso para a polícia. Passei meus três anos de ensino médio estudando e treinando na academia para conseguir passar de primeira quando fosse prestar o exame.
Apoiei o cotovelo sobre a mesa e descansei o rosto sobre minha própria mão, o olhando com certa admiração após ouvir tal história. — É sério mesmo? — Questionei com um misto de surpresa e com um sorriso no rosto. — Isso é legal pra caralho, agora eu tenho um tantinho de admiração por você.
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Best of me (Yoonseok)
RomanceO silêncio tomou o veículo e só quando paramos no sinal que eu dei uma olhada pelo retrovisor e consegui enxergar o rosto do policial iluminado pela luz branca de um poste mais à frente. Puta merda, foi esse cara que me debruçou no capô do carro e m...