Best of me (Yoonseok)

29 - Meu solzinho

   Alguns dias haviam se passado depois de tudo aquilo. Novamente, eu parecia estar me afogando dentro de mim mesmo. Tudo parecia cinza, melancólico e difícil. Desde a adolescência eu tinha esse tipo de recaída e nunca sabia quando elas poderiam vir e o quanto iriam durar. As vezes dias, semanas ou até meses.

Sequer peguei no celular, afinal eu sabia que teriam mensagens e ligações de Hoseok. Até comer era difícil, os mais básicos hábitos de higiene também se tornavam um sacrifício. Normalmente eu bebia álcool ou fumava para aliviar essas sensações e ter melhora momentânea, mas desde a cirurgia que eu não os tinha em casa. Sexo também trazia um prazer de momento, mas nem isso eu tinha vontade de fazer mais.

Ouvi batidas na porta do meu quarto e cobri meu rosto com as mãos, já imaginando ser Namjoon me chamando para comer, tentando me animar chamando para assistir um filme ou então fazer qualquer outra coisa que não fossse passar os dias trancado e deitado na cama desejando acabar com a minha própria vida para por fim naquela sensação de vazio que me engolia a cada dia mais.

Destranquei a porta. — Namu, eu não quero comer nada, por favor. Eu sei que está preocupado, mas vai ficar tudo bem, em algum momento vai. — Com a cabeça baixa, falei mais para mim mesmo, tentando acreditar naquele fio de esperança que dias melhores viriam até mim em algum momento. Sem um pingo de energia, voltei a deitar na cama e me cobri com o edredom. — Fecha a porta, por favor.

— Yoongie... — Ouvi a voz preocupada de Hoseok e um nó se formou em minha garganta, prestes a me sufocar.

— Yoonie, eu disse que você precisava ficar sozinho, mas ele insistiu em te ver. Não fica bravo comigo. — Kim se afastou e fechou a porta do quarto apenas com Hoseok e eu lá dentro.

— Desculpe vir sem avisar, meu bem, mas você não atendia minhas ligações e nem respondia as mensagens. Estava preocupado contigo.

— Sai daqui. — Falei em tom choroso e cobri meu rosto com o edredom, me virando de costas para a porta. — Não quero que me veja assim, sai.

Ouvi passos em minha direção. — Yoongie, por favor. — Puxou o edredom com delicadeza, descobrindo minha cabeça e deixando um carinho em meus cabelos. — Já faz mais de uma semana que eu não te vejo, gatinho. Olha para mim.

Meus olhos transbordaram e eu me virei para fazer contato visual, sentando na cama e me sentindo envergonhado com o meu próprio estado. — Estou deplorável, era melhor que continuasse sem me ver.

— Como eu poderia te ajudar se não te visse, amor? — Jung colocou as mãos por baixo das minhas axilas, puxando-me para o seu colo como um pai fazia com o filho ainda criança. — Quer me contar como está se sentindo? O que aconteceu?

Envolvi seu tronco com meus braços, desfrutando de uma sensação relaxante ao sentir seu perfume já conhecido.

Meus lábios tremeram e senti os olhos cheios, quase transbordando. Nem eu mesmo entendia o motivo de me sentir assim, então explicar para alguém era extremamente difícil.

— Não sei como explicar. — Afundei o rosto em seu peito. — Eu tenho depressão, Jung e já faz alguns anos. — Apertei o tecido de sua camisa. — Eu só queria ser um pouco mais feliz. Será que é egoísmo meu pedir por isso? Eu tenho muito medo de perder você por causa disso. Você é um homem jovem, bonito e gentil. É tão perfeito que as vezes eu tenho medo de ser só uma invenção da minha mente. Eu tenho medo de você ir para longe de mim, mas eu não te julgaria se fosse. Existem tantas pessoas melhores e que te fariam muito mais feliz e te dar muito mais do que eu poderia sonhar em te oferecer algum dia.

Eu poderia comparar a nossa relação perfeitamente como uma borboleta e um jardim. Jung era a mais bela das borboletas e poderia escolher qualquer jardim florido que quisesse, mas escolheu o meu jardim que mal tinha flores para ele polinizar. E se, algum dia, ele percebesse que eu não tinha nenhuma única flor bonita para atraí-lo e fazê-lo continuar voando no meu jardim triste e cinzento? E se ele fosse atrás de outros inúmeros jardins bonitos e cheios de flores coloridas?